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#EXECUTIVO » A equação de Rollemberg

A Secretária de Planejamento, de Leany Lemos, ganhará mais poder com a incorporação da pasta de Gestão Administrativa

O governador anuncia amanhã a reestruturação do primeiro escalão. Em meio a uma grave crise financeira, ele tem a difícil missão de reduzir o número de secretarias sem desagradar a partidos aliados, como o PSD, a Rede e o PRB

O governador Rodrigo Rollemberg (PSB) enfrenta muita dificuldade para reduzir a quantidade de secretarias e, ao mesmo tempo, manter o apoio de todos os partidos da base aliada. Mês passado, ele havia prometido diminuir o número de pastas de 24 para 16. Mas, como nenhuma sigla admite perder espaço, não está descartado abrir mão da promessa para deixar 18 secretarias no primeiro escalão e, assim, contemplar todos os correligionários. O socialista tem medido o risco de críticas por não enxugar a máquina como o prometido.

Algumas mudanças em relação à estrutura divulgada em 15 de setembro são dadas como certas. Não estava previsto, por exemplo, juntar a secretaria de Planejamento (Seplag) à de Gestão Administrativa e Desburocratização (Segad). Na última semana, no entanto, Rollemberg decidiu que Leany Lemos acumulará as duas funções e que o atual chefe da Segad, Alexandre Lopes, ficará como adjunto. Agricultura, que seria rebaixada, pode ser mantida no primeiro escalão.

Além de conviver com a pressão de siglas aliadas, Rollemberg vê o risco de estourar uma rebelião dentro do próprio partido. Com as fusões, tornou-se praticamente certo o rebaixamento de duas das três pastas comandadas pelo PSB. Relações Institucionais e Turismo, chefiadas por Marcos Dantas e Jaime Recena, presidente e vice do PSB, respectivamente, devem perder status de secretaria. Os socialistas, porém, não deixaram barato. Entregaram um documento no gabinete do governador, assinado por integrantes da executiva regional da legenda, afirmando que não foram consultados sobre as mudanças e com a alegação de que o partido não quer perder espaço no Executivo local.

Filiados ao PSB acreditam que já deram uma dose de sacrifício muito grande durante a campanha. Agora, na visão deles, não é o momento de Rollemberg preterir os mais próximos. “Na última eleição, entramos na coligação proporcional com o PDT e o Solidariedade em nome de uma coligação forte para o governador, mas, por isso, não conseguimos eleger nenhum deputado”, lembra um governista. Para acalmar os colegas de partido, Dantas deve ir para a Secretaria de Mobilidade no lugar de Carlos Tomé, que é neófito no PSB e não representa a base da sigla. Recena tem futuro incerto. Chegou a ser cogitada uma indicação para uma diretoria na Terracap ou a manutenção do socialista como secretário adjunto. Outra saída seria juntar a Secretaria de Cultura à de Turismo e deixá-lo como secretário. Dessa forma, o PSB continuaria com três integrantes no primeiro escalão.

Com as fusões anunciadas, Rollemberg criou uma supersecretaria. Ele englobou na mesma estrutura Turismo, Trabalho, Agricultura, Ciência e Tecnologia e Desenvolvimento Econômico. A junção afetou pastas comandadas por quatro forças políticas diferentes e que, agora, terão de ser realocadas. Como antecipou o Correio, o distrital Joe Valle (PDT) chegou a ser convidado para comandar o órgão que vai tocar as cinco áreas. Ele, porém, não quer que a Agricultura entre no bolo e exige a permanência de José Guilherme Leal, seu aliado, como secretário da área. “Essa fusão tem que ser pensada para contemplar a cidade, e não partidos políticos. As nomeações têm que ser por capacidade, não por cargos”, diz Joe Valle. A ida de Joe para o Executivo seria benéfica para o governo porque abriria a vaga na Câmara Legislativa para um socialista. O suplente do pedetista é Roosvelt Vilela, do PSB.

O PSD não quer perder espaço e sonha em ficar à frente da supersecretaria. Como a legenda é uma das aliadas mais antigas, Arthur Bernardes pode ser o responsável pelo novo órgão. Rollemberg chegou a sinalizar para Valle que poderia acomodá-lo na pasta de Agricultura ou na Secretaria de Meio Ambiente, Gestão de Território e Habitação. Mas o distrital recusou as duas ofertas. Se não ficar na superpasta, como desejava inicialmente, a tendência é que o parlamentar siga na Câmara Legislativa.

