Sistema vai ser dividido em sete superintendências
e prestará atendimento de acordo com as necessidades de cada região
Com o objetivo de garantir eficiência no atendimento ao paciente,
reduzir custos e aumentar faturamento, a Secretaria de Saúde planeja reformular
a estrutura do órgão e adotar o modelo de gestão regional. Para apresentar a
proposta e ouvir críticas e sugestões, o titular da pasta, Fábio Gondim,
iniciou nesta terça-feira (15) uma série de visitas às coordenações regionais.
Na manhã de hoje, ele esteve em Santa Maria, onde foi recebido por servidores
de saúde da região e do Gama.
De acordo com Gondim, a intenção é aprimorar a proposta após as
conversas. "É importante ouvir a opinião das pessoas, principalmente das
que atuam diretamente em cada uma das áreas, porque elas conhecem detalhes que
a gente, às vezes, não consegue enxergar."
No lugar das atuais 15 coordenações, a
ideia é que o sistema passe a funcionar dividido em sete superintendências
regionais, com maior autonomia para gerir recursos financeiros e humanos. A
mudança também segue premissa estabelecida pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Por meio de um pacto de gestão publicado em
2006, o Ministério da Saúde estabeleceu que, mais do que definir diretrizes
gerais, é preciso levar em consideração as características das diferentes
regiões dentro de cada unidade da Federação.
A reestruturação cria as Superintendências da Região de Saúde Norte,
Sul, Leste, Oeste, Sudoeste, Centro-Sul e Centro-Norte. "Vamos definir as
funções e a responsabilidade dos superintendentes, que serão indicados, e a
autonomia que será lhes dada", explica a subsecretária de Planejamento em
Saúde, Leila Gottems. Serão funções dos gestores, entre outras, definir escalas
de trabalho e período de férias e estabelecer contrato de manutenção de
equipamentos. "Eles não dependerão mais da administração central para
pedir o reparo do ar-condicionado, por exemplo, e isso tornará o processo menos
burocrático e mais rápido."
Além disso, pretende-se mudar o foco da atenção à saúde. Hoje, as
decisões estão voltadas principalmente ao atendimento de emergência, quando seria
mais eficaz dar prioridade à saúde básica — destinada ao primeiro acolhimento
nos postos.
Serviços
centralizados
Compras
de medicamentos e de materiais médicos continuarão sob responsabilidade da
secretaria, visto que a negociação em grandes quantidades é mais vantajosa para
o comprador. Também continuará a cargo da administração central a realização de
concurso e a convocação de novos servidores.
Estuda-se para que, futuramente, os certames sejam feitos de acordo com
as necessidades regionais, e o candidato indique o local em que deseja ser
locado. "Hoje a pessoa só é informada onde vai atuar no momento da posse.
Queremos mudar isso", afirma Leila. A estabilidade da carreira pública e
os direitos dos servidores não terão alterações.
Monitoramento
Na avaliação
da subsecretária, talvez o que mude de imediato para os profissionais da
Secretaria de Saúde seja uma maior cobrança por resultados. Cada
superintendente assinará um acordo de gestão, e o desempenho será avaliado a
cada quatro meses. "Não há essa cultura de monitoramento, e a secretaria
dividirá a responsabilidade diante dos órgãos de controle com o gestor. Por
isso, será natural que a cobrança por resultados chegue a todos os
níveis", conclui Leila. A pasta de Saúde prepara-se para capacitar os servidores
na construção de metas regionais.
A divisão das funções com as novas superintendências tende a desafogar o
trabalho da Secretaria de Saúde. Segundo a subsecretária Leila, grande parte do
esforço dos servidores da administração central da pasta está voltada para
resolver problemas do dia a dia das regionais, como definição de escala de
médicos, pequenos reparos nas unidades, logística de atendimento.
"Ficamos ocupados com esse cotidiano e sem tempo para o
planejamento em si. Estamos atrasados em muitas de nossas tarefas por falta de
capacidade de atender a tudo." Sem isso, avalia a gestora, os técnicos
estarão mais disponíveis para se concentrar em atividades como elaboração de
políticas públicas, avaliação de resultados, planejamento e análise de
tendências epidemiológicas.
Atendimento
ao público
No início
de 2016, haverá o mapeamento de toda a rede, dos serviços prestados, das
necessidades de cada região administrativa e da capacidade de atendimento das
unidades de saúde. Depois desse processo, serão assinados os contratos de
gestão. Na prática, o atendimento ao público não terá modificações imediatas.
Os hospitais seguirão atendendo à população que chegar aleatoriamente, e os
centros de saúde continuarão voltados aos moradores da região onde estão
instalados.
Também não haverá inicialmente expansão da rede. Permanecerão os atuais
16 hospitais, os 66 centros de saúde, as 83 unidades básicas, as nove clínicas
da família, os 16 centros de atendimento psicossocial e as seis unidades de
pronto-atendimento. Os serviços de referência — Hospitais de Base, de Apoio e
São Vicente de Paulo — não serão regionalizados e continuarão sob gestão da
secretaria.
Primeiras
mudanças
A
reestruturação da administração central da Secretaria de Saúde foi publicada em
27 de novembro e começou com o estabelecimento de seis subsecretarias no lugar
de nove. As áreas de atenção primária e de atendimento especializado foram
fundidas e foi criada a Subsecretaria de Atenção Integrada à Saúde.
As subpastas de Gestão Participativa e de Tecnologia da Informação
passaram a funcionar, respectivamente, como assessoria ligada ao gabinete do
secretário e como coordenação. O restante da estrutura foi mantido.
Por: Paula Oliveira e Samira Pádua, da Agência Brasília - Foto:
Gabriel Jabur/Agência Brasília