Dificuldades para reduzir cargos em
secretarias de maior peso suspende até a posse dos novos secretários
O governador Rodrigo Rollemberg adiou a divulgação das novas estruturas
do GDF e, em consequência, o início do novo corte de comissionados. A promessa
do Buriti era de divulgar o novo desenho do Executivo ontem. Diante, de
entraves técnicos e políticos o governo colocou o pé no freio, mas ainda
pretende tirar a reforma do papel nesta semana.
Enquanto isso, o diretório regional do PSB mudou de comando. Marcos
Dantas se licenciou da presidência abrindo espaço para Antônio Fúcio assumir o
lugar. “Encontramos muita burocracia nas estruturas. Mas pretendemos fazer as
mudanças nesta quinta-feira”, comentou Marcos Dantas, que também
deixa a Secretaria de Relações Institucionais para assumir a pasta de
Mobilidade.
O Buriti começou os cortes pelas secretarias que passaram pelo processo
de fusão. Afinal as novas pastas poderão, naturalmente, cortar estruturas
repetidas, a exemplos das ouvidorias e das subsecretarias de Administração
Geral. O desafio dos técnicos estaria concentrado em pastas estratégicas do
governo, como Planejamento e Casa Civil.
Independentemente dos contra-tempos, o Buriti mantem o projeto em fazer
o corte de comissionados por etapas, para evitar qualquer pane na máquina
pública, o que levaria a interrupção de programas e obras.
Gastos com pessoal
Em função de ter ultrapassado o limite de 49% de pagamentos de pessoal,
estabelecido pela Lei de Responsabilidade de Fiscal, o governo está obrigado a
cortar o gasto de comissionados em 20%. Para isso, o governo estuda a
diminuição do pagamentos de determinadas comissões para minimizar a necessidade
de exonerações.
Na Câmara Legislativa, os deputados distritais estão de olhos bem
abertos para as novas estruturas. Muitos estão interessados em emplacar aliados
e apadrinhados em posições de terceiro e quarto escalão.
Na semana passada, após o anúncio da nova estrutura, alas do PSB ficaram
indignadas, pois a legenda perdeu espaço no GDF, especialmente com
o rebaixamento da pasta de Turismo. Militantes questionaram o fato de
Rollemberg acumular mais poder com a reforma.
Nesse sentido, o licenciamento de Dantas pode ser interpretado como
um aceno de reconciliação do governador.
PSB busca realinhamento
Aguardando os trâmites processuais para assumir a presidência do PSB,
Antônio Fúcio espera realinhar a sigla com o Palácio do Buriti. “É um ponto
muito tênue. Mas é preciso definir com clareza onde é o governo e onde é o
partido. É um diferença bem fina e não podemos deixar que um comprometa o
outro”, comentou.
Segundo Fúcio, o partido já sofria desgastes pontuais pelo fato de
Dantas não ter tempo para se dedicar integralmente às questões partidárias,
durante sua passagem pela Secretaria de Relações Institucionais. Como a pasta
de Mobilidade envolve área extremamente sensível para o governo
Rollemberg, Fúcio considera que Dantas terá ainda menos disponibilidade para o
partido.
“Tenho mais tempo e disponilidade para falar com os presidentes de
zonais. Integrá-los”, argumentou Fúcio. O futuro presidente regional reconhece
que houve insatisfação na legenda após o anúncio da reestruturação. Fúcio
ressaltou que divergências são naturais em partidos.
Ainda não acabou
“Precisamos ter em mente que a reforma ainda não acabou. O governador
tem dito que a reformulação política só será completada em janeiro do ano que
vem”, lembrou. No começo da gestão Rollemberg, Fúcio foi designado diretor
do Detran. No entanto, renunciou, após denuncia de que teria
recebido mais de 50 multas por excesso de velocidade, entre 2006 e 2007.
“Dentro do PSB esta questão não foi um problema. Muito pelo contrário,
recebi foi muito apoio. Mas não era adequado assumir o posto, do ponto de vista
político. Eu questionei essas multas na Justiça. Em alguns processo ganhei, em
outros o Detran ganhou”, defendeu-se. Com as devidas proporções, Fúcio é um suplente
de Dantas. Caso o antigo presidente deseje voltar para o comando do partido,
pode regressar a qualquer momento.
Saiba mais
“Pedi licença, mas contínuo membro da Executiva do partido. Agora, o PSB
precisa de alguém mais presente, mais próximo. O partido está em boas mãos com
Antônio Fúcio. As decisões são de um colegiado mas é preciso um líder para
coordenar”, alegou Marcos Dantas.
Entre as queixas do militantes do PSB a mais insistente refere-se ao
rebaixamento da pasta de Turismo, incorporada ao Desenvolvimento
Econômico. O secretário era Jaime Recena um potencial candidato do
partido a nova tentativa de chegar à Câmara Legislativa em 2018.
A reclamação ganhou força quando o partido identificou que Rollemberg
concentrou poder com a reforma. Além de vitaminar pastas da cota pessoal, como
a Casa Civil, o governador assimilou a Secretaria de Ciência e Tecnologia e a
Fundação de Apoio à Pesquisa.
Fonte: Jornal de
Brasília - Francisco Dutra