Chega a ser surpreendente a capacidade
que o atual governo federal tem de criar fluxo contínuo de problemas para si
mesmo. Foi justamente esse talento extraordinário para atirar nos próprios pés
que fez do governo um autêntico pato manco ainda no início de mandato. Com mais
de 3 anos pela frente, a questão que se coloca agora é como será percorrida a
longa jornada, noite adentro, com uma equipe claudicante e aferrada a dogmas
que há anos jazem soterrados sob os escombros do muro de Berlim? Trata-se de um
dilema de difícil solução.
Depois de insistir na barca furada da
regulação social da mídia (ideia não totalmente abandonada) e em outras
trapalhadas, Dilma e equipe tiraram da gaveta o Decreto nº 8.515, que,
literalmente, retira dos comandantes militares os poderes para administrar
diretamente o pessoal das Forças Armadas. Pior de tudo, mandou publicar no
Diário Oficial da União tão importante documento sem, ao menos, consultar os
comandantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica, que sempre cuidaram do
assunto. Não é que os líderes das Forças Armadas não tenham prestígio. Nada
disso. O caso é que os assessores de Dilma são desprovidos de educação, classe,
tato, prudência, habilidade e mostram sucessivamente total desrespeito a quem
merece consideração. Estranheza, desconfiança e surpresa foram algumas
expressões usadas pela cúpula das FFAA para classificar o decreto.
Como se não bastassem as crises econômica,
política e ética, consideradas, por muitos, as mais graves de toda a história
brasileira, o governo resolveu cutucar um vespeiro que, bem ou mal, representa
hoje talvez uma das únicas instituições da República capaz de manter as coisas
no lugar, inclusive a própria cadeira da presidente Dilma. Depois de prolongada
fase de achatamento salarial a que foram submetidos nos últimos anos e que
culminou no afastamento de muitos jovens oficiais da carreira militar, a
publicação do Decreto nº 8.515 só fez aprofundar, ainda mais, o esvaziamento
dessa importante instituição, já submetida a perigoso processo de sucateamento.
O decreto veio à luz pelas mãos da
secretária-geral do Ministério da Defesa, Maria Chiavon, uma militante petista
que, na ausência do ministro, responde pela administração da pasta ao lado do
ministro interino da Defesa. O caso criou mal-estar desnecessário dentro das
Forças Armadas, erguendo barreira de desconfiança e ressentimentos entre os
comandos militares e civis. Para os paranoicos de plantão, o documento é parte
de meticuloso processo de acomodação das Forças Armadas aos ditames do que foi
proposto no Foro de São Paulo e que visa, entre outras coisas, enquadrar os
militares dentro do espírito que orienta organização de força supranacional de
defesa de inspiração bolivarianista.
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A frase que não foi pronunciada
“Temer diz não temer saída de Dilma.
Por que então foi para tão longe?”
(Cochicho na Praça dos Três Poderes)
Sem lavagem
Vamos ver se a Caixa tem interesse em contribuir para a lisura das apostas. A ideia brilhante é de Vasco Vasconcelos, escritor e jurista. Ele pergunta: Que tal a Caixa Econômica inserir o CPF do apostador nos bilhetes das loterias?
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Por: Circe Cunha –
Coluna: “Visto, lido e ouvido” – Ari Cunha – Correio Braziliense – Foto: Google