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Artista Lady Guedes: Convite à arte

"Quero ver o que as pessoas vão fazer com os meus desenhos. É muito legal saber que muita gente vai ter acesso ao meu talento e que a minha arte não está aqui à toa. Esse é o cerne do projeto" Fernanda Guedes, ilustradora 

A artista Lady Guedes quer viabilizar um livro de colorir diferente. Muito além da terapia antiestresse, ela incentiva que pessoas testem suas habilidades colorindo seus desenhos

Em traços escuros e bem marcados, Lady Guedes personifica as diferentes facetas humanas. A artista gosta de retratar o comportamento e as emoções, sobretudo, as femininas. Ela deixa transparecer feminilidade e força ao imprimir no pedaço de papel um pouco de sua energia. Desde que se entende por gente, Fernanda Guedes, 50 anos, que responde pelo nome artístico de Lady Guedes, gosta de ilustrar. O talento foi aos poucos direcionando o caminho profissional. Depois de fazer capas de revistas, propagandas publicitárias e streetart, ela se arriscou nos livros de colorir. O Exuberante Livro de Colorir aguarda colaboradores para sair do campo das ideias e ganhar o mundo das cores.

Em abril deste ano, cansada de ver nas livrarias a febre dos livros de colorir sem um toque moderno e urbano, Fernanda criou o próprio exemplar. “Muitas pessoas comentavam do meu traço, perguntavam por que não fazia algo parecido. Mas eu sentia falta de contemporaneidade e de desenho de gente. Então, foquei nisso”, explica. A partir dai, começaram a surgir as mulheres poderosas e as meninas incríveis, com roupas atuais, acessórios e cabelos cheios de estilo. Com o projeto, Fernanda quer criar uma comunidade em torno do universo colorido. E não tem relação com terapia antiestresse. Para ela, quem colore as ilustrações também é um artista. Os coloristas imaginam, combinam e preenchem cada espaço. Para uma mesma imagem, imaginam inúmeras interpretações. “O resultado pode valorizar o desenho, ressaltar um detalhe e, até mesmo, surpreender quem o criou”, comenta a artista.

Ao todo, Fernanda já produziu 60 ilustrações. Escolheu 28 para serem divididas entre a publicação impressa e  em uma espécie de grupo online: o Artistas da Cor. A artista iniciou uma vaquinha virtual no Catarse para viabilizar a impressão. Ao contribuir para a publicação do livro, você automaticamente começa a fazer parte da comunidade que semanalmente recebe desenhos por email. “Nada de spam. Nada de propaganda. Somente arte em preto e branco que você vai transformar em arte colorida. Imprima e pinte. Fotografe e compartilhe. Mostre ao mundo as suas cores”, define. “É uma ideia inovadora. Um conteúdo que normalmente seria pago. Uma nova maneira de me colocar como artista no mundo comercial. É uma comunidade que vou manter contato com as pessoas. Essas pessoas vão me manter desenhando. Quero que as pessoas perguntem, me vejam desenhando”, complementa.

Inspiração
Por 17 anos, Fernanda morou em Brasília e apesar de hoje não vir muito à capital do país, guarda ótimas lembranças, além de carregar no traço uma herança dos fins de semana no alto da Torre de TV. “Quase todo fim de semana meu pai me levava para ficar olhando a cidade. Eu adorava. Acho a estética de Brasília diferente de tudo o que já vi”, relembra. Para ela, a fluidez com que registra seus personagens no papel veio das linhas da cidade monumental. “As formas da capital encantam”, acrescenta.

Como um presente aos leitores e à cidade que guarda boas recordações, Lady Guedes fez um desenho em homenagem à Brasília. Nele, trouxe desenhos de Athos Bulcão, os Dois Candangos e flores do Cerrado. A ilustração trouxe mais uma ideia para a artista, fazer uma série com o tema cidade.

Fernanda se considera uma autodidata. “A única coisa que ajuda quem quer aprender a desenhar é praticar. Pesquisar, olhar o trabalho de outras pessoas, observar”, afirma. Foi assim que a artista definiu seu estilo. Nomes como a tia Creusa Oliveira, a primeira mulher a trabalhar como ilustradora no Brasil, na década de 1930, J.Carlos, Juarez Machado, Patrício Bisso e Pat Nagel integram a lista de referências da ilustradora. Hoje, o preto e o branco formam a marca registrada do trabalho de Lady Guedes. O objetivo retoma à ideia do projeto Artistas da Cor. Fernanda quer que os outros testem as habilidades colorindo seus desenhos. “Quero ver o que as pessoas vão fazer com os meus desenhos. É muito legal saber que muita gente vai ter acesso ao meu talento e que a minha arte não está aqui à toa. Esse é o cerne do projeto”, declara.

Chegar até esse momento nunca fez parte de um plano de Fernanda. Os passos foram dados de acordo com as oportunidades profissionais que chegaram.  No meio do percurso, ela fez ilustrações para o programa Saia Justa do canal GNT e para a revista Veja São Paulo. A artista só começou a se reconhecer como tal quando alguém, sem ser da família, comprou pela primeira vez uma de suas obras. Fernanda tinha cerca de 15 anos. Depois isso, os trabalhos da brasileira já rodaram o mundo. Foram expostos e publicados nos Estados Unidos, na Inglaterra, na Espanha, Austrália e no Japão.

Contribua Para o projeto de Lady Guedes sair do papel, você pode colaborar por meio do site: https://www.catarse.me/ladyguedes
Fonte: Roberta Pinheiro – Correio Braziliense – Foto: Minervino Junior/CB/D.A.Junior


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