A
Petrobras, maior empresa brasileira, volta a ser vítima da equivocada política
econômica dos governos de Lula e Dilma, sendo atingida em cheio pelo
rebaixamento de sua nota de crédito pela mais influente agência internacional
de rating, a Standard & Poor’s (S&P). O rebaixamento veio 24 horas
depois de a agência ter rebaixado a classificação do país. Cortou dois níveis
no rating da empresa, que, desta vez, perdeu o selo de boa pagadora, passando à
condição de grau especulativo (BB), abaixo da nova nota do país (BB+).
Por mais
que o governo — seu principal controlador — queira amenizar, esse golpe na
credencial da estatal no mercado mundial de crédito era tudo que a Petrobras
não precisava. A empresa viu seu caixa sangrar durante os últimos anos, ao ser
obrigada pelo governo a congelar os preços da gasolina, apesar de importar boa
parte do que vendia no mercado interno a preços mais altos.
Além
disso, a estatal do petróleo foi prejudicada por decisões que resultaram em
maus negócios — como a compra de uma refinaria em Pasadena (EUA) ou a perda de
recursos investidos em projetos decididos por influência política e depois
abandonados por sua pouca viabilidade, como refinarias no Ceará e no Maranhão.
Tudo
isso, sem contar o destrutivo efeito de escandalosa corrupção investigada pela
Operação Lava-Jato da Polícia Federal e do Ministério Público, conduzida pela
Justiça Federal de Curitiba. Além do terrível desgaste na imagem e na
credibilidade internacional da Petrobras, as apurações levaram a empresa a
reconhecer perdas de R$ 6,194 bilhões em balanço divulgado em abril, em que
também registrou a redução do valor de seus ativos em R$ 44,3 bilhões.
Com amplo
programa de investimentos pela frente — o que inclui a ampliação dos trabalhos
de exploração das jazidas do pré-sal — tem sido hercúleo o esforço da atual
diretoria para melhorar a administração de seus custos, aumentar a geração de
caixa e deixar para trás os danosos efeitos dos superfaturamentos e das
decisões mal orientadas dos últimos anos.
Esse
esforço inclui até mesmo a difícil e ambiciosa redução de seus custos
operacionais em US$ 12 bilhões até 2019. Esse programa passa pela redução da
jornada de trabalho e de 25% nos salários de seu pessoal entre 2015 e 2017.
A
diretoria afirma que o rebaixamento não afetará o financiamento de curto e
médio prazos da empresa, que já estaria contratado sem cláusulas atreladas ao
rating das agências classificadoras. Mas o que se teme são os vencimentos da
dívida e os investimentos futuros. Em seus balancetes de junho, a Petrobras acusou
dívida líquida de R$ 323,9 bilhões, sendo 80% em dólares.
A perda
do grau de investimento pelo país na semana passada colocou mais pilha na
desvalorização do real, que já vinha refletindo os percalços do governo para
fazer o ajuste fiscal. É claro que isso impacta a dívida da empresa. Além
disso, deve ocorrer o clássico efeito da elevação dos juros a serem pagos na
contratação de novos financiamentos. A Petrobras, patrimônio de todos os
brasileiros, nunca precisou tanto de apoio, inclusive de seu acionista
controlador.
Fonte:
“Visão" do Correio Braziliense – Foto: Google