test banner

OPERAÇÃO » Esquema desviou R$ 100 milhões

Ação entre a polícia, o Ministério Público e a Controladoria-Geral da União prende ex-dirigentes da área de transportes acusados de desvio de dinheiro público. A verba deveria ser usada na profissionalização e no treinamento de pessoal.

Por: Kelly Almeida - Correio Braziliense - 20/09/2014

 (Breno Fortes/CB/D.A Press)

Na casa de Maria Tereza Pantoja, no Setor de Mansões Dom Bosco, a polícia apreendeu documentos e carros de luxo: suspeita de liderar o esquema (PCDF/Divulgação)
Na casa de Maria Tereza Pantoja, no Setor de Mansões Dom Bosco, a polícia apreendeu documentos e carros de luxo: suspeita de liderar o esquema


Parte dos R$ 2 milhões apreendidos em espécie foi recolhido em um imóvel do Sudoeste  (Ed Alves/CB/D.A Press)
Parte dos R$ 2 milhões apreendidos em espécie foi recolhido em um imóvel do Sudoeste


Apenas uma mulher suspeita de desvios no Serviço Social do Transporte (Sest) e no Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte (Senat) não foi localizada durante a Operação São Cristóvão, deflagrada na manhã de ontem. Andressa Fontenelle dos Passos é considerada foragida. Ela e quatro presas são suspeitas de terem desviado R$ 100 milhões do sistema nos últimos anos, segundo a Polícia Civil do DF (leia Sob investigação). Também investigado, o ex-senador Clésio Andrade (PMDB), presidente da Confederação Nacional do Transporte (CNT), apresentou-se ao Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) horas depois de os policiais irem à casa dele e não o encontrarem. 

Com funções diferentes, mas com influência dentro dos órgãos federais, as acusadas tinham ajuda de laranjas, amigos e familiares para desviar verbas que deveriam ser utilizadas na profissionalização e no treinamento de profissionais da área de transporte do país. Elas eram monitoradas desde o ano passado, quando a Controladoria-Geral da União (CGU) identificou irregularidades nas folhas de pagamento. Entre 2011 e 2012, período investigado, foram R$ 20 milhões. Mas, segundo a polícia, a quantidade pode ser cinco vezes maior, já que elas agiam havia muitos anos. 
As mulheres foram surpreendidas em casa nas primeiras horas da manhã. Policiais do DF também foram a Belo Horizonte (MG). A Justiça determinou a condução coercitiva do ex-senador Clésio Andrade, já que ele dirigia o sistema na época dos desvios. Ele não estava em casa, mas se apresentou ao MPMG por volta das 16h. Foi liberado após prestar esclarecimentos. O presidente da CNT negou envolvimento no esquema e prometeu abrir uma sindicância interna para apurar o caso.


Força-tarefa no DF e 
em Minas


Em alusão ao santo protetor dos motoristas, a Operação São Cristóvão foi uma força-tarefa da Polícia Civil do Distrito Federal, do Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT) e da Controladoria-Geral da União (CGU). Ontem, às 6h, cerca de 200 policiais, promotores e representantes da CGU e da Receita Federal cumpriram 21 mandados de busca e apreensão, cinco de prisão e 21 de conduções coercitivas no DF e em Minas Gerais. Com apoio de helicópteros, visitaram endereços em áreas nobres, como Lago Sul, Jardim Botânico, Sudoeste, Asa Sul e outros.
Comandada por investigadores da Delegacia de Repressão ao Crime Organizado (Deco) e pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do MPDFT, a ação levou quatro mulheres para a prisão e 19 para prestar depoimento. Na casa dos suspeitos, promotores e policiais recolheram objetos que podem ajudar ressarcir o prejuízo causado pelos desvios, mas também apreenderam computadores e documentos. O único prédio público alvo dos investigadores foi o edifício da Confederação Nacional do Transporte (CNT), no Setor de Autarquias. Nenhum funcionário foi autorizado a subir no prédio. 

Todo o material apreendido foi levado para o Departamento de Polícia Especializada (DPE), ao lado do Parque da Cidade. O volume de apreensões foi tão grande que, até o fim da tarde de ontem, os policiais ainda não tinham conseguido fazer o balanço de tudo que havia sido recolhido. As quatro mulheres presas também foram levadas para o DPE. Prestaram esclarecimentos e devem ficar detidas por até cinco dias. A reportagem tentou falar com representantes do Sest/Senat e das acusadas, mas não teve resposta até o fechamento desta edição. (KA)

Postar um comentário

Postagem Anterior Próxima Postagem