R$ 1,2 milhão Prejuízo estimado das vítimas do decorador Netto Galvão 58 noivas Registraram ocorrência na 3ª Delegacia de Polícia (Cruzeiro) até ontem.
O nome do decorador suspeito de aplicar desfalques
milionários em noivas brasilienses deve aparecer na lista de procurados
internacionais quando a Justiça decretar a prisão preventiva dele. Fornecedores
também reclamam de dívidas
Depois de ter aplicado golpe em mais de 100 noivas
no Distrito Federal e deixado uma dívida avaliada em mais de R$ 1,2 milhão, o
decorador de eventos Chrisanto Lopes Netto Galvão foi indiciado por
estelionato. A Polícia Civil pediu à Justiça a prisão preventiva do suspeito,
que, ao fechar as portas da empresa, na última quinta-feira, embarcou para a
França. Nesse caso, o nome do empresário deve ser incluído na lista dos
procurados pela Interpol, o que quer dizer que ele será considerado foragido
não somente no Brasil, mas também no exterior. Dos contratos fechados, 58
noivas registraram ocorrência contra Galvão, que ainda deixou prejuízos para
fornecedores de Brasília e de Goiânia.
Com casamento marcado para o próximo sábado, a
médica Lorena Carneiro, 33 anos, acelera para ter a decoração da cerimônia. O
evento está previsto para a Catedral de Brasília, e a recepção, para uma casa
de eventos do Setor de Clubes Sul. Há um ano, a noiva fechou o contrato de R$
45 mil para ter os serviços de Netto Galvão. As boas recomendações de outros
contratantes fizeram com que ela optasse pela empresa, que fica Quadra 303 do
Sudoeste. Assim como muitos casais, Lorena fez o pagamento à vista. “Um
funcionário me ligou informando que a empresa tinha sido fechada. Fiquei
assustada, não imaginava viver essa situação”, contou (leia Depoimento).
“Isso é roubo”
A também médica Ana Catarina Araújo, 30 anos, foi uma das últimas a fechar contrato com o decorador. Em uma das visitas ao escritório, ela percebeu que havia poucos móveis e o questionou. Netto Galvão afirmou que estava mudando o mobiliário. Mesmo assim, a noiva fechou o contrato com um ano de antecedência para o casamento marcado para 23 de abril de 2016. Os R$ 26 mil foram pagos à vista, três dias após as negociações. “Todos falavam bem dele. Os administradores de salões de festas, e os cerimonialistas o indicavam”, comentou Ana. “Ele é mau caráter. Creio que tudo que fez foi pensado, pois fechou contrato comigo há três semanas, sabendo que não poderia prestar o serviço. Isso é roubo, não tem outra palavra.”
Netto Galvão não agiu diferente com os fornecedores. Ficaram muitas dívidas. Sócio de uma empresa de locação de mobiliário para eventos, Diogo Eterno Amorim Santo calcula um prejuízo de R$ 39 mil. “Ele tinha 31 festas agendadas comigo. Jamais pensei que uma pessoa com tantas reservas e com tantas festas organizadas para a alta sociedade de Brasília poderia fazer isso. Já tinha ouvido falar que ele não estava bem de dinheiro, mas não acreditava, porque ele continuava a fazer eventos”, disse. Há mais de dois anos, o estabelecimento Diogo era fornecedor de Netto Galvão.
Alguns deles também deixaram de prestar serviço à empresa do decorador devido a dívidas. Há quase dois anos, uma firma de móveis de Aparecida de Goiânia não trabalhava com o empresário. Os débitos ultrapassam os R$ 45 mil. Em uma tentativa de cobrança, Netto Galvão ameaçou funcionários do estabelecimento. “Ele disse que não pagaria porque não tinha dinheiro e, sim, porque era um ‘caloteiro’. Há menos de dois meses, ele veio aqui e ameaçou funcionários, dizendo que atiraria em todos. Estamos com receio”, comenta uma gerente que não quis se identificar.
A 3ª Delegacia de Polícia (Cruzeiro) investiga o caso. A delegada-chefe da unidade, Cláudia Alcântara, esclareceu que o decorador responderá por cada um dos inquéritos abertos. “É um claro estelionatário. Quando ele recebeu os valores, sabia que não poderia prestar o serviço. Ele quis tirar vantagem sobre o sonho de várias noivas”, comentou. Além de ser indiciado por estelionato, com pena que varia de 1 a 5 anos, Netto Galvão pode ser processado por crime contra a ordem tributária, pois nenhum dos contratos apresentados pelas noivas tinha nota fiscal.
