Bernadete e o coordenador de Cirurgias Plásticas,
José Adorno: sucesso
Trabalho voluntário feito na rede pública garante a
reconstrução das mamas de quem teve ou está em tratamento contra o câncer. No
DF, é a quinta vez que ocorre a ação
O sábado se revelou um dia de vitória
para várias mulheres do Distrito Federal. Em homenagem ao Outubro Rosa, foram
realizadas 37 cirurgias voluntárias em quem teve ou ainda tem câncer de mama.
Parte delas envolveu a reconstrução mamária, realizada naquelas que fizeram a
mastectomia (retirada de tumores), em uma parceria da Sociedade Brasileira de
Cirurgia Plástica com a Secretaria de Saúde do DF. O atendimento a 17 pacientes
ocorreu no Hospital Regional da Asa Norte (Hran), no Hospital das Forças
Armadas (HFA), no Hospital Regional de Santa Maria, no Hospital Regional de
Sobradinho, no Hospital Universitário de Brasília (HUB) e no Instituto Capital
Brasil.
Uma das
beneficiadas é Bernadete da Silva, 49 anos, que viu uma amiga morrer da doença.
Ela começou o tratamento contra o câncer em 2011 e retirou o seio esquerdo em
2012. “É difícil, ainda mais levando em conta que eu estava meio careca pelo
tratamento. Mas era necessário para me livrar da doença, então, procurei não me
abalar”, relatou. No início do ano, ela fez a reconstrução mamária e, ontem,
simetrização e reconstituição da aréola e do mamilo. “Não vejo a hora de me
olhar no espelho”, disse, emocionada, poucas horas após a cirurgia.
Trata-se
da quinta vez que ocorre a ação. Para a presidente da Sociedade Brasileira de
Cirurgia Plástica, Rosângela Santini, o mutirão se mostra importante porque
resgata a autoestima das mulheres e diminui a fila no SUS — as primeiras na
lista de espera são contempladas. “Vale destacar que muitos profissionais se
mobilizaram para fazer o trabalho voluntário, mesmo em um período de greve na
saúde, que nós apoiamos, mas não deixamos de lado um ato de solidariedade”,
afirmou.
O
coordenador de Cirurgias Plásticas da Secretaria de Saúde e organizador da
ação, José Adorno, acrescentou que é preciso mudar a imagem difundida da
especialização e chamar a atenção do governo. “A estética é sempre muito
comentada, mas o papel principal da cirurgia plástica é o social. Essas
mulheres que tiveram um membro do corpo amputado precisam de um serviço público
que garanta a reconstituição. Isso é tão importante quanto a mastectomia, e nós
precisamos de profissionais, de espaço e de materiais”, defendeu.
Mutirões
Enquanto
os outros hospitais realizaram a reconstrução de mama, o Hospital de Base do DF
se concentrou nas cirurgias de retirada de tumores nos seios. Foram 20 mulheres
atendidas em seis salas de operação, mobilizando 17 mastologistas, seis
anestesistas e 22 enfermeiros e técnicos de enfermagem voluntários,
profissionais do HBB, do HUB, do Hospital Regional de Taguatinga e do Hospital
Materno Infantil de Brasília (Hmib).
A chefe
da Unidade de Mastologia do HBDF, Daniele Calvano, lembrou do deficit de recursos
na área e ressaltou a importância do Outubro Rosa para motivar o voluntariado.
“Dessa forma, conseguimos diminuir a fila de espera por uma cirurgia, que pode
ser longa. No DF, cerca de 900 mulheres são diagnosticadas com câncer de mama
todos os anos”, afirmou. Para Daniele, os mutirões de prevenção são igualmente
relevantes. Em outra ação, no início do mês, mais de 400 mulheres foram
consultadas e fizeram o exame de mamografia.
Tatuagem
Além da
reconstituição da aréola e do mamilo, há a opção de fazer uma tatuagem no seio,
no formato e nas cores deles. Duas pacientes que fizeram a reconstrução mamária
anteriormente realizaram o procedimento no Hran ontem. A responsável pela ação
foi a enfermeira Karla Lucia do Nascimento, do Centro de Câncer de Brasília
(Cettro).
Fonte: Laísa Queiroz – Correio
Braziliense – Foto: Ana Raissa Es.Cb/D.A.Press