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#CRISENOGDF » Ônibus, metrô, IPTU... Até o zoo fica mais caro

O governador Rodrigo Rollember com parte do secretariado durante anúncio de pacote de medidas para tentar conter an crise financeira do GDF (Foto: Raquel Morais/G1)
"Com lealdade e honestidade, eu me reuni com sindicatos para mostrar nossa situação financeira. Tomei essa decisão por absoluta necessidade. Não há possibilidade de pagar os salários neste ano com os reajustes. Defendo uma grande união por Brasília. Estamos cortando na própria carne e convidamos a todos a se unirem no nosso esforço" Rodrigo Rollemberg (PSB), governador do DF, em entrevista ao lado da governança para anunciar as medidas de cortes e aumento de receitas

Pacote de medidas duras atinge em cheio o bolso do contribuinte. São aumentos que chegarão ao dia a dia do cidadão, além de cortes e mudanças para os funcionários públicos. Vários ajustes dependem da aprovação da Câmara Legislativa

Depois de várias rodadas de reuniões nas últimas semanas, Rodrigo Rollemberg (PSB) pensou, perdeu noites de sono, digeriu a situação financeira e tomou as decisões que considera fundamentais para evitar um caos na máquina administrativa no fim do ano. Mas, quando se esperava que o pacote viria amargo para conter um rombo de R$ 3 bilhões, certamente poucos imaginavam que seria tão recheado de medidas impactantes na vida do cidadão. O resultado dessa reflexão foi o anúncio ontem de um amplo plano de ajuste fiscal que afeta a vida de cada morador da capital, sem exceção.

Para uma economia de R$ 480 milhões até dezembro, funcionários públicos terão o reajuste salarial cortado no contracheque do começo de outubro. Não dá nem para os funcionários de 32 categorias contarem com o aumento no contracheque a partir de 2016. “Com lealdade e honestidade, eu me reuni com sindicatos para mostrar nossa situação financeira. Tomei essa decisão por absoluta necessidade. Não há possibilidade de pagar os salários neste ano com os reajustes”, disse o governador. “Defendo uma grande união por Brasília. Estamos cortando na própria carne e convidamos a todos a se unirem no nosso esforço”, acrescentou.

A intenção de Rollemberg é começar a honrar esses compromissos em janeiro. Ele, no entanto, já deixou claro que o pagamento está condicionado à aprovação pela Câmara Legislativa de projetos que atingem o cidadão, como aumento de IPTU, ICMS, Contribuição de Iluminação Pública (CIP), Taxa de Limpeza Pública (TLP) e outros impostos.

Com menos dinheiro no bolso por causa desses aumentos que vão vigorar a partir de 2016, o cidadão passa a pagar, no próximo domingo, uma tarifa de ônibus e metrô, em média, 40% mais cara. Rollemberg, havia meses, era aconselhado a assinar o decreto com o reajuste das passagens, que estavam congeladas desde 2006. Mas resistia. Da mesma forma, ele evitava aumentar o preço dos restaurantes comunitários, criados em 2001 pelo então governador Joaquim Roriz. Há mais de 14 anos, os frequentadores pagavam R$ 1, a refeição. Agora, terão de desembolsar três vezes mais. Com um orçamento mais apertado, o cidadão ainda vai sofrer com uma conta mais salgada para se divertir. No Zoológico de Brasília, a entrada também foi reajustada de R$ 2 para até R$ 10.

Na carne
Rollemberg vai mexer no dia a dia de toda a população, mas não poupou tampouco a equipe e o próprio orçamento doméstico. O governador cortou em 20% o seu salário, do vice-governador, Renato Santana, de todos os secretários e dos administradores regionais. Quando comunicou ao primeiro e ao segundo escalões sobre a tesourada no contracheque, ninguém reclamou. Já na saída da reunião, no Palácio do Buriti, no entanto, começaram as críticas. Os mais próximos comentavam uns com os outros se valia a pena permanecer na equipe com a redução salarial, sem investimentos e possibilidade de executar projetos pela falta de dinheiro.

Muitos aliados de Rollemberg estavam inconformados com a redução de 24 para 16 secretarias. As cinco fusões de várias pastas devem deixar fora do governo coligados próximos, como os secretários de Turismo, Jaime Recena, e de Relações Institucionais, Marcos Dantas, respectivamente, presidente e vice-presidente regionais do PSB. A executiva do partido no DF convocou para hoje uma reunião com o intuito de defender a permanência dos dois dirigentes, assim como a de Marcos Pacco, secretário de Desenvolvimento Humano e Social.

Quando mais necessita de apoio político, Rollemberg terá de ser hábil como nunca no trato com deputados distritais, partidos e instituições. Na Câmara Legislativa, ele vai precisar de votos para aprovar medidas impopulares, quando há expectativa de manifestações contrárias do lado de fora do prédio. O reajuste da TLP está parado desde maio na Casa. A atualização da base de cálculo do IPTU sempre enfrentou resistências. Mas não é só a base parlamentar que deve ser convencida. Sindicatos que representam interesses dos servidores não vão aceitar facilmente o adiamento dos reajustes. Preparam paralisações, manifestações e questionamentos no Judiciário.

Para buscar um amplo pacto institucional, Rollemberg vai apresentar hoje os números do governo e as medidas de ajuste aos presidentes do Tribunal de Justiça, Getúlio Moraes, do Tribunal de Contas, Renato Rainha, e ao procurador-geral de Justiça do DF, Leonardo Bessa. Para ter sucesso no plano de equilibrar as contas públicas, Rollemberg terá de, enfim, convencer diversos atores da sociedade a aderirem ao “Pacto por Brasília” que pregou no início de sua gestão.

Apesar dos próximos capítulos com desgastes e reclamações, da aparência mais magra e abatida, Rollemberg estava determinado ontem. “O que não tem remédio, remediado está”, disse ao Correio sobre o tratamento de choque que teve de anunciar.

Uma dívida de
R$ 3 
bilhões
foi deixada pela gestão anterior, segundo cálculos do Buriti

Houve uma arrecadação
R$ 750 
milhões
menor em relação ao 
que foi previsto na Lei Orçamentária Anual

O GDF ainda briga por
R$ 1,2 
bilhão
de diferença do Fundo Constitucional recebido do governo federal

O gasto com pessoal chegou a
R$ 19 
bilhões
em 2015 e deve passar dos 
R$ 20 bilhões no ano que vem

O Tesouro local 
completou com
R$ 8,7 
bilhões
o valor do Fundo Constitucional — o transbordo para salários de Saúde, Educação e Saúde

Fonte: Ana Maria Campos – Correio Braziliense 



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