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O rival petista da estreia

"A corrida nos deu uma força muito grande porque elegemos vários candidatos na Câmara Legislativa e arrumamos o caminho para 1994, quando o Cristovam (Buarque) ganhou a eleição" (Carlos Saraiva e Saraiva, candidato petista ao GDF em 1990)
 "Fui eleito em primeiro turno, numa campanha muito difícil, na qual o PT tentou impedir a minha candidatura, mas perdeu nos tribunais e nas urnas, como sempre aconteceu" (Joaquim Roriz, candidato do PTR ao GDF em 1990)

O médico Carlos Saraiva e Saraiva foi o primeiro grande rival de Joaquim Roriz nas urnas do Distrito Federal. O petista, hoje secretário de Formação Política da Zonal do Plano Piloto, ainda participa de reuniões para debater os rumos da legenda. Em entrevista ao Correio, ele relembrou detalhes da disputa histórica. O PT cresceu muito no DF com a campanha presidencial do então candidato Luiz Inácio Lula da Silva, em 1988. Era certo que o partido deveria lançar um nome para disputar o governo, mas a força do candidato Joaquim Roriz, que já havia sido governador biônico, era temida.

“Ele era imbatível porque tinha um carisma muito forte, uma comunicação com a massa muito grande e duas bandeiras naquela época que eram muito difíceis de serem contestadas: estimulava a migração para Brasília com a entrega de lotes e a criação de cidade pra tudo quando é lugar”, conta Saraiva. “Roriz também prometia solucionar a questão do transporte público com o metrô, que para nós tinha um custo muito alto, mas com grande apelo popular”, explicou Saraiva.

Entre as propostas para a primeira campanha, Saraiva defendia a ampliação da participação popular, a implantação do SUS, a articulação direta com os movimentos sociais e melhorias na educação pública, além da extinção do monopólio da Viplan no transporte público. A maior dificuldade, entretanto, era questionar a distribuição de lotes realizada por Roriz. “Era muito difícil fazer frente ao clientelismo do Roriz”.

Nas pesquisas, o esforço parecia não surtir efeito. Mas, com o fechamento da apuração dos votos, Roriz acabou eleito por uma pequena margem. Saraiva encerrou a disputa em segundo lugar. “Se a gente fosse para o segundo turno, provavelmente ganharíamos porque aí teríamos o apoio da Frente Popular, liderada pelo Maurício Corrêa.” Mesmo com a derrota, o médico militante avalia ter feito uma boa campanha. “A corrida nos deu uma força muito grande porque elegemos vários candidatos na Câmara Legislativa e arrumamos o caminho para 1994, quando o Cristovam (Buarque) ganhou a eleição.” Ele afirma que a campanha foi capaz de acabar com a instabilidade interna do partido. “Muitos saíram e criaram seus próprios partidos e os que ficaram fortaleceram o PT.” Hoje, aos 79 anos, Saraiva está aposentado apenas da vida médica. Como secretário de Formação Política da Zonal do Plano Piloto do PT, segue participando de reuniões e escrevendo para blogs.

Democracia
A pedido do Correio, Joaquim Roriz também relembrou histórias e bastidores da primeira disputa eleitoral da história do DF. “Aquela eleição foi muito especial. Eu lembro com muita saudade. Representou a vitória da democracia do povo do Distrito Federal, que teve a oportunidade de escolher pela primeira vez o governador. E eu fiquei muito honrado por ter sido o primeiro governador eleito por esta cidade que eu tanto amo”, conta. “Fui eleito em primeiro turno, numa campanha muito difícil, na qual o PT tentou impedir a minha candidatura, mas perdeu nos tribunais e nas urnas, como sempre aconteceu.”

Joaquim Roriz explica por que focou a primeira campanha na criação de assentamentos. “O povo precisava de acolhimento, de um lar, de emprego. E a cidade precisava se desenvolver para gerar esses empregos e renda.” O ex-governador diz que foi um desafio governar o DF quatro vezes. “Mas acredito que consegui melhorar muito a vida das pessoas, principalmente a das menos favorecidas. A prova disso foi que todas as vezes que me candidatei, o povo me elegeu. E, até hoje, o povo na rua ainda se lembra de meus governos, pede que eu volte. Meu diferencial sempre foi governar com o coração.”


Fonte: Correio Braziliense – Fotos: Minervino Junior/CB/D.A.Press

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