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Réveillon suspenso incomoda o Planalto

PT teme que a crise no GDF e a possibilidade de a festa de fim de ano ser cancelada esvaziem a posse da presidente em 1º de janeiro.

O Palácio do Planalto está preocupado com a possibilidade de o Governo do Distrito Federal, comandado por Agnelo Queiroz, do PT, encerrar os quatro anos de governo sem conseguir organizar uma festa de réveillon na Esplanada. A ausência da celebração popular na noite de 31 de dezembro poderá, na avaliação da cúpula petista e do governo, esvaziar a festa de posse de Dilma Rousseff — diplomada ontem no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) — como presidente reeleita na tarde do dia 1º.

Os correligionários da presidente já estavam se preparando para lotar a Esplanada no dia da posse, como adiantou o Correio no último domingo, para evitar a presença de manifestantes que já se organizam nas redes sociais para protestar contra o Planalto por causa do escândalo da Petrobras. Não contavam com a crise local. O Governo do Distrito Federal não sabe se conseguirá organizar a tradicional festa de ano-novo com as queimas de fogos de artifício e atrações musicais porque está afundado em uma crise financeira e com o réveillon emperrado após questionamentos feitos pelo Ministério Público de Contas (MPC).

 Para contornar o problema, o PT nacional está disposto, inclusive, a organizar uma festa na virada para entreter as caravanas de militantes que virão do Nordeste para comemorar mais quatro anos da legenda no poder. Ontem, durante café da manhã de despedida com os jornalistas após 12 anos no governo federal — ele assumirá a presidência do Conselho Nacional do Serviço Social da Indústria (Sesi) —, o ministro Gilberto Carvalho afirmou que, se o corte de gastos no orçamento do GDF atingir a festa de virada do ano, o próprio PT promoverá uma festa na Esplanada. A ideia do partido e do governo é mostrar que a presidente tem respaldo popular para abafar a manifestação “daqueles que querem deslegitimar o governo”.

“O GDF está se empenhando para fazer um réveillon, que não está nada fácil dada a situação econômica”, disse. Segundo o ministro, a festa da virada de ano é importante porque muitos militantes chegarão no dia anterior. “Se não houver o réveillon do GDF, nós faremos um bailão na Esplanada, na praça (dos Três poderes) ou no gramado”, disse o ministro. 

Fazer a festa de réveillon está cada vez mais difícil para o GDF, sobretudo depois que o Ministério Público de Contas entrou com uma representação no Tribunal de Contas do DF (TCDF) pedindo que o pregão eletrônico n° 23/2014, anunciado no último dia 10 para contratar empresas que organizem o evento, seja suspenso. O TCDF determinou a paralisação do contrato, estimado em R$ 1,6 milhão, até que a Secretaria de Turismo da capital se manifeste em relação aos questionamentos do Ministério Público de Contas.

Entre outros problemas, o MP aponta que o DF “vive um cenário de desequilíbrio das contas públicas, caracterizado pelas seguintes circunstâncias: dificuldades para cumprir compromissos assumidos com fornecedoras, ausência de pagamentos a concessionárias que operam o sistema de transporte público e descumprimento do prazo para quitação da folha de pagamentos dos servidores das secretarias de Educação e Saúde”. O órgão chama a atenção para o elevado risco de atropelo da Lei de Responsabilidade Fiscal.

DespachoEm despacho singular, na noite da última segunda-feira, o conselheiro do TCDF Paulo Tadeu (ex-secretário de Agnelo), que recebeu a representação, determinou que o pregão seja suspenso e deu cinco dias para a Secretaria de Turismo responder se há recursos para a festa de réveillon e se eles não serão usados em detrimento de outras áreas essenciais. O Correio tentou contato com a pasta, mas não houve retorno. O TCDF informou que, até a noite de ontem, não havia chegado nenhuma resposta da secretaria. 

A cerimônia de posse de Dilma também servirá para apagar a imagem — popularizada ao longo dos primeiros quatro anos de governo — de que ela não tem interlocução com os setores sociais. Como uma forma de agradecimento ao empenho da militância petista durante o período eleitoral, o Planalto fez questão de convidar lideranças sociais para assistir à cerimônia posse dentro do Palácio do Planalto. Elas também participarão do coquetel que ocorre no Itamaraty após a cerimônia.

“Estamos procurando fazer da posse um grande momento de agradecimento à militância pelo seu empenho na campanha, um reconhecimento, tanto que os convites formais estão sendo feitos para estarem aqui dentro do Planalto, assim sejam entidades empresariais e dos trabalhadores, mas com destaque muito particular para as entidades sociais por conta do papel que elas tiveram na campanha”, enfatizou o ministro.

De acordo com Carvalho, estão sendo organizadas caravanas no Brasil inteiro, mas, principalmente, no Centro-Oeste, para trazer militantes para a posse. “Importante é que a praça esteja com um número grande de pessoas. (...) Achamos que, se botarmos só 10 mil pessoas na praça, é um convite para que o outro lado faça uma provocação. Se botarmos bem mais gente que isso, eu duvido que alguém vai querer fazer alguma provocação”, justificou.

Seguindo a tradição, antes e após o evento oficial, a Esplanada será tomada por eventos culturais. O ministro informou que o partido já fechou com o cantor Chico César e está em contato com outros artistas, como o rapper GOG. “Isso é o PT que faz, o PT que banca. E há um esforço do movimento sindical e social em organizar essas caravanas e financiar os seus próprios ônibus para trazer o pessoal”, emendou.



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Por: Grasielle Castro - Renata Mariz - Paulo de Tarso Lyra . Correio Braziliense - 19/12/2014

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