Chegando a Gilberto Carvalho, chega-se enfim a Lula
Por: Carlos Chagas
Mais um ex-ministro do Lula implicado em tráfico de influência,
Gilberto Carvalho, acusado pela Polícia Federal de elo entre o palácio do
Planalto e o esquema de corrupção que envolve filhos do ex-presidente,
políticos e empresários. Até a criação de medidas provisórias para favorecer
setores da economia vem sendo denunciada. Sem falar nas ligações do
primeiro-companheiro com empreiteiras, às quais servia viajando às suas
expensas para contatar governos africanos e sul-americanos, levando na bagagem
o aval do BNDES para a concessão de empréstimos.
A cada dia surgem mais denúncias atingindo o Lula, altos integrantes de
seus dois governos, parentes e amigos. Muitos já conhecidos, outros na cadeia,
todos integrando amplo esquema de assalto aos cofres públicos. Não adianta
atribuir o noticiário a uma campanha de ódio contra o PT e o ex-presidente.
Pode até ser verdade, mas como negar os fatos acontecidos e agora apurados?
Desvendam-se os véus que envolviam o governo do ex-presidente, tornando
inevitável que no mínimo ele venha ser chamado a esclarecer cada episódio. São
questão de tempo seus depoimentos na Polícia Federal, no Ministério Público e
no Judiciário.
PROVAS MATERIAIS
Objeto de delações premiadas e de comentários que fluem de asseclas
temerosos de condenações, o grave é que sucedem-se provas materiais da
participação do ex-torneiro-mecânico. O resultado está na queda de sua
popularidade, atestada por pesquisas recentes.
Turbulência igual raras vezes se viu na trajetória do PT e do grupo há
treze anos incrustado no poder. Surgem sempre novos personagens e seus
malfeitos, daqueles que multiplicam a rejeição, tanto a culpados quanto a
porventura inocentes participantes do movimento um dia tido como de regeneração
nacional. O cidadão comum nivela por baixo os companheiros. Se nem o Lula
escapa, a previsão é de fim de um ciclo.
HÁ ALTERNATIVAS
A ser substituído por quem ou por quê? Haverá alternativas no meio
político? Um partido imune à lambança cada dia mais exposta? Uma corporação
formada à margem da realidade que nos assola? E com que propostas capazes de
promover mudanças fundamentais, como se imaginou o papel do PT?
Quem quiser que aponte rápido, sem salvadores da pátria nem bandeiras
truculentas, muito menos viagens ao passado. Caso se realizem, as eleições
municipais do próximo ano funcionarão como ensaio geral de 2018, se chegarmos
até lá. Mas desde quando se estabeleceu que eleições resolvem, sem
estruturas renovadoras, com as mesmas forças de sempre?
Em suma, nada de novo apareceu até agora, saído dos escombros e dos
porões onde se tenta sobreviver.