"O momento é difícil, o governo tem aprovação
baixa e há greve para todo lado. Assumir uma secretaria, neste momento, é um
sacrifício pessoal, mas estou com muita vontade de ajudar. Faremos uma gestão
técnica e com muito diálogo (Joe Valle (PDT)
O distrital do PDT ficará à frente da Secretaria de Trabalho, Desenvolvimento Social e Direitos Humanos. No início da semana, ele havia recusado a função e criticado a reforma administrativa do GDF
Depois de declarar publicamente que havia recusado convite do governador Rodrigo Rollemberg (PSB) para assumir a Secretaria de Trabalho, Desenvolvimento Social e Direitos Humanos, Joe Valle (PDT) voltou atrás e será o primeiro distrital a integrar a equipe do socialista no GDF. No começo da semana, o deputado fez duras críticas à reforma administrativa do governo local, que, segundo ele, privilegiava arranjos políticos em detrimento de questões técnicas. Após muitas conversas, principalmente com colegas pedetistas, mudou de ideia. O peso político da superpasta, com grande potencial para criar agendas positivas, acabou por ser fator determinante à ida de Valle para o Executivo local. Na Câmara Legislativa, ele abre espaço para Roosevelt Vilela (PSB), primeiro correligionário de Rollemberg na Casa neste mandato.
Nem tudo, no entanto, está definido. Se o PDT finalmente indicou alguém
para a secretaria criada para acomodar o partido no primeiro escalão,
Rollemberg ficou sem um chefe de gabinete. Carlos Tomé está de saída da
Secretaria de Mobilidade e seria o novo dono do posto no lugar de Rômulo Neves,
que quer ir para outra área do governo. Ontem, porém, Tomé rejeitou a proposta
e deve voltar para o Senado Federal, onde é servidor de carreira.
Agora no GDF, Joe Valle terá de conviver com antigos colegas de partido.
Em 2010, ele se elegeu distrital pelo PSB, mas, três anos depois, rompeu com a
sigla e migrou para o PDT. E, além de assumir uma pasta que vale por três —
Direitos Humanos, Trabalho e Desenvolvimento Social eram secretarias distintas
—, o pedetista conseguiu manter a Agricultura no primeiro escalão, sem fusões e
com seu apadrinhado, José Guilherme Leal, como o titular. No mês passado,
Rollemberg havia anunciado o rebaixamento da área, que cairia para o segundo
escalão. Após pressão do ex-correligionário, que tem base eleitoral na zona
rural, o chefe do Executivo descartou a ideia.
O trabalhista — antes crítico às mudanças no governo — agradeceu o
convite e, por meio de carta, adotou o discurso do Palácio do Buriti. “A nossa
cidade passa por uma grande e grave crise. O chamado desta cidade, e o pedido
do governador, levou-nos a tomar a decisão de ajudá-lo no Executivo”, escreveu.
Ao Correio, disse ter aceitado o cargo para “atender um apelo de Rollemberg” e
sabe que chega em um ambiente conturbado. “O momento é difícil, o governo tem
aprovação baixa e há greve para todo lado. Assumir uma secretaria, neste
momento, é um sacrifício pessoal, mas estou com muita vontade de ajudar.
Faremos uma gestão técnica e com muito diálogo”, ressaltou.
As mudanças de ontem amenizaram os problemas que Rollemberg havia criado
com a reforma administrativa. O PSB não escondia a insatisfação por ter perdido
espaço no primeiro escalão. Com a dança das cadeiras no secretariado, a legenda
ficou sem duas secretarias, mas ganhou a primeira representação no parlamento
local. “O PSB tem um projeto político com o Rollemberg no Executivo e, agora,
com o distrital Roosevelt Vilela no Legislativo. Serei um soldado do governador
na Câmara”, disse Roosevelt, bombeiro há 21 anos e administrador regional da
Candangolândia, do Núcleo Bandeirante e do Park Way.
Fonte: Matheus Teixeira –
Guilherme Pera – Correio Braziliense – Foto/Ilustração: Blog-Google