O brasileiro
já sabe que a inflação que rouba o poder de compra de seu salário saiu dos
trilhos este ano. Ficou tão longe do que prometia o governo (meta de 4,5% para
2015), que sobram razões para desconfiar que muito dessa disparada de preços
vai continuar comprometendo o orçamento das famílias em 2016. O próprio Banco
Central (BC), na ata divulgada semana passada, relativa à última reunião do
Comitê de Política Monetária (Copom), que decidiu manter a taxa básica de juros
(Selic) em 14,25% ao ano, não descarta a disposição de aplicar em 2016 algumas
doses do amargo remédio dos juros. O objetivo é evitar que a corrida dos preços
impeça a projeção da autoridade monetária de entregar inflação abaixo do teto
da meta (6,5%) no ano que vem e de manter a trajetória de convergência para os
4,5% em 2017.
Contudo, mesmo que haja menos resíduos do congelamento tarifário praticado no ano eleitoral de 2014 — em boa parte já desaguados no bolso do consumidor em 2015 — os sinais de pressão sobre os preços em 2016 são evidentes. O ajuste dos combustíveis e da energia elétrica vai pesar menos, mas não está concluído. No caso da eletricidade, o alívio da bandeira verde (caso as chuvas continuem a melhorar a situação dos reservatórios) não será total na conta de luz, já que as distribuidoras tiveram de desembolsar quantias elevadas para arrematar as usinas velhas que foram a leilão recentemente.
Mas isso é só parte do problema. Há, por enquanto, total incerteza a respeito da política fiscal que o governo conseguirá executar em 2016. Para começar, é certo que, se a economia encontrar algum motivo para se reanimar (o que depende muito do ambiente político), não será do dia para a noite que a atividade econômica voltará a faturar a ponto de produzir a recuperação da arrecadação de impostos. Não nos saudosos níveis comemorados pelo governo até 2011.
E essa recuperação é cada vez mais sonhada pelos técnicos do Tesouro Nacional, que ainda não vislumbram vida menos apertada em 2016. Um indicador é a aprovação, na quinta-feira, pela Comissão Mista do Orçamento, no Congresso, do relatório preliminar do Orçamento da União para o ano que vem: mesmo incluindo a arrecadação da CPMF, ainda não recriada, mas que entraria em vigor em setembro, permanece um rombo de R$ 10,4 bilhões.
Parlamentares e governo ainda buscam uma maneira de cobrir essa diferença. Se não encontrarem, ficarão tentados a aumentar a alíquota da CPMF ou retomar a cobrança da Cide sobre a gasolina. Ambos inflacionários. E mesmo que encontrem, darão ao governo o Orçamento com meta de superavit primário precário, de apenas 0,7%. Ou seja, assim como no primeiro mandato da presidente Dilma, a política fiscal não vai ajudar o Banco Central e, sozinha, a política monetária (juros), que terá limitações por causa da conjuntura econômica, dificilmente poderá conter a inflação. Melhor teria sido fazer o ajuste fiscal em 2015.
Fonte: “Visão” do Correio Braziliense – Foto/Ilustração: Blog - Google
Contudo, mesmo que haja menos resíduos do congelamento tarifário praticado no ano eleitoral de 2014 — em boa parte já desaguados no bolso do consumidor em 2015 — os sinais de pressão sobre os preços em 2016 são evidentes. O ajuste dos combustíveis e da energia elétrica vai pesar menos, mas não está concluído. No caso da eletricidade, o alívio da bandeira verde (caso as chuvas continuem a melhorar a situação dos reservatórios) não será total na conta de luz, já que as distribuidoras tiveram de desembolsar quantias elevadas para arrematar as usinas velhas que foram a leilão recentemente.
Mas isso é só parte do problema. Há, por enquanto, total incerteza a respeito da política fiscal que o governo conseguirá executar em 2016. Para começar, é certo que, se a economia encontrar algum motivo para se reanimar (o que depende muito do ambiente político), não será do dia para a noite que a atividade econômica voltará a faturar a ponto de produzir a recuperação da arrecadação de impostos. Não nos saudosos níveis comemorados pelo governo até 2011.
E essa recuperação é cada vez mais sonhada pelos técnicos do Tesouro Nacional, que ainda não vislumbram vida menos apertada em 2016. Um indicador é a aprovação, na quinta-feira, pela Comissão Mista do Orçamento, no Congresso, do relatório preliminar do Orçamento da União para o ano que vem: mesmo incluindo a arrecadação da CPMF, ainda não recriada, mas que entraria em vigor em setembro, permanece um rombo de R$ 10,4 bilhões.
Parlamentares e governo ainda buscam uma maneira de cobrir essa diferença. Se não encontrarem, ficarão tentados a aumentar a alíquota da CPMF ou retomar a cobrança da Cide sobre a gasolina. Ambos inflacionários. E mesmo que encontrem, darão ao governo o Orçamento com meta de superavit primário precário, de apenas 0,7%. Ou seja, assim como no primeiro mandato da presidente Dilma, a política fiscal não vai ajudar o Banco Central e, sozinha, a política monetária (juros), que terá limitações por causa da conjuntura econômica, dificilmente poderá conter a inflação. Melhor teria sido fazer o ajuste fiscal em 2015.
Fonte: “Visão” do Correio Braziliense – Foto/Ilustração: Blog - Google