Carlos Chagas
Segunda-feira,
ao dar posse aos dez ministros que chegavam ou eram remanejados, a presidente
Dilma exortou todos eles ao trabalho e à dedicação, até prenunciando o final da
temporada para dezembro de 2018. Com todo o respeito, Madame escorregou outra
vez. Mais da metade do ministério não chegará lá.
Primeiro,porque
muitos serão candidatos à reeleição ou a outros cargos, devendo
desincompatibilizar-se seis meses antes do primeiro domingo de outubro. Depois,
razão mais forte, porque alguns integram a equipe sob suspeição. Foram
indicados pelos seus partidos sob o compromisso de atuarem para favorecer os
interesses do governo, convencendo seus parlamentares na Câmara e no Senado a
votar conforme instruções do palácio do Planalto. Mas se o Executivo vier a ser
derrotado, como vem sendo, não haveria justificativa para sua permanência.
Em boa
parte não são ministros pela capacidade, que não tem, de tratar os temas de
suas pastas. Mais do que um ministério da experiência, esse é o ministério do
medo. Ninguém está seguro de nada. Principalmente os ministros desconhecidos.
DESÂNIMO
Quem
assistiu a cerimônia de posse da nova equipe estranhou o clima de pouco
entusiasmo dos presentes, interrompido apenas na hora dos rapa-pés e beijinhos
comandados pela presidente Dilma. Estranhou-se, também, a ausência do
ex-presidente Lula, artífice da montagem mas, pelo jeito, disposto a não se
comprometer.
Coube
ao novo chefe da Casa Civil, Jaques Wagner, dar uma visão realista do governo,
comentando que milagres não existem e só muita conversa poderá frear a
instabilidade política. O diabo é que o ex-governador da Bahia não terá caminho
livre para exercer suas funções. Na contramão estará o ministro da recém-criada
Secretaria de Governo.
APARECER, ACIMA DE TUDO
Faz
tempo que não se passa uma semana, ou até um dia, sem que o ex-presidente
Fernando Henrique não aparece na mídia. Entrevistas, palestras, artigos
especiais e palpites de toda ordem a respeito de mil temas. Ainda agora, lança
o primeiro volume de uma série de quatro, a respeito de suas experiências no
governo.
Não
deu para entender, ou entendemos muito bem, as referências ao deputado Eduardo
Cunha nos resumos distribuídos sobre o livro. Em detalhes, o sociólogo
vangloria-se de haver rejeitado pedido para fazer do atual presidente da Câmara
o diretor comercial da Petrobras.
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