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#SAÚDE » Quadrilha frauda leitos de UTI na rede privada

Leito de unidade de terapia intensiva em hospital particular do Distrito Federal: alerta contra o grupo

Estelionatários cobram até R$ 2,5 mil por vagas e exames de tomografia em cinco estados, além do DF. Na última semana, três famílias foram vítimas na capital federal

A Polícia Civil do DF investiga uma quadrilha de estelionatários que atua em hospitais particulares da capital federal. O grupo aborda familiares de pacientes internados em unidades de terapia intensiva (UTI) para que paguem entre R$ 1,4 mil e R$ 2,5 mil referentes a um suposto exame de tomografia. Em alguns casos, os falsários alegam “otimizar” o acesso ao leito oferecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS) quando o doente ainda não está internado. Ao menos três famílias foram abordadas na última semana — duas delas chegaram a depositar o dinheiro. Desde o ano passado, casos semelhantes ocorreram em São Paulo, em Goiás, no Paraná, no Mato Grosso e no Acre.

Segundo as denúncias, um paciente pagou aos golpistas R$ 1,4 mil, e outra, R$ 1,9 mil. As vítimas estavam internadas no Hospital Santa Luzia, na Asa Sul. A unidade de saúde, a fim de evitar novas fraudes, divulgou um folheto alertando sobre a fraude. “Pessoas com o objetivo de obter vantagens financeiras podem realizar contatos telefônicos durante a internação no hospital, identificando-se como médicos ou funcionários para fazerem cobranças indevidas”, informa.

O Ministério da Saúde esclareceu, em nota, que o SUS disponibiliza tratamento integral, universal e gratuito à população e nenhum procedimento pode ser cobrado. “Caso haja qualquer tipo de cobrança em relação a procedimentos ou leitos, a situação deve ser comunicada às autoridades policiais para a adoção das medidas cabíveis”, recomenda o órgão. Segundo a Secretaria de Saúde, a vigilância é de responsabilidade dos hospitais particulares, mesmo quando os leitos são disponibilizados pelo SUS. “A fiscalização feita pela pasta nas unidades privadas se restringe aos padrões sanitários e de saúde”, conclui.

O Sindicato Brasiliense de Hospitais, Casas de Saúde e Clínicas (SBH) orienta os pacientes que nenhum pagamento seja feito fora das tesourarias das unidades de saúde. Daniele Feitosa, diretora da entidade, ressalta que um funcionário dos hospitais é responsável por informar pessoalmente ao paciente sobre qualquer procedimento. “A rotina das unidades não é por telefone. Nenhum pagamento ocorre por depósito ou transferência. O hospital emite uma conta impressa e, após o pagamento, emite-se a nota fiscal. Esse é o nosso protocolo padrão”, explica.

A Divisão de Comunicação da Polícia Civil não divulgou detalhes da investigação por se tratar de um caso em aberto. As ocorrências estão registradas na 1ª Delegacia de Polícia (Asa Sul). “Iremos nos manifestar no momento oportuno, de forma a não atrapalhar as investigações em curso”, informou, em nota.

Atuação nacional
Além do DF, outras cinco unidades da Federação registraram episódios parecidos. Em Goiânia, a 210km de Brasília, a mesma quadrilha abordou pacientes com câncer no Hospital Araújo Jorge, em novembro do ano passado. Na época, a Polícia Civil goiana suspeitou do envolvimento de um funcionário da unidade de saúde no esquema. “Cada paciente tem um fichário com suas informações a que somente quem trabalha no hospital tem acesso. Vamos apurar se alguém passou esses telefones para os golpistas”, informou Washington da Conceição, delegado responsável pela investigação na capital goiana. Durante a apuração, uma conta no Mato Grosso levantou indícios de que o esquema fosse operado a partir da Região Centro-Oeste.

No norte do país, o Hospital de Urgência e Emergência de Rio Branco (Huerb) denunciou casos semelhantes. A Polícia Civil acreana descobriu, em abril, que as contas bancárias usadas pelos estelionatários eram de titulares do DF e do Mato Grosso. Pelo menos três famílias foram enganadas no Acre. Em São Paulo, o trabalho policial segue sob segredo de Justiça.

Para saber mais: Calvário por leito
Conseguir vaga em unidade de tratamento intensivo (UTI) não é tarefa fácil no DF, e a espera deixa famílias reféns da sorte. Na capital federal, 65,97% das pessoas que procuraram a Justiça, entre 2005 e 2010, requisitaram um leito de UTI, segundo levantamento do Consultório Jurídico (Conjur), com números de processos julgados na 2ª Vara de Fazenda Pública Privativa do TJDFT. Até a primeira semana de setembro, o GDF recebeu 420 intimações para colocar à disposição leitos de UTI.


Fonte: Otávio Augusto – Correio Braziliense – Foto: Edilson Rodrigues/CB/D.A.Press

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