Evento reúne food trucks de vários tipos de comida no DF (Foto: Associação Brasiliense de Foodtrucks/Divulgação)
Atualmente, o chefe tem sete funcionários com carteira assinada e uma cozinha industrial para produzir os alimentos. Ele disse que o grupo sai em média nove vezes por semana. “A gente para na segunda e temos seis dias para sair, desses seis dias obrigatoriamente temos que sair três no almoço e jantar e trabalhamos 18 horas por dia.”
Ele afirma que sem uma legislação para o setor, o trabalho é realizado com “um coeficiente de risco muito alto”. “A gente vai para a rua hoje sem saber se vai ter uma fiscalização para tirar a gente, sem saber se vamos estar incomodando ou não. A legislação vai trazer o conforto de saber onde pode parar, onde não vai incomodar, vai organizar as saídas de cada food truck. Hoje há uma bagunça muito grande.”
Executivo deve vetar proposta de deputado
aprovada em junho sobre tema. Órgãos e
associação são a favor de novo projeto; deputado fala em 'ciúmes'.
O governo do Distrito Federal deve enviar à Câmara Legislativa na semana que vem um projeto
de lei que pretende regulamentar a utilização de áreas públicas por food trucks
para o comércio de alimentos. Na última sessão do semestre na Casa, em 30 de
junho, o Legislativo aprovou proposta do deputado distrital Bispo Renato
Andrade (PR) sobre o tema, que deve ser vetada pelo Executivo.
Na época, as associações que representam o setor afirmaram não ter sido
consultadas e disseram que a lei não deve reunir modalidades diferentes. A
proposta do deputado era regulamentar em uma só lei a venda de alimentos em
food trucks, carrinhos, tabuleiros e barracas desmontáveis.
No entanto, desde o início do ano a Secretaria do Trabalho e do Empreendedorismo se reúne com representantes da Associação Brasiliense de Food Trucks, além de órgãos como o Detran, a Agefis, secretarias de Turismo, das Cidades e de Gestão Territorial e de Habitação, a Vigilância Sanitária, e administradores regionais, para discutir a redação de um projeto de lei de iniciativa do Executivo para a regularização das atividades do setor sem prejudicar o comércio.
O secretário Thiago Jarjour afirmou que o governo entendeu que se essa iniciativa partisse do Legislativo, haveria vício de iniciativa. “Alguns deputados envolvidos no assunto entenderam o trabalho do grupo e retiraram projetos que estavam tramitando na Casa em uma atitude bastante nobre e perguntaram se podiam fazer parte da discussão do grupo de trabalho”, disse.
No entanto, desde o início do ano a Secretaria do Trabalho e do Empreendedorismo se reúne com representantes da Associação Brasiliense de Food Trucks, além de órgãos como o Detran, a Agefis, secretarias de Turismo, das Cidades e de Gestão Territorial e de Habitação, a Vigilância Sanitária, e administradores regionais, para discutir a redação de um projeto de lei de iniciativa do Executivo para a regularização das atividades do setor sem prejudicar o comércio.
O secretário Thiago Jarjour afirmou que o governo entendeu que se essa iniciativa partisse do Legislativo, haveria vício de iniciativa. “Alguns deputados envolvidos no assunto entenderam o trabalho do grupo e retiraram projetos que estavam tramitando na Casa em uma atitude bastante nobre e perguntaram se podiam fazer parte da discussão do grupo de trabalho”, disse.
"Essa lei veio do nada, é 'ctrl c' e 'ctrl v' de uma
lei de São Paulo, que não está dando certo. A Vigilância Sanitária entende que
a lei não dá segurança, a mesma coisa sobre a ocupação de área pública. O
deputado acabou errando na forma como ele tratou o assunto."
(Thiago Jarjour - secretário do Trabalho e do Empreendedorismo)
Ele declarou que o projeto do parlamentar foi aprovado “no apagar das
luzes”. “Causou bastante descontentamento nas partes interessadas. Não coloco o
governo como parte interessada, mas o grupo de trabalho colocou a discussão com
a Abrasel, o Sindobar e a associação.”
Jarjour falou que o grupo de trabalho decidiu por unanimidade pedir o veto do projeto ao governador. “Essa lei veio do nada, é 'ctrl c' e 'ctrl v' de uma lei de São Paulo, que não está dando certo. A Vigilância Sanitária entende que a lei não dá segurança, a mesma coisa sobre a ocupação de área pública. O deputado acabou errando na forma como ele tratou o assunto. É mais uma prova de que se constrói leis sem ouvir partes interessadas, é uma lei furada.”
Bispo Renato afirmou ao G1 que o possível veto é “por puro ciúmes”. “Disseram que estavam fazendo um projeto há seis meses, mas esse projeto nosso está tramitando na Câmara aproximadamente há tres anos. Esse projeto já é lei em São Paulo e não tem nada de anormal. Ele poderia ser construído em conjunto com o Executivo, eles poderiam aprovar o projeto e conversaríamos algumas mudanças em vez de vetar.”
