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À QUEIMA-ROUPA : Mauro Cézar Lima Diretor da Penitenciária do Distrito Federal (Papuda)


As autoridades italianas tinham receio de extraditar o ex-diretor do Banco do Brasil Henrique Pizzolato, condenado no processo do mensalão, porque consideravam a situação das penitenciárias brasileiras um risco. Como será o tratamento se ele vier para Brasília?
Não conheço o sistema penitenciário italiano, mas posso afirmar, com toda a convicção, que, se ele vier para PDF1, onde cumprem pena os detentos em regime fechado, o direito dele será respeitado. Ele só vai perder o direito de ir e vir, mas será tratado com dignidade e terá a integridade física preservada. O sistema penitenciário do DF ainda não é o ideal, mas está longe da situação de outros no país.

Como será a rotina de Pizzolato?
Se ele vier, será tratado como todos os demais detentos. O preso tem banho de sol duas horas por dia, visita semanal e quatro refeições por dia. Ele também poderá buscar um conhecimento por meio de qualificação profissional. Temos oficinas como padaria, metalúrgica e costura. Ele poderá ter a remissão da pena se optar por algum desses cursos.

Há risco para a integridade dele?
Temos uma classificação e um critério muito rígidos para os presos. Quem tem certo patrimônio intelectual ou financeiro fica com outros com o mesmo perfil. Não temos registro de tortura, extorsão e temos várias alas com segurança.

Ele terá algum benefício que outros presos não têm?
Não. Regalia zero. Mas poderá cumprir a sua pena com dignidade, como os demais 3,5 mil detentos. Se o objetivo for regalia, não terá.

O banho é frio?
É, sim. Mas isso é uma questão de segurança para os próprios detentos.

Há relatos de corrupção na cantina dos presídios no DF. Já foi comprovado?
Todas as penitenciárias têm uma cantina e esse tipo de denúncia. Eu, como delegado de polícia, como diretor do PDF1, advogo o seguinte: o dinheiro não pode circular no sistema penitenciário. Dinheiro tem que ser vetado, igual droga. Os presos têm que usar cartão de débito. Temos fiscalizado bastante a entrada desse tipo de coisa, mas infelizmente algumas grávidas usam a prerrogativa de não poderem ser revistadas para entrar com todo tipo de mercadoria nas cavidades.

Como lidar com o estresse de uma vida administrando um presídio que abriga 3,5 mil detentos?
Tenho a minha válvula de escape. Sou atleta. Corro. O que me motiva é ver que há alguns presos que estão lá para cumprir a pena com dignidade e voltar para a vida. Acredito na ressocialização.


Fonte: Coluna “Eixo Capital” – Por: Ana Maria Campos – Correio Braziliense 

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