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#PESQUISA » Qualidade de vida e saúde fortalecem o DF

               Segundo o estudo, o programa de imunização do SUS reduziu mortes

Levantamento do IBGE indica redução nas mortes de crianças e jovens brasilienses desde 1984. Melhorias na higiene, no saneamento básico e na renda são, segundo especialistas, determinantes para a mudança de cenário

Apesar do momento de crise, os avanços socioeconômicos nas últimas décadas contribuem para o recuo das mortes na infância e na juventude no Distrito Federal. Em 30 anos, a mortalidade infantil caiu 56,4%, saindo de 1.191 casos, em 1984, para 519, em 2014. A capital também está entre as unidades federativas com redução significativa de óbitos de jovens por causas violentas — acidentes e homicídios — na última década. Os dados estão na pesquisa de Registros Civis do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que acaba de ser divulgada.

Segundo o estudo, em 1984, 19,3% das mortes em Brasília eram de crianças com menos de 1 ano. Em 2014, elas representaram 4,4%, uma redução de 14,9 pontos percentuais. Apesar da conquista, o DF ocupa o 14º lugar no ranking nacional. O indicador obtido aqui é resultado de um conjunto de políticas públicas e de mudanças de hábitos ligados à higiene. Pediatras ouvidos pelo Correio destacam o programa de imunização do Sistema Único de Saúde (SUS) e o Saúde da Família como essenciais no processo para salvar a vida de recém-nascidos.

Políticas públicas
Atualmente, o governo oferece, gratuitamente, 25 vacinas. “A principal mudança está ligada ao comportamento dos pais. O pré-natal, a vacinação e o aleitamento materno garantem boa saúde aos