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Quem quer substituir Dilma Rousseff?

“Estamos nesse caos por conta da governança corrupta. Temos como método de governança um modelo cletocrata.” A afirmação não foi de um cidadão comum sentado à mesa de um bar, em companhia de amigos e sob o efeito do álcool. O veredito sumário é do ministro do Supremo Tribunal Federal  e vice-presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Gilmar Mendes. A declaração não foi feita às portas fechadas, apenas para seus pares, em sessão secreta, mas dita em público, em mesa de debates na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) para que todos pudessem ouvir com clareza.

Trata-se aqui de acusação que, por sua origem, tem dimensão absoluta e ganha gravidade até não vista em toda a crise que se instalou no país, após as revelações feitas pela Operação Lava-Jato. Por si só, a afirmação do ministro mereceria paralisação total das três esferas de Poder do Estado, até que fosse devidamente esclarecida tamanha acusação. Ao tachar o governo Dilma, os 39 ministros, a base de apoio e, sobretudo o partido, de ladrões, o ministro Gilmar Mendes, pelo volume de informação de que dispõe e do alto da posição que ocupa no organograma republicano, precisa vir a público para fundamentar seu parecer, esclarecendo sua fala para todos.

Na petição de Hélio Bicudo, jurista que ajudou a fundar o partido da presidente Dilma, as palavras encaminhadas à Câmara dos Deputados Federais pedem a autorização para que a presidente da República seja processada pelos delitos perpetrados, como rege a Constituição Federal no artigo 52. Bicudo declarou também que não seriam necessários empréstimos vedados dos bancos públicos, nem maquiar contas públicas se o orçamento fosse respeitado e conduzido com probidade.

Tão preocupante quanto a declaração do ministro e do fundador do partido foi o silêncio dos diretamente atingidos por ela dentro do governo. Para completar, nesses tempos de desmensurado desmonte do Estado, as entidades de defesa da cidadania, mortalmente aparelhadas e adestradas, fingiram desconhecer o assunto, atribuindo a declaração a rusgas políticas, comuns em qualquer democracia.

Para o cidadão órfão e estupefato com a sequência rápida dos acontecimentos, resta a certeza de que a solução para a crise econômica, que bate à sua porta, afligindo toda  a família, só terá solução eficaz e duradoura com o fim da instabilidade política que tomou conta do país. Em outras palavras, o fim da crise depende da retirada de cena dessa gente pouco brasileira.

A frase que foi pronunciada
“A petição do senhor Bicudo, que foi apoiada pela oposição no Congresso, marca o início do que poderia ser um longo processo para derrubar a ex-guerrilheira marxista apenas nove meses após iniciar o segundo mandato... A presidente Dilma Rousseff ‘sente o calor’ da discussão do impeachment.”
(Financial Times)


Por: Circe Cunha – Coluna: “Visto, lido e ouvido” – Ari Cunha – Correio Braziliense – Foto/Ilustração: Blog

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