A CPI do Transporte apura possíveis irregularidades
na licitação de R$ 7,8 bilhões realizada no governo anterior
Investigação sobre a polêmica licitação do
transporte público caminha para a denúncia de alguns dos envolvidos em supostas
fraudes no processo. Os distritais devem encaminhar hoje ao governador
Rollemberg carta com detalhes da apuração
Finalmente, a CPI aberta para
investigar o processo de renovação da frota de ônibus do Distrito Federal
avança. Um dos passos deve ser o pedido de indiciamento de Sacha Reck, acusado
de comandar a licitação enquanto advogava para empresas vencedoras; do ex-presidente
da Comissão de Licitação, Galeno Furtado Monte; e do ex-secretário de
Transporte José Walter Vázquez. A licitação custou R$ 7,8 bilões.
Além dos possíveis indiciamentos, os
distritais devem entregar hoje uma carta com recomendações para o governador
Rodrigo Rollemberg (PSB), com base nas apurações. Do documento, consta uma
suposta desigualdade nos repasses feitos pelo Governo do Distrito Federal (GDF)
às empresas de transporte em operação na capital. O texto aponta atrasos para
todas as companhias, exceto a Viação Pioneira, um dos principais alvos da CPI.
Outro fator apontado são erros em pagamentos de passagens para deficientes,
que, caso sanado, fariam o Executivo local economizar cerca de R$ 5 milhões por
ano.
A carta deveria ser entregue a
Rollemberg ontem, mas os deputados não chegaram a um consenso. “Estamos
ajustando as redações”, sintetizou Raimundo Ribeiro (PSDB), relator da CPI do
Transporte. O presidente da comissão, Bispo Renato Andrade (PR), afirmou que é
muito incisivo nas colocações; por isso, o atraso no envio do documento ao
governador. Para Ricardo Vale (PT), no entanto, “levantam-se ilações que
carecem de provas, não há elementos para aprovar essa carta”.
O secretário de Mobilidade, Marcos
Dantas, negou que haja favorecimento a alguma operadora de ônibus local. Em
nota, a Associação das Empresas Brasilienses de Transporte Urbano de Passageiro
(Abratup) reforçou que o repasse é feito no mesmo dia para cada uma das cinco
companhias em atuação no Distrito Federal.
Casamento
Nas investigações da CPI do Transporte
da Câmara, chama a atenção o nome de Luiz Fernando Messina, ex-subsecretário de
Políticas de Transporte e Trânsito. Ele é um dos investigados e prestou
depoimento durante os trabalhos da Casa. Hoje assessor de Rodrigo Delmasso
(PTN), suplente da Comissão, Messina promoveu um luxuoso casamento no
Copacabana Palace, no Rio de Janeiro, para o filho. O evento ocorreu no último
fim de semana.
Integraram a seleta lista de convidados nomes conhecidos da política
local. A presidente e a vice da Câmara Legislativa — Celina Leão (PDT), autora
da CPI, e Liliane Roriz (PRTB), respectivamente — estiveram presentes.
Filippelli não ficou de fora, assim como o conselheiro do Tribunal de Contas do
Distrito Federal Manoel de Andrade Neto, o Manoelzinho do Táxi. O ex-senador
Gim Argello (PRTB), o ex-presidente da Câmara Legislativa Leonardo Prudente, o
presidente da Fecomércio, Adelmir Santana e o secretário adjunto de Relações
Institucionais do DF, Igor Tokarski, também compareceram à festa.
Pressão por “CPI da Agefis”
Sobrou tensão na audiência pública
realizada na tarde de ontem para debater as derrubadas da Agência de Fiscalização
(Agefis). Moradores de invasões que sofreram ações de derrubada do órgão, como
ocupantes de Vicente Pires e do Condomínio Sol Nascente, em Ceilândia,
compareceram ao auditório da Câmara Legislativa para exigir uma CPI da Agefis.
Não faltaram críticas à presidente da Agefis, Bruna Pinheiro, que estava
presente na Casa. Apesar da pressão dos próprios distritais e da plateia, ela
afirmou que “Brasília não pode mais crescer, pois o desordenamento é fruto de
invasões”. Reiterou que as demolições “não vão parar”. O deputado Ricardo Vale
(PT) é o autor do requerimento para a realização da audiência.
Fonte: Guilherme Pera – Foto: Breno
Fortes/CB/D.A.Press – Correio Braziliense