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PPP é só o princípio

Por trás da publicação no Diário Oficial do DF do “chamamento de interesse”, para que a iniciativa privada venha gerir determinados espaços públicos como o Centro de Convenções; as torres de TV e Digital; o Parque da Cidade; e o Zoológico, está um governo, com menos de um ano à frente do Buriti, que passa pela experiência dramática de quem herda uma administração cupinizada pelos petistas.

O que aconteceu na capital federal foi um exemplo, em escala, do que ocorreu com o restante do país nesses últimos anos: sequência de governos irresponsáveis que ironizaram como coisa de neoliberal e conservador os princípios, contidos em lei, da responsabilidade fiscal. A gastança desenfreada em obras faraônicas e em outros itens assistencialistas de cunho populista e eleitoreiro trouxe-nos ao porto da recessão, da inflação de dois dígitos e do desemprego generalizado.

Visto no contexto mais amplo, o país está em liquidação. Curioso é que, mesmo sendo vendidos ou disponibilizados a preço de banana, tanto os ativos do GDF quanto os da União são encarados com muito ceticismo por parte da iniciativa privada nacional, que antevê no chamamento armadilha cujos efeitos maiores serão os de empurrar para os investidores particulares anos e anos de administração perdulária.

A desconfiança se dá, em última análise, pela vacuidade e volatilidade de regras confeccionadas ao sabor do momento. Tirando o Centro de Convenções, transformado pela última reforma de obra icônica da segunda fase do modernismo em espécie de tatersal que ainda consegue se manter autossuficiente em recursos, todo o restante parece ter um fim bem sombrio.

O problema com a construção de elefantes brancos, tipo Estádio Mané Garrincha, que ainda não foi posto em liquidação, é que, pelo seu tamanho e custo de manutenção, se tornam praticamente inviáveis economicamente, principalmente em época de vacas magras. A bem da verdade, muitos países estão simplesmente abolindo a existência de zoológicos, acabando com esse hábito antigo de enjaular animais para o deleite dos seres humanos. As torres de TV e Digital deveriam, na lógica, ficar sob a administração das redes e emissoras de TV que se utilizam de suas estruturas.

Nesta primeira leva de itens a serem disponibilizados à iniciativa privada, talvez o Parque da Cidade seja o que apresenta maior potencial de retorno de investimentos, numa época em que o culto ao corpo e à saúde tem levado milhares de pessoas a praticarem todo tipo de esportes e exercícios físicos, além do negócio representado pela grande proliferação de academias de ginástica.

Fica ainda uma indagação sobre o destino previsto para o novo Centro Administrativo Buritinga, construído quando ainda se acreditava que os recursos dos contribuintes eram inesgotáveis e eternos. As Parcerias Públicos Privadas, chamadas pelo GDF a socorrer as finanças da capital, sinalizam a necessidade de retomar ao princípio da responsabilidade fiscal, início e fim de qualquer governante sério.

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A frase que não foi pronunciada
“Dê-me políticos honestos e eu te darei uma oposição livre e ativa.”
(Eleitor, esperando o impeachment)

Por: Circe Cunha –Coluna “Visto, lido e ouvido” – Ari Cunha – Correio Braziliense – Foto/Ilustração: Blog-Google

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