"O Facebook foi feito para adicionar e manter contato com pessoas
que você já conhece. No Trybo, a ideia é o contrário: você vai buscar as
pessoas baseado em onde elas moram, que língua falam, quais são as religiões e
os interesses dela" (Vítor Melo, estudante e
empreendedor)
Brasiliense Vítor Melo, 20 anos, faz parte do time dos “internautas carentes”: usuários que não perdem a chance de fazer novas amizades, virtuais ou não. Pai do aplicativo Trybo, Vitor explica que o diferencial do programa é a possibilidade de refinar a busca por perfis de pessoas. Em outras palavras: em vez de procurar apenas pessoas conhecidas, o usuário pode buscar indivíduos que se interessem por determinado gênero musical, que morem em uma cidade específica ou que curtam os mesmos filmes que ele, por exemplo. “O Trybo é uma rede social que te dá a possibilidade de conhecer pessoas de qualquer lugar do mundo”, reforça o empresário. “O aplicativo tem três pilares: colocar o usuário em contato com pessoas de países diferentes, dar aos internautas a oportunidade de treinar uma língua e conhecer gente nova em geral.”
A comparação com a rede social mais famosa do momento é inevitável, mas
o Mark Zuckerberg do cerrado não se incomoda. Até porque o ponto de partida do
Trybo é o próprio Facebook: a partir da conta do Face, o usuário acrescenta
detalhes e informações adicionais sobre si mesmo, para criar o perfil Trybo
Complete. Há, claro, um espaço para que o internauta defina filtros para o tipo
de pessoa que quer encontrar. Assim, em menos de cinco minutos, ele já pode ver
e ser visto na internet.
O convite para estudar nos Estados Unidos veio graças ao bom desempenho
de Vítor no basquete. Aos 13 anos, o então menino chamou a atenção da Seleção
Brasileira Sub 16. Um agente o descobriu e ofereceu uma bolsa de estudos para o
brasiliense cursar o ensino médio em uma escola norte-americana. Após o fim dos
estudos, Vítor ganhou outra bolsa e foi fazer faculdade na Gettysburg College,
na Pensilvânia. Entre bolas de basquete e livros, veio a vontade de empreender.
Na universidade, ele se inscreveu para um concurso de empreendedorismo chamado
Gettysburg College Entrepreneurship Fellowship, no qual apenas um dos cerca de
50 competidores receberia o prêmio de US$ 10 mil para começar uma empresa. “Eu
me classifiquei pelo plano de negócios e, após uma apresentação de 15 minutos
sobre o projeto, fui o vencedor da competição.” Após nove meses de trabalho, o
aplicativo foi lançado em setembro.
Empreendedorismo
Vítor lembra que o interesse por empreendedorismo é antigo. “Sempre tive
o sonho de fazer algo que pudesse fazer diferença no mundo. A tecnologia foi um
método que vi que poderia fazer essa diferença, não só nos lugares perto de
onde moro, mas no mundo inteiro. Achei que um aplicativo seria algo que poderia
atingir muita gente.” O jovem explica que a motivação para que trabalhasse com
redes sociais partiu de um projeto de que participou na universidade. “Na
Gettysburg College, há uma classe que estuda a pobreza do mundo e como as
crianças crescem em países em desenvolvimento, principalmente na África e na
América Latina. A gente teve um projeto que era, na verdade, uma entrevista que
fazíamos com estudantes de uma escola de ensino médio no Quênia. Esses
estudantes iam entrevistar a gente e a gente ia entrevistá-los. A ideia do
projeto era que a gente pudesse aprender mais com a cultura deles.”
A partir daí veio o insight. “Eu imaginei: por que não dar oportunidade
de alguém no Brasil conhecer alguém nos Estados Unidos; de alguém na França
conhecer alguém da Ásia ou de Israel ou da Austrália? E, com isso, as pessoas
conheceriam umas às outras, novas línguas, novas culturas.” Para Vítor, esse é
justamente o objetivo maior do seu projeto: que as pessoas conheçam novas
culturas, o que é viver em outros países.
O jovem explica a diferença entre o Trybo e o Facebook. “O Facebook foi
feito para adicionar e manter contato com pessoas que você já conhece. No
Trybo, a ideia é o contrário: você vai buscar as pessoas baseado em onde elas
moram, que língua falam, quais são as religiões e os interesses dela.” Para
criar o Trybo, Vítor trabalhou com um desenvolvedor de São Paulo. O aplicativo
é gratuito e está disponível para as versões iOS e Android.
Fonte: Gláucia Chaves – Foto:Carlos
Silva/CB/D.A.Press – Correio Braziliense