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Deputado Rogério Rosso: Carta a Levy

Sugerimos que Vossa Excelência, sem prejuízo dos ajustes, adote atitude de mais ‘positividade’ e menos ‘negatividade’, em franca sintonia com o setor produtivo

Prezado ministro Levy,

Reconhecemos seu esforço na busca de soluções para o difícil momento econômico que vive o país. Vossa Excelência, em fevereiro, definiu como valores indispensáveis para a sustentação do crescimento econômico”, quais sejam, a disciplina fiscal e a estabilidade de preços. Passados alguns meses, verificamos a deterioração de fundamentais indicadores e acentuada queda da atividade produtiva, com consequente aumento do ritmo do desemprego além de forte e constante queda da arrecadação federal, estadual e municipal.

Este cenário é também decorrente de contextos domésticos e externos (preços das commodities, China etc), mas essencialmente, no âmbito interno, de um conjunto de ações governamentais implantadas, por certo, em momento anterior à gestão de Vossa Excelência. Entretanto, mesmo com a sua notável determinação em equilibrar as contas públicas e promover a solidez fiscal, não evitamos a perda do grau de investimento do Brasil na classificação de crédito da Standard and Poor's, chamando a atenção da comunidade internacional para a fragilidade fiscal brasileira.

É notório o agravamento das circunstâncias, inclusive no campo político, em que pese a própria previsão deficitária do Orçamento da União para 2016 e as projeções de baixo crescimento ou recuperação. Vossa Excelência é testemunha de que temos procurado defender que somente conseguiremos reverter este quadro através da redução do gasto público, de uma ampla e exemplar reforma na máquina pública direta e indireta, do esforço governamental na manutenção de investimentos em projetos estruturantes, do estímulo à inovação e à produção de bens e serviços, da integração de programas governamentais de desenvolvimento econômico, social e de infraestrutura, do fomento aos micro e pequenos negócios, da expansão do crédito, do prioritário foco no agronegócio, industria, comércio e serviços, da urgente reforma da Previdência e da redução da atual taxa de juros, que ora inviabiliza qualquer iniciativa produtiva ou empreendedora.

Por outro lado, sugerimos que Vossa Excelência, sem prejuízo dos ajustes necessários, adote atitude de mais “positividade” e menos “negatividade”, em franca sintonia com o setor produtivo e suas demandas e desafios, na busca de um ambiente mais favorável aos negócios e à expansão das oportunidades. Este ano, nossa moeda teve uma das maiores desvalorizações frente ao dólar em todo o mundo — se por um lado essa paridade gera incertezas; de outro, clareiam oportunidades para expansão do mercado externo (exportações) e melhor aproveitamento do mercado interno face a substituição dos produtos importados. Vossa Excelência, juntamente com os demais responsáveis das áreas econômica e produtiva do governo, deveria chamar com urgência os principais segmentos da economia produtiva nacional e pactuar metas e objetivos de crescimento e produtividade.

Segundo os últimos dados da CNI, a indústria brasileira vive hoje um dos seus piores momentos de pessimismo e incertezas. Por isso, defendo que o governo interrompa esse “mantra da negatividade”, assumindo um discurso de “governo empreendedor”, parceiro das empresas brasileiras e do trabalhador. Perder capacidade produtiva e competitividade neste momento é colocar em risco décadas de trabalho, investimentos e centenas de milhares de postos de trabalho. Não se trata apenas de fazer “programas de incentivos”, mas assumir uma filosofia de “produzir, crescer e ajustar” e não apenas da atual linha de “ajustar... e o que sobrar reorganizar”.

O que está em jogo é a credibilidade, a confiança, nossa estabilidade econômica, política e institucional. Nossas vantagens competitivas, qualidade dos produtos, tecnologia e know-how devem ser consideradas e respeitadas. Sem o setor produtivo no eixo das discussões, a “travessia econômica” que estamos passando poderá atracar muito próxima da linda, histórica e emblemática Grécia. Humildade em reconhecer eventuais erros, sabedoria e competência para revertê-los em prol do povo brasileiro também estão entre os nossos maiores desafios. Continuamos confiando em Vossa Excelência.

(*) Rogério Rosso é deputado federal (PSD-DF)




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