Com a recusa do distrital, ganha força o nome de André Lima, atualmente no Meio Ambiente, para tocar a pasta, que será fundida à Gestão de Território e Habitação. Teme-se, no entanto, uma reação negativa do setor produtivo. Indicado pela Rede, Lima tem capital político suficiente para ocupar o cargo. Mas o empresariado acredita que a Rede tem um perfil intransigente em relação à liberação de obras.

Outro drama para o núcleo político do GDF é o PRB, partido do líder do governo na Câmara Legislativa, Júlio Cesar. Leila Barros, chefe de Esporte, é indicação do partido, mas a pasta será fundida à Educação. O parlamentar exige que a legenda esteja representada no primeiro escalão. Semanas atrás, Júlio chegou a barrar votações favoráveis ao Executivo no parlamento como forma de pressionar Rollemberg. Voltar atrás e manter Esporte com status de secretaria seria uma saída. Mas isso dificultaria ainda mais a redução do primeiro escalão. Os deputados que foram mencionados como candidatos para assumir função no governo, como Júlio Cesar e Rodrigo Delmasso (PTN), perderam força nos últimos dias.

Demissões


Como o governo ultrapassou o limite de gastos com pessoal imposto pela Lei de Responsabilidade Fiscal, será preciso cortar 20% das despesas com o pagamento de comissionados. Além disso, Rollemberg anunciou a redução dos salários do governador, do vice e dos secretários.

Nova estrutura


Trabalho, Turismo, Agricultura, Ciência e Tecnologia e Desenvolvimento Econômico
Joe Valle foi cotado para o cargo, mas impôs uma condição: a Secretaria de Agricultura não poderia entrar no bolo e teria de permanecer no primeiro escalão, de preferência chefiada por seu indicado, José Guilherme Leal. A exigência do parlamentar criou um impasse e Rollemberg calcula se vale a pena dar tanto poder a ele. Por isso, também existe a chance de manter a pasta na cota do PSD, que atualmente comanda a Secretaria de Desenvolvimento Econômico com Arthur Bernardes.

Educação e Esporte
O secretário de Educação, Júlio Gregório, deve ser mantido no posto. Com o rebaixamento de Esporte, porém, o núcleo político do GDF ganhou uma dor de cabeça: precisa encontrar espaço para o PRB no primeiro escalão — Leila Barros é a atual chefe do setor, por indicação da sigla, e pode ficar como adjunta. Mas o PRB faz questão de uma secretaria.

Casa Civil e Relações Institucionais
O chefe da Casa Civil, Sérgio Sampaio, que chegou ao governo em junho, após a saída de Hélio Doyle, deve comandar a Secretaria de Governo, que ganhou esse nome com a fusão. O atual secretário de Relações Institucionais, Marcos Dantas, deve assumir a pasta de Mobilidade no lugar de Carlos Tomé.

Planejamento e Gestão Administrativa
Leany Lemos, chefe do Planejamento, acumulará as duas funções. Alexandre Ribeiro Lopes, que assumiu a secretaria de Gestão Administrativa com a saída de Antônio Vogel, pode ficar como adjunto.

Desenvolvimento Humano e Social, Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos
A nova nomenclatura será Secretaria de Políticas Afirmativas e Desenvolvimento Social. Marcos Pacco, que está à frente do Desenvolvimento Humano e Social, deve acumular as funções. Marise Nogueira pode ser convidada para ficar como adjunta.

Meio Ambiente, Gestão de Territórios e Habitação
Joe Valle foi convidado, mas não deve aceitar o cargo. André Lima, que comanda o Meio Ambiente, pode continuar como secretário. Ele é indicado da Rede Sustentabilidade. Como o partido nasceu forte, com três deputados distritais, Rollemberg provavelmente vai mantê-lo no primeiro escalão. Thiago Andrade, de Gestão de Território e Habitação, pode ficar como o número dois do órgão.

Fonte: Matheus Teixeira – Correio Braziliense – Foto: Marcelo Ferreira/CB/D.A.Press

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