O deputado contou que vai trabalhar para derrubar o veto. “Vamos buscar os parceiros dentro da Câmara e convencer que o projeto é importante para a cidade. Não existe em Brasília associação registrada em cartório e o governador está ouvindo a associação que não é registrada em vez de ouvir deputados.”
A Associação Brasiliense de Food Trucks declarou que, diferente da fala de Bispo Renato, a entidade é registrada em cartório desde o final do primeiro semestre deste ano.
Jarjour falou que o grupo de trabalho decidiu por unanimidade pedir o veto do projeto ao governador. “Essa lei veio do nada, é 'ctrl c' e 'ctrl v' de uma lei de São Paulo, que não está dando certo. A Vigilância Sanitária entende que a lei não dá segurança, a mesma coisa sobre a ocupação de área pública. O deputado acabou errando na forma como ele tratou o assunto. É mais uma prova de que se constrói leis sem ouvir partes interessadas, é uma lei furada.”
Bispo Renato afirmou ao G1 que o possível veto é “por puro ciúmes”. “Disseram que estavam fazendo um projeto há seis meses, mas esse projeto nosso está tramitando na Câmara aproximadamente há tres anos. Esse projeto já é lei em São Paulo e não tem nada de anormal. Ele poderia ser construído em conjunto com o Executivo, eles poderiam aprovar o projeto e conversaríamos algumas mudanças em vez de vetar.”
O deputado contou que vai trabalhar para derrubar o veto. “Vamos buscar os parceiros dentro da Câmara e convencer que o projeto é importante para a cidade. Não existe em Brasília associação registrada em cartório e o governador está ouvindo a associação que não é registrada em vez de ouvir deputados.”
A Associação Brasiliense de Food Trucks declarou que, diferente da fala de Bispo Renato, a entidade é registrada em cartório desde o final do primeiro semestre deste ano.
"Atualmente o maior problema que temos é que muita
gente vem na onda da moda e não sabe o que realmente é um foodtruck, qual o
conceito, o que diferencia e tem gente vindo com produtos ruins, sem segurança
alimentar e isso prejudica muito o mercado.”
(Miguel Lopes - presidente associação)
Novo
projeto
Jarjour explica que a proposta trata exclusivamente de food trucks, conceituando o serviço a partir de critérios da Vigilância Sanitária de segurança alimentar e manipulação de alimentos. A pessoa que quiser ter um food truck terá que passar por uma série de inspeções de diferentes órgãos, informou.
Se aprovada, a lei vai determinar também como será a distribuição de espaços e a ocupação de áreas públicas. Os empresários terão que apresentar um plano de ocupação e as administrações regionais serão responsáveis por aprová-lo, tentando evitar principalmente conflito entre os donos dos foodtrucks e comerciantes estabelecidos de forma fixa.
“Qualquer atividade econômica nova ou qualquer seguimento promissor sem regulamentação fica solto. Não queremos regulamentar para burocratizar, até porque a própria associação tem o entendimento que a regulamentação é boa para todos", disse.
"A gente tem que incentivar novos setores de empreendedorismo, esses trucks empregam em média três a quatro pessoas, estão gerando empregos, são empreendedores, recolhem impostos, movimentam a economia da cidade e querendo ou não, eles dão vida à cidade.”
O presidente da Associação Brasiliense de Foodtrucks, Miguel Lopes, afirmou que a regulamentação do serviço “é essencial”. “Atualmente o maior problema que temos é que muita gente vem na onda da moda e não sabe o que realmente é um foodtruck, qual o conceito, o que diferencia e tem gente vindo com produtos ruins, sem segurança alimentar e isso prejudica muito o mercado.”
Jarjour explica que a proposta trata exclusivamente de food trucks, conceituando o serviço a partir de critérios da Vigilância Sanitária de segurança alimentar e manipulação de alimentos. A pessoa que quiser ter um food truck terá que passar por uma série de inspeções de diferentes órgãos, informou.
Se aprovada, a lei vai determinar também como será a distribuição de espaços e a ocupação de áreas públicas. Os empresários terão que apresentar um plano de ocupação e as administrações regionais serão responsáveis por aprová-lo, tentando evitar principalmente conflito entre os donos dos foodtrucks e comerciantes estabelecidos de forma fixa.
“Qualquer atividade econômica nova ou qualquer seguimento promissor sem regulamentação fica solto. Não queremos regulamentar para burocratizar, até porque a própria associação tem o entendimento que a regulamentação é boa para todos", disse.
"A gente tem que incentivar novos setores de empreendedorismo, esses trucks empregam em média três a quatro pessoas, estão gerando empregos, são empreendedores, recolhem impostos, movimentam a economia da cidade e querendo ou não, eles dão vida à cidade.”
O presidente da Associação Brasiliense de Foodtrucks, Miguel Lopes, afirmou que a regulamentação do serviço “é essencial”. “Atualmente o maior problema que temos é que muita gente vem na onda da moda e não sabe o que realmente é um foodtruck, qual o conceito, o que diferencia e tem gente vindo com produtos ruins, sem segurança alimentar e isso prejudica muito o mercado.”
