Crise? Que crise? Negar a existência de problemas não é o
melhor meio de se livrar deles. Pelo menos, no caso atual, fica a evidência de
que diante da crise que se avoluma a cada dia, não há, por parte dos
dirigentes instalados nas diversas instâncias do Poder, qualquer talento
reconhecível e mesmo ânimo exemplar para traçar um plano de libertação do fosso.
Viver em
meio a crises, todas as sociedades, em todos os tempos, viveram. O perigo de
nossos infortúnios é maior quando nos damos conta de que nossas pretensas
lideranças não estão preparadas para liderar uma marcha da nação, se
posicionando na cabeça, apontando soluções, numa concertação rumo ao portal da
superação. Querem apenas tirar proveito. Querem poder para corromper.
Carecemos
de líderes. A população que foi para as ruas em diversas ocasiões recentes já
reconheceu a própria orfandade. Estamos sós em meio à tempestade. O que temos
pendurado nos diversos cabides da república é apenas pessoas comuns com
ambições particulares, cujo horizonte se esgota logo após satisfeitos os
múltiplos desejos íntimos.
Magnânimos
é o que nos falta. Altruístas é o que reclama urgente o cidadão. Precisamos de
líderes que vislumbrem a nação e não o próprio umbigo. Nos mais simples fatos
do dia a dia, fica patente o autismo de nossas autoridades, seu egoísmo.
Recebem o 13º salário, o mesmo que ameaçam negar aos aposentados. Da mesma
forma, para pacificar a base aliada, governo libera R$ 500 milhões em emendas
parlamentares.
A prática
vem quando faltam recursos em diversas áreas sensíveis do país. Qualquer um que
se der ao trabalho de ir à busca da origem da atual crise econômica que corrói
os empregos e a renda da população constatará que, a montante, onde é possível
ver o fundo do rio, o fator político é que determina a poluição da água na foz.
Não só na qualidade de políticos que perambulam pela República, mas, sobretudo,
na quantidade de partidos que lhe dão guarida. Na origem de nossa tragédia,
estão 32 partidos sedentos, recheados de filiados igualmente sedentos, aos
quais nem os 39 ministérios e a infinidade de secretarias dão conta de
atendê-los a contento.
No caso
do Poder Executivo, que abriga hoje a presidente eleita e mais impopular da
história do Brasil, filiada ao partido mais atolado em denúncias de crimes de
todos os tempos, falta tudo. Inclusive gente com juízo e que conheça o caminho
que leve à saída de emergência.
A frase que foi pronunciada
“Precisar
de dominar os outros
é precisar dos outros. O
chefe é um dependente.”
(Fernando
Pessoa)
Por: Circe Cunha – Coluna: “Visto, lido e ouvido” – Ari Cunha-
Correio Braziliense. Foto: Google