Rodrigo Rollemberg pediu, na
semana passada, novo voto de confiança à população brasiliense ao apresentar
conjunto de medidas de austeridade para os próximos meses. O primeiro voto foi
dado nas eleições do ano passado, quando a maioria concedeu-lhe um mandato de
quatro anos. Naquela ocasião, a confiança na geração Brasília seria suficiente
para resgatar a autoestima da cidade, sustentar ações voltadas para as deficiências
do Distrito Federal e preservar valores da capital federal, como organização
urbanística, qualidade de vida e indicadores sociais acima da média nacional.
Passados nove meses no Buriti, Rollemberg sofreu baixas em áreas importantes do
governo — Casa Civil, Saúde e Fazenda, para citarmos algumas — e enfrenta
dificuldades para cumprir as obrigações da administração brasiliense. A
deterioração das contas públicas comprometeu os reajustes aprovados para o
funcionalismo, e ninguém pode assegurar se os salários serão pagos em dia até o
fim do ano.
Nesse contexto de extrema provação, com um rombo
bilionário nos cofres do Buriti, Rollemberg encomendou cesta de remédios
amargos. O brasiliense já sentiu no bolso os efeitos da canetada, com aumento
de até 50% nas passagens de ônibus, bilhete de metrô a R$ 4 e ingresso no Zoo
por R$ 10. A reação foi imediata: desde sexta-feira o Passe Livre e outros
grupos defensores da mobilidade urbana organizam protestos contra as novas
tarifas de um sistema deficitário, de má qualidade e insuficiente para atender
à demanda do DF. O governo também anunciou espécie de moratória com
fornecedores e prestadores de serviço, postergando para julho de 2016 o
pagamento de R$ 900 milhões em dívidas acumuladas pela gestão anterior.
Rollemberg, que se diz sereno apesar das decisões drásticas, testa de forma
corajosa a popularidade alcançada nas urnas.
Ainda estão em negociação outras medidas
impopulares, como o aumento do IPTU, a serem negociadas com a Câmara
Legislativa. Aliados da eleição criticam fortemente essa iniciativa, pois
entendem que contraria compromissos de campanha. Rollemberg, como muitos dos
políticos em início de mandato neste 2015, enfrenta uma encruzilhada. Precisa
convencer o eleitorado e os aliados de que os sacrifícios necessários serão
recompensados no futuro. Muita gente graúda, como Joaquim Levy ou Dilma
Rousseff, tem pelejado nessa tarefa, sem a certeza de sucesso.
Por: Carlos Alexandre – Correio Braziliense – Foto/Ilustração: Google/Blog