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Corrupção nossa de cada dia

Por trás da atual crise econômica, que aflige as famílias brasileiras, principalmente as de baixa renda, está o fenômeno persistente e antigo da corrupção em todos os níveis. Muito mais do que a inaptidão e a incompetência dos gestores, a corrupção, sobretudo aquela incrustrada nas engrenagens da máquina pública, é a responsável direta pelo Estado paquiderme, gastador e dissipador da renda nacional. Não existem fórmulas econômicas eficazes e duradouras que sejam capazes de debelar a infestação provocada pela corrupção, enquanto não forem feitas mudanças na estrutura do Estado e no seu arcabouço jurídico, de forma não só a estancar a hemorragia do dinheiro do contribuinte, mas deter, na origem os desvios, quaisquer que sejam, mesmos os mais insignificativos.

Como repete o filósofo de Mondubim, quem rouba um centavo, rouba um milhão. O chamado roubo de formiguinhas, praticado na esfera pública e que consiste no singelo ato do funcionário levar para casa, papel, lápis, borracha, clips, tirar cópias particulares, e outras ações consideradas menores, resulta, em seu somatório, num imenso prejuízo para o erário. A esses pequenos grandes deslizes do cotidiano, somam-se a desfaçatez e o sem-cerimônia com que os representantes do povo se assenhoram do dinheiro público. Protegidos pelo odioso e necessário instituto do foro privilegiado, cobertos pelo manto de amigo da Justiça, por meio dos mais caros advogados do país e contando ainda com o espírito de corpo, nossos políticos são o que são e agem como agem por causa de um detalhe que passa quase imperceptível aos nossos olhos: eles são a nossa imagem.

Para tanto, foram alçados a essa posição por nossa vontade expressa. Nossos corruptos são tantos e tão variados que para cada um que a Justiça consegue por as mãos, outros tantos se apresentam para assumir o lugar. Uma vista rápida nos principais noticiários do país, dá conta da enormidade dessa gente e do grau de sofisticação com que agem. Cinquenta bilhões de reais, ou mais, escoam para o ralo todos os anos. As imagens dos arrastões nas praias cariocas no fim de semana, o desespero de turistas — querendo ir embora do país imediatamente — dão pequena mostra do que somos ou pelo menos do que nos permitimos ser.

A frase que não foi pronunciada
“Qualquer cidadão é parte legitima para propor ação popular”


Por: Circe Cunha – Coluna:”Visto, lido e ouvido” – Ari Cunha – Correio Braziliense – Foto/Ilustração: Google/Blog

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