Dentro do modelo de presidencialismo de coalizão a governabilidade só é estabelecida quando o capital eleitoral do presidente, traduzido pelo volume de votos, é convertido em capital político, ou seja, em apoios dentro do Legislativo. Trocando em miúdos, o presidente só governa se tiver apoio de uma base aliada.
De
um lado forma-se o fisiologismo, com a troca de favores entre ambas as partes,
dentro do princípio “é dando que se recebe”. De outro lado, favorece e
incrementa a prática, tornada corriqueira, da compra de apoios, pura e simples.
Em determinadas situações, como na atual, já não bastam a simples
participação da sigla na composição dos ministérios e estatais. É preciso mais.
Sempre mais. O mensalão e escândalos congêneres que se seguiram, tiveram suas
origens neste exato modelo.
A
crise, detonada pela mixagem de incúria e corrupção em larga escala, envolvendo
esse e outros parceiros, implodiu essa relação pouco republicana, lançando o
Executivo para um lado e Legislativo para outro oposto. Ambos, no entanto, para
o fundo do poço. Mais ágil e articulado, os mais experientes buscam saídas para
as crises.
Ao
governo, apanhado de calças curtas, com a mão na cumbuca, deixado à pé em pleno
deserto, resta entregar o restante das joias da coroa para livrar o pescoço.
Orbitando por fora ,esta a população alheia as tramoias dessa súcia, chamada
apenas a custear a construção do próprio cadafalso .
A frase que foi pronunciada:
“Eu dirijo e o
governo desvia.”
(No para-choque de
um caminhão na BR 005)
Por:
Circe Cunha – Coluna “Visto, lido e ouvido” – Ari Cunha – Correio Braziliense –
Foto/Ilustração: Google/Blog