Público em evento que reuniu food trucks no Distrito Federal (Foto: Associação Brasiliense de Foodtrucks/Divulgação)
De acordo com
Lopes, último levantamento da associação aponta que existem entre 100 a 120
food trucks na capital federal, mas somente 50 são registrados na associação.
Eles estima que o setor movimente cerca de R$ 30 milhões ao ano e empregue mais
de 300 pessoas.
“A gente acha que depois que sair a legislação, um pouco mais da metade vai conseguir se encaixar porque é muito caro manter um foodtruck. Se não é um produto bom, fresco, se não tiver um processo bem elaborado, vai ter perda.”
O presidente do sindicato que representa bares, hotéis e restaurantes no DF (Sindhobar), Jael Silva, afirmou que a proposta do Executivo satisfaz o setor de alimentação de comércio fixo.
“Os foodtrucks são uma nova proposta que está no mundo inteiro e não tem como não recebê-la. Ampliamos o debate para preservar os bares e restaurante estabelecidos. Agora só falta entregar para o governo e buscar o apoio da Câmara Legislativa para aprovar o projeto da forma que foi estabelecido e que seja regulamentado imediatamente porque no momento está uma bagunça geral porque não tem quem fiscalize e não tem quem cuide.”
“A gente acha que depois que sair a legislação, um pouco mais da metade vai conseguir se encaixar porque é muito caro manter um foodtruck. Se não é um produto bom, fresco, se não tiver um processo bem elaborado, vai ter perda.”
O presidente do sindicato que representa bares, hotéis e restaurantes no DF (Sindhobar), Jael Silva, afirmou que a proposta do Executivo satisfaz o setor de alimentação de comércio fixo.
“Os foodtrucks são uma nova proposta que está no mundo inteiro e não tem como não recebê-la. Ampliamos o debate para preservar os bares e restaurante estabelecidos. Agora só falta entregar para o governo e buscar o apoio da Câmara Legislativa para aprovar o projeto da forma que foi estabelecido e que seja regulamentado imediatamente porque no momento está uma bagunça geral porque não tem quem fiscalize e não tem quem cuide.”
Food truck de risotos do empresário João Ferrão
(Foto: João Ferrão/Divulgação)
O empresário João
Rafael Ferrão, de 28 anos, abriu um foodtruck de risotos em novembro do ano
passado. Ele conta que investiu cerca de R$ 50 mil para abrir o negócio e que
atualmente consegue tirar um lucro de 30% em cima do custo total. “O gasto se
baseia na manutenção do truck. O meu produto final é caro, tem gente que
trabalha com 70% de lucro, depende do mês”, explicou.
Ele afirma que a aprovação do projeto vai deixar o setor mais confortável e vai prevenir conflitos entre as categorias. “Hoje não temos um direcionamento de como temos que fazer as coisas. Hoje existe ainda um mal relacionamento com o comércio local. Ninguém está ali para ser ilegal, temos empresa firmada e pagamos impostos pelo tamanho da empresa.”
O chef Ronaldo Vieira, de 33 anos, foi dono de restaurante por dez anos. Depois de sair do ramo e montar um buffet para festas e eventos, ele resolveu investir em um food truck. Vieira conta que inicialmente a ideia era montar o food truck como hobby e continuar com o buffet como profissão, mas quando ele iniciou o novo negócio, a história mudou.
Ele afirma que a aprovação do projeto vai deixar o setor mais confortável e vai prevenir conflitos entre as categorias. “Hoje não temos um direcionamento de como temos que fazer as coisas. Hoje existe ainda um mal relacionamento com o comércio local. Ninguém está ali para ser ilegal, temos empresa firmada e pagamos impostos pelo tamanho da empresa.”
O chef Ronaldo Vieira, de 33 anos, foi dono de restaurante por dez anos. Depois de sair do ramo e montar um buffet para festas e eventos, ele resolveu investir em um food truck. Vieira conta que inicialmente a ideia era montar o food truck como hobby e continuar com o buffet como profissão, mas quando ele iniciou o novo negócio, a história mudou.
O chef Ronaldo Vieira, dono de um food truck que emprega sete pessoas (Foto: Ronaldo Vieira/Divulgação)“A mão de obra é
muito maior, na verdade dá mais trabalho que um restaurante. O fato de ter que
montar e desmontar um restaurante muitas vezes três vezes por dia, uma jornada
de trabalho muito maior que imaginava, não consegui manter o buffet.”
Atualmente, o chefe tem sete funcionários com carteira assinada e uma cozinha industrial para produzir os alimentos. Ele disse que o grupo sai em média nove vezes por semana. “A gente para na segunda e temos seis dias para sair, desses seis dias obrigatoriamente temos que sair três no almoço e jantar e trabalhamos 18 horas por dia.”
Ele afirma que sem uma legislação para o setor, o trabalho é realizado com “um coeficiente de risco muito alto”. “A gente vai para a rua hoje sem saber se vai ter uma fiscalização para tirar a gente, sem saber se vamos estar incomodando ou não. A legislação vai trazer o conforto de saber onde pode parar, onde não vai incomodar, vai organizar as saídas de cada food truck. Hoje há uma bagunça muito grande.”
Fonte: Isabella Calzolari
Do G1 DF