Manhã de 29 de setembro. Por: Jane Godoy
Convidadas pela presidente da Abrace, Ilda Peliz,
fomos assistir à inauguração das novas instalações da cozinha da Casa de Apoio,
que fica no Guará, obedecendo a todas as normas impostas para o local.
A dinâmica e atuante Márcia Rollemberg, mais as
embaixatrizes do Gabão e da República de Camarões, também foram conferir a
alegria de podermos proporcionar às crianças com câncer e suas famílias o que
há de melhor em matéria de conforto, fazendo-as se sentirem como se em casa
estivessem.
Como jornalista não consegue se focar em apenas um
detalhe, durante a cerimônia de agradecimento às benfeitoras da obra, com
discursos emocionados, faço um passeio com os olhos pelo que está em volta da
casa, do outro lado do alambrado que separa a instituição da pista de rolamento.
Detenho-me, então, diante de uma cena que muito me
envergonhou e procurei saber o que era aquilo.
Explicaram que, do outro lado do alambrado, fizeram
uma pista de bicicross ou moto cross para as crianças e jovens da região.
Desativada e sem qualquer projeto para aquela área, ela foi ficando, ficando,
sem destino e sem utilidade, até que a vizinhança, preocupada com a ociosidade
do lugar, começou, por conta própria, dar-lhe uma (in)digna finalidade:
transformou a área num lixão. Simples assim. A área estava vazia, sem
utilidade, nada melhor do que fazer dela um campo de arremesso de lixo,
economizando recipientes e sacos apropriados, nem o trabalho de colocar o lixo
para ser levado pelos caminhões.
Só que, nesse “esporte”, a medalha que merecem é
outra: nada de ouro, prata ou bronze e sim um desonroso troféu, em que deveria
existir a imagem do Sujismundo, figura criada nos anos 1980, pelo jornalista
Edgardo Erichssen. Era a imagem de um homem feio e sujo, vestindo andrajos, com
mosquitos pairando sobre sua cabeça.
O pior de tudo é que o referido depósito de lixo
fica exatamente em frente à Casa de Apoio da Abrace, que, nem é preciso dizer,
abriga crianças com os mais variados e graves tipos de câncer, cuja imunidade é
sempre baixíssima.
Uma falta de respeito, de educação, de civilidade
da comunidade que, sem freio e sem instrução adequada que deve vir das famílias
e dos bancos escolares, não tem a menor noção da gravidade do que está fazendo.
Pior ainda é a postura da Administração Regional,
que não só não exerce a sua função específica, ou seja, de cuidar do bairro, em
todos os setores, como também não aplica o seu poder administrativo,
considerando o fato como uma infração grave, de conscientização e punição da
comunidade que comete tal descumprimento da lei da limpeza. E tampouco manda
limpar.
Uma pena! Uma casa tão visitada por diplomatas que
tanto ajudam a Abrace e a gente tem que submetê-los ao vexame de ter que
assistir àquela cena que tanto denigre a imagem do brasiliense diante do mundo
inteiro...
Por: Jane Godoy – Coluna 360 Graus – Correio Braziliense – Foto/Ilustração: Blog-Google
Encaminha essa denuncia para a Administração. Eles tem que tomar alguma providência a respeito.
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