Escrevo ainda sob estado de choque com as imagens
deprimentes de violência produzidas durante o movimento de greve dos
professores do DF. Em primeiro lugar, a polícia usou uma força completamente
desproporcional e descabida ao desobstruir o Eixão Sul. É um despautério tratar
professores na condição de meliantes agressivos e perigosos. A polícia poderia
ter liberado a via sem precisar promover esse espetáculo de truculência.
Os professores constituem uma classe que vive,
permanentemente, à flor da pele. São vítimas de todos os políticos demagogos.
Durante as campanhas para eleições, os candidatos acenam com planos de educação
de fazer inveja à Suécia, como diz a Dad Squarisi. E, depois que assumem o
mandato e se tornam Excelências, tudo volta à mesma situação de precariedade.
A valorização do ensino começa pela valorização do
professor, e isso nunca aconteceu no Brasil. É ele quem lidera todo o processo.
Não adianta equipar a escola com computadores de última geração. É preciso
investir nos professores. Enquanto isso não ocorrer, o Brasil vai patinar no
subdesenvolvimento.
Por outro lado, a partidarização e o aparelhamento
ideológico dos sindicatos contribuem para acirrar ainda mais os ânimos. Ora, o
grande responsável pela irresponsabilidade de conceder aumentos sem dinheiro
foi o governo anterior do senhor Agnelo Queiroz. Cabe ao governador atual,
Rodrigo Rollemberg, administrar a lambança. E, me parece, é isso que ele está
fazendo dentro das limitações do momento. O que se pode exigir mais do chefe do
Executivo na circunstância atual de penúria distrital e de rombo gigantesco do
governo federal?
Não me parece razoável paralisar todas as
atividades em situação tão delicada quando todos estão recebendo os salários em
dia. No caso específico, quem preferiu continuar dando aulas não é,
necessariamente, pelego. É inaceitável a truculência com que sindicalistas
invadiram o Caseb para intimidar professores e alunos que decidiram continuar
as atividades da escola. Se a causa é justa e tão clamorosa, que eles
apresentem argumentos convincentes para persuadir.
Ainda será preciso muita luta para que se modifique
o quadro da educação no Brasil. E isso porque, para a maioria dos políticos,
interessa o sistema de ensino sucateado, os professores mal remunerados e a
perpetuação da ignorância. Sem isso, eles não sobrevivem. Mas não é com a
violência que vamos mudar nada. Todos sairão perdendo com esse espetáculo de
intolerância, sectarismo, grosseria e barbárie.
Por: Severino Francisco – Correio Braziliense – Foto/Ilustração: Blog-Google