Fatos e números têm o poder de
descerrar a cortina de fumaça do ilusionismo, apresentando ao estimado público
os bastidores do Estado, conforme ele é, não conforme querem que ele pareça
ser.
Por trás das grossas cortinas de veludo vermelho, representado pelo
marketing oficial, maciço e poderoso, o que se vê é um país que segue em
desabalada queda. Em qualquer direção que o cidadão voltar o olhar e a atenção,
os dados numéricos, apurados sem a interferência do governo, se mostram
extremamente negativos.
Antigamente os boletins escolares traziam a cor azul para representar as
notas no intervalo de 50 a 100 e vermelha para as nota de zero a 49.
Visualmente, tinha-se noção geral do desempenho do aluno pela predominância de
uma cor sobre a outra. Azul para o que era positivo e vermelho para o negativo.
Indicador que mostra, com clareza, a performance do governo é
apresentado agora pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento
(Pnud). Há exatamente 10 anos, o Brasil, segundo o Pnud, apresentava índice de
desenvolvimento humano, entre 177 países pesquisados, a 63ª posição, com 0,79
pontos, graças, sobretudo, aos avanços nas áreas de educação e longevidade. Na
ocasião, 12 países da América Latina tinham desempenho superior ao brasileiro,
com a Argentina ocupando a 34ª posição, com IDH de 0,863.
De lá para cá, o planeta deu 10 voltas completas em torno do Sol. Ao
longo desse período, o país tomou rumo descendente e desabou nos degraus do
IDH, ocupando agora, de acordo com o mais recente relatório (2014), a 75ª
posição entre os 188 países avaliados. Note-se que o IDH ainda não traz a
avaliação do Brasil em 2015, que agora vai se encerrando.
O ano de 2015 é avaliado por muitos economistas como totalmente perdido
em termos de crescimento e melhora nos indicadores sociais, o que certamente
vai forçar ainda mais para baixo esse último ranking das Nações Unidas. De
acordo com o especialista no assunto, Ricardo Paes de Barros, do Insper, a
longa crise que se anuncia ainda para os próximos anos vai jogar os pobres de
volta para fora da estrada.
Mais do que as pedaladas fiscais, usadas não para os programas sociais,
como afirma o governo, mas para tapar rombos grosseiros no Orçamento feitos
para atender as diretrizes ideológicas do Partido dos Trabalhadores, o roteiro
que leva Dilma ao impeachment é pavimentado pelas notas vermelhas que recheiam
o boletim da marionete aprendiz de presidente. A reprovação de Dilma pelo
grosso da população torna evidente o fim de um ciclo que se quer esquecido como
lembranças de um tempo ruim. Digamos, de herança maldita.
A frase que não foi pronunciada
“Recado para a oposição: as ruas estiveram
mais vazias porque até hoje vocês não fizeram nada a favor do
Brasil.”
(Faixa na Esplanada)
Por: Circe Cunha – Coluna “Visto,
lido e ouvido” – Ari Cunha – Correio Braziliense – Foto/Ilustração: Blog-Google