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#ECONOMIA » Recessão chega à capital federal

Retração no desempenho de três trimestres consecutivos confirma a crise no DF. Serviços, indústria e agropecuária diminuem índices

O Distrito Federal está oficialmente em recessão. Pela terceira vez consecutiva ao longo do ano e em toda a série história da pesquisa Índice de Desempenho Econômico do DF (Idecon/DF), a atividade econômica caiu 0,6%. O dado, apresentado pela Companhia de Planejamento do DF (Codeplan), se refere ao terceiro trimestre de 2015, de julho a setembro. Dejaneiro a março a redução ficou em 1,7%; e de abril a junho, a retração repetiu  0,6% (veja ilustração). Os três principais setores — serviços, indústria e agropecuária — diminuíram 0,4%, 3,6% e 3,5%, respectivamente. Para o presidente da Codeplan, Lúcio Rennó, o desempenho negativo influencia o desemprego, a menor arrecadação fiscal e um efeito maior nas classes periféricas.

Em relação aos serviços, a administração pública, saúde e educação retraíram 0,1%. O estudo revelou que a crise financeira afetou a contratação de pessoal e novos investimentos. Diante desse cenário, o diretor de Estudos e Políticas Sociais da Codeplan, Flávio Gonçalves, confirmou que a capital apresenta expressivo declínio na taxa de crescimento econômico. “O DF leva mais tempo para cair em recessão. A nível nacional, demorou seis trimestres, e o DF entrou nessa três meses depois do Brasil. Temos uma sorte extrema, que é a estabilidade da administração pública em relação às demissões, mas as pessoas têm perdido poder aquisitivo e estão cortando compras, diminuindo os empréstimos e evitando mais intermediações financeiras.”

A intermediação financeira também diminuiu 4% no terceiro trimestre. A população reduziu a procura por crédito. Uma das explicações pode ser a elevação das taxas de juros e o encarecimento do crédito.

Além das finanças, o comércio local retrocedeu 6,6% no mesmo período. Os setores que mais apresentaram diminuição nas vendas no acumulado de janeiro a setembro foram eletrodomésticos; livros, jornais, revistas e papelarias; móveis; tecido, vestuários e calçados; e hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo.

Na área de serviços, duas atividades registraram elevação. A primeira, que cresceu 2,3% de julho a setembro, atingiu áreas de transporte, alimentação, atividades imobiliárias, educação e saúde, serviços domésticos e recreação. A segunda, que evoluiu 2,3%, se refere aos serviços de informação. 

Segundo Gonçalves, uma das saídas econômicas para o DF deixar de depender exclusivamente dos serviços públicos é o potencial do setor de produção de informação e novas tecnologias. No entanto, para ele, as estimativas para 2016 são ruins. “A previsão é de que o mercado apresente uma queda de 3,2% no próximo ano. A inflação vai continuar comendo o salário do trabalhador e não será fácil recuperar a economia local.”

“Medo”
O cenário da indústria no DF também não é animador. O setor teve queda de 3,6% no terceiro trimestre. A construção diminuiu 4%. A redução afeta, principalmente, o desemprego. De janeiro a setembro, o DF perdeu 7.015 postos formais de trabalho. “O efeito gera uma perspectiva mais pessimista, porque as vagas não são criadas de uma hora para outra. O cenário é preocupante, mas a tendência do DF é diferente da do Brasil em razão da dependência do setor de serviços públicos com salários altos e estáveis”, esclareceu Rennó.

Na agropecuária, o índice econômico recuou 3,5%. Segundo a pesquisa, um dos motivos tem relação com a estiagem.

Para o presidente da Fecomércio, Adelmir Santana, os motivos da recessão são o retorno das taxas inflacionárias; a alta dos juros; a situação econômica do país; os crescentes índices de endividamento das famílias brasilienses e o risco do desemprego, que faz as pessoas restringirem o consumo a itens essenciais.

"A previsão é de que o mercado apresente uma queda de 3,2% no próximo ano. A inflação vai continuar comendo o salário do trabalhador do Distrito Federal e não será fácil recuperar a economia local”
(Flávio Gonçalves, diretor de Estudos e Políticas Sociais da Codeplan)


Fonte: Isa Stacciarini – Correio Braziliense – Foto/Ilustração: Blog – Google  

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