“Isso é roubo”
A também médica Ana Catarina Araújo, 30 anos, foi uma das últimas a fechar contrato com o decorador. Em uma das visitas ao escritório, ela percebeu que havia poucos móveis e o questionou. Netto Galvão afirmou que estava mudando o mobiliário. Mesmo assim, a noiva fechou o contrato com um ano de antecedência para o casamento marcado para 23 de abril de 2016. Os R$ 26 mil foram pagos à vista, três dias após as negociações. “Todos falavam bem dele. Os administradores de salões de festas, e os cerimonialistas o indicavam”, comentou Ana. “Ele é mau caráter. Creio que tudo que fez foi pensado, pois fechou contrato comigo há três semanas, sabendo que não poderia prestar o serviço. Isso é roubo, não tem outra palavra.”
Netto Galvão não agiu diferente com os fornecedores. Ficaram muitas dívidas. Sócio de uma empresa de locação de mobiliário para eventos, Diogo Eterno Amorim Santo calcula um prejuízo de R$ 39 mil. “Ele tinha 31 festas agendadas comigo. Jamais pensei que uma pessoa com tantas reservas e com tantas festas organizadas para a alta sociedade de Brasília poderia fazer isso. Já tinha ouvido falar que ele não estava bem de dinheiro, mas não acreditava, porque ele continuava a fazer eventos”, disse. Há mais de dois anos, o estabelecimento Diogo era fornecedor de Netto Galvão.
Alguns deles também deixaram de prestar serviço à empresa do decorador devido a dívidas. Há quase dois anos, uma firma de móveis de Aparecida de Goiânia não trabalhava com o empresário. Os débitos ultrapassam os R$ 45 mil. Em uma tentativa de cobrança, Netto Galvão ameaçou funcionários do estabelecimento. “Ele disse que não pagaria porque não tinha dinheiro e, sim, porque era um ‘caloteiro’. Há menos de dois meses, ele veio aqui e ameaçou funcionários, dizendo que atiraria em todos. Estamos com receio”, comenta uma gerente que não quis se identificar.
A 3ª Delegacia de Polícia (Cruzeiro) investiga o caso. A delegada-chefe da unidade, Cláudia Alcântara, esclareceu que o decorador responderá por cada um dos inquéritos abertos. “É um claro estelionatário. Quando ele recebeu os valores, sabia que não poderia prestar o serviço. Ele quis tirar vantagem sobre o sonho de várias noivas”, comentou. Além de ser indiciado por estelionato, com pena que varia de 1 a 5 anos, Netto Galvão pode ser processado por crime contra a ordem tributária, pois nenhum dos contratos apresentados pelas noivas tinha nota fiscal.
Entenda o caso - Golpe e fuga para Paris
O que era para ser a realização de um sonho se transformou em caso de polícia na última quinta-feira, quando várias noivas com casamento marcado procuraram as delegacias do Distrito Federal, principalmente a 3ª DP (Cruzeiro). As vítimas registraram ocorrência contra a empresa de decoração e fotografia de eventos Chrisanto Lopes Netto Galvão, na Quadra 303 do Sudoeste.
Sob a alegação de um suposto golpe, elas afirmaram que a firma teria fechado as portas e que, depois disso, Galvão desapareceu e não atendia as ligações telefônicas ou respondia mensagens. Naquele dia, as noivas teria recebido uma carta eletrônica, supostamente enviada por ele, alegando problemas psicológicos e falência, o que fez com que elas reagissem e procurassem as autoridades. Muitas delas estão com casamentos marcados para este mês e depositaram valores à vista para o decorador.
As investigações da 3ª DP apontam que cerca de 100 pessoas teriam sido lesadas. A Polícia Federal confirmou que Netto Galvão embarcou para Paris no último dia 6.
Depoimento - “Não verei mais esse dinheiro”
“O Netto Galvão fez a decoração de um
casamento de uma amiga em 2011. Gostei do serviço, achei tudo de muito bom
gosto e resolvi buscar viver isso no meu casamento. Há um ano, quando comecei a
fechar os primeiros contratos da cerimônia, procurei a empresa dele. Antes
disso, também fiz contatos com outros estabelecimentos de decoração, mas o
Netto tinha o dom de cegar. Ele dizia que o meu casamento seria perfeito e que
eu poderia ficar tranquila. O que me dava segurança é que ele era conhecido
como um dos melhores decoradores da capital. Ele também me ofereceu um valor
menor do que o oferecido no mercado. Fechei o contrato e paguei R$ 45 mil à
vista. Vou me casar neste sábado, na Catedral de Brasília, e fui pega de
surpresa com tudo isso. O Netto fez uma reunião comigo na última segunda-feira
falando que estava tudo esquematizado para o grande dia. Agora, fiquei com um
prejuízo e estou tendo de gastar mais para me casar. Acredito que não verei
mais esse dinheiro que o Netto me levou.”
(Lorena Carneiro, 33 anos, tem casamento marcado para o próximo sábado)
Fonte: Thiago Soares - Mariana
Laboissière - Correio Braziliense