Muita gente passou pela loja da fundação, ontem,
para comprar peças da obra dele
Fundação lança, com ajuda de financiamento
coletivo, calendário de 2016 ilustrado com trabalhos do mais importante artista
de Brasília. Lojas colocam à venda novas peças inspiradas na obra dele, como
joias e lenços
As obras de Athos Bulcão não se limitam
aos perímetros do quadradinho, que há algumas décadas ganharam reconhecimento
internacional. Considerado o último artista do movimento modernista brasileiro,
ele transformou Brasília em um museu a céu aberto. Sua presença está cada vez
mais presente na vida de fãs que não se contentam em apenas admirar os painéis
espalhados pela capital. Ontem, a Fundação que leva seu nome lançou o
Calendário Ilustrado de 2016.
A iniciativa teve financiamento
coletivo, por meio do Catarse, e chegou a R$ 32.893. O projeto do calendário
existe desde 1998 e apresenta 12 diferentes obras de arte a cada ano. Além de
homenagear o artista, as páginas dos meses de janeiro sempre são dedicadas a
obras criadas por crianças brasilienses, inspiradas em seus trabalhos. A
tiragem do novo exemplar é de 6 mil unidades — 33% maior que na última edição.
O novo calendário explora técnicas
usadas por Athos que passam despercebidas frente aos venerados azulejos.
Durante os doze meses do ano, o espectador poderá desfrutar de pinturas,
desenhos, gravuras, esculturas, colagens, além de estudos e plantas de
projetos. “As pessoas têm uma relação muito íntima com a obra. Este ano (2016),
a proposta é evidenciar peças do nosso acervo que o grande público não
conhece”, comenta Rafaella Tamm, coordenadora de projetos da Fundação Athos
Bulcão.
Canecas e gravuras estão entre os itens expostos na
entidade que representa o artista plástico
Parceiros
Quem colaborou com a campanha ganhou,
além do calendário, acessórios inspirados na obra de Athos, como conjunto de
cadernos, baralho, tag para mala, conjunto de ímã, colar de prata, kit marca
página, moldura com dois azulejos da Igrejinha e kit de lápis e livro de Athos
Bulcão para colorir. A publicitária Millen Baqui, 40 anos, participou do
financiamento coletivo e levou para casa, no Jardim Botânico, as peças. “Sou fã
desde sempre. Com as redes sociais e o financiamento coletivo, conseguimos
ampliar e propagar em múltiplas plataformas a arte de Athos, que é tão singela
e tão característica da cidade”, ressaltou a brasiliense.
Além das tradicionais canecas, a
coleção de novos produtos conta com joias, lenços, kit para café, entre outros
objetos. Durante todo o dia de ontem, a movimentação na loja da Fundação, na
404 Sul, foi intensa. Havia crianças, idosos, gente curiosa e também parceiros
de longo tempo da instituição. “Temos que cada vez mais explorar a arte de
Athos. Faz bem para a alma e o ambiente, que fica mais bonito”, destacou a
engenheira de alimentos Cíntia Nagano, 43. Para a moradora da Asa Norte, a arte
de Bulcão é “viciante”. A admiração desbravou gerações da família Nagano. “Aos
4 anos, meu filho fez um trabalho na escola sobre o Athos. Antes mesmo de as
professoras apresentarem o artista, ele já sabia de quem se tratava. É uma
referência muito forte na vida de quem vive em Brasília.”
A publicitária Millen Baqui levou algumas peças
para expor na casa dela, no Jardim Botânico
Centenário
Apesar do reconhecimento e veneração
pelo artista, a Fundação Athos Bulcão não tem sede. A entidade chegou a
receber, em 2009, a doação simbólica de um terreno para a construção do prédio
no Eixo Monumental (ao lado do Centro de Convenções), com projeto do arquiteto
Lelé Filgueiras. No entanto, nada saiu do papel por falta de dinheiro.
Ideia inicial era que a obra, estimada em R$ 4 milhões, fosse financiada
em 50% pelo Ministério da Cultura e em outros 50% pelo GDF.
Em 2010, a fundação foi pressionada a
desocupar o prédio que ocupava provisoriamente, no Setor de Autarquias Norte.
De lá pra cá, mudou de lugar duas vezes. Há dois anos, aluga algumas salas em
uma quadra comercial das asas Norte e Sul, para tocar os projetos e guardar o
acervo da instituição. A Fundação Athos Bulcão foi fundada em 1992 para
preservar e divulgar a obra do artista plástico. A entidade desenvolve projetos
de arte, disponibiliza bens culturais, investe na educação patrimonial e na
formação de plateia.
Em 2018, serão celebrados os 100 anos
de nascimento de Athos. A intenção da Fundação em homenagem a ele é marcar a
data com a inauguração da nova sede. Athos Bulcão é considerado de fundamental
importância na história da arte mundial. A integração de sua arte à arquitetura
é considerada única por especialistas e estudiosos de arte. A produção de sua
obra é considerada uma nova cultura urbana.
Memória - Último modernista
Athos Bulcão nasceu no Rio de Janeiro,
em 2 de julho de 1918, mas dedicou mais da metade de sua vida a Brasília. Ele
abandonou a faculdade de medicina para seguir a carreira artística. Chegou à
nova capital do Brasil em 1958, quando ela estava em construção, a convite de
Oscar Niemeyer. Encantou-se com a paisagem e com o céu do Planalto Central e
nunca mais foi embora. Morreu em julho de 2008, vítima de uma parada
respiratória, após 10 anos de luta contra o mal de Parkinson.
Museu a céu aberto - Veja 10
pontos onde há obras de Athos Bulcão na capital federal:
» Igrejinha Nossa Senhora de Fátima
(307/308 Sul)
» Parque da Cidade (fachadas dos
banheiros)
» Torre de TV
» Teatro Nacional
» Instituto de Artes da Universidade de
Brasília
» Escola Classe 407 Norte
» Jardim de Infância e Escola Classe
316 Sul
» Mercado das Flores (916 Sul)
» Hospital Sarah Kuibitschek
» Palácio do Itamaraty
Por: Otávio Augusto – Fotos:
Gustavo Moreno/CB/D.A.Press – Correio Braziliense
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