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#ABSURDO AGRESSÃO AO TOMBAMENTO: » Mobilização em nome do Touring

Brasília tem obras da parceria Oscar Niemeyer e Lucio Costa por todos os lados. Uma delas, a antiga sede do  Touring Club do Brasil, está ameaçada. Embora, atualmente, a plataforma onde fica a construção não é, necessariamente, sinônimo de diversão. A  ideia inicial, de acordo com o Relatório do Plano Piloto de Brasília — plano feito por Lucio Costa que venceu o Edital do Concurso do Plano Piloto de Brasília — era de que a área fosse destinada à cultura. Seria uma “mistura, em termos adequados, de Piccadilly Circus, Times Square e Champs Elysées”, como descrevia o projeto. De acordo com Maria Elisa Costa, filha do arquiteto, uma igreja teria não só se apropriado do local, como já estaria reformando o prédio.

Maria Elisa divulgou sua indignação nas redes sociais. Na postagem, ela afirmou que o prédio foi cedido à tal igreja, que estaria “demolindo e desfigurando o projeto original de uma vez por todas”, protestou. “Faço um apelo ao Governo do Distrito Federal para que anule essa concessão, nem que seja em homenagem ao doutor Lucio.”

Ela ainda sugere que qualquer intervenção na capital seja submetida a uma comissão técnica, “para que Brasília sobreviva à indiferença ou ignorância dos responsáveis pela sua administração e preservação.”

Na internet, páginas foram criadas por defensores do Touring para discutir e defender a preservação do prédio.  

Na última sexta-feira, o arquiteto Carlos Magalhães foi ao local pessoalmente. Segundo ele, a obra teria sigo embargada ontem, após inspeção da Agência de Fiscalização (Agefis). Indignado com a destruição do local, ele fotografou os indícios da obra, como paredes quebradas, entulhos e tijolos no chão, e postou nas redes sociais. “Entrei em contato com o Antônio Carlos Bigonha, procurador-chefe da Procuradoria Regional da República da 1ª Região, porque o que estão fazendo é um absurdo”, comentou. “É uma agressão irresponsável. Vou consultar advogados para saber se é possível processar criminalmente o governador Rodrigo Rollemberg.”

Denúncia
O Correio apurou que a Agefis esteve no local sábado. No entanto, até o fechamento desta edição, a assessoria de comunicação do órgão não havia confirmado a visita de auditores ao Touring, mas admitiu que a denúncia existe. Ainda de acordo com a assessoria da agência, uma vistoria de rotina estaria programada para hoje. Eles não confirmam, porém, que a inspeção terá relação direta com a denúncia.

Silvestre Gorgulho, ex-secretário de Cultura do GDF, também foi ao local para registrar a destruição. Segundo ele, o prédio se tornou “um tumor”. “Diante dessa agressão e da omissão do governo, a sociedade de Brasília se uniu e, agora, vamos pedir a desapropriação do Touring”, explicou. “Brasília está criando alma e o GDF está perdendo de 2 x 0 para os moradores. Primeiro, foi memorial do Jango (Memorial do Instituto João Goulart), que o GDF aprovou, mas os cidadãos não quiseram e tiveram que tirar os tapumes. Agora, vamos impedir a construção desta igreja.” A assessoria de comunicação do GDF informou ao Correio que está apurando a situação do prédio.

Memória - Assinatura de Niemeyer
Localizado no Setor de Diversões Sul, o Touring Club do Brasil foi construído entre 1964 e 1967. Lucio Costa queria criar um pavilhão de pouca altura “debruçado sobre os jardins do setor cultural”, segundo o Guia de Obras de Oscar Niemeyer — Brasília 50 anos, do Centro de Documentação e Informação da Biblioteca Digital da Câmara dos Deputados. O projeto é do arquiteto Oscar Niemeyer: uma pequena edificação avarandada, com dois pavimentos. Enquanto o piso superior dá visão privilegiada à Esplanada, o inferior foi, no início, ocupado por um posto de gasolina. As curvas de Niemeyer estão na cobertura.

Para saber mais - Projeto tombado
A Fundação do Touring Club do Brasil foi fundada em 1923, como uma das comemorações do Centenário da Independência do Brasil. O objetivo principal era a divulgação dos recursos turísticos brasileiros — especialmente à classe alta, à época obcecada pela Europa — e o suporte a veículos. No DF, o prédio serviu como local de exposições de automóveis, posto de gasolina, oficina mecânica e até ponto de comércio para vendedores ambulantes. Em 15 de dezembro de 2007, o edifício e outras 24 obras do arquiteto Oscar Niemeyer foram tombadas como patrimônio histórico. No mesmo ano, o prédio chegou a receber uma edição da Casa Cor Brasília.

"Estão demolindo  desfigurando o projeto original de uma vez por todas! Faço um apelo ao Governo do Distrito Federal para que anule essa concessão, nem que seja em homenagem ao Doutor Lucio”
(Maria Elisa Costa, Filha de Lucio Costa)

Fonte: Gláucia Chaves – Correio Braziliense – Foto: Paula Rafiza – Esp.CB/D.A.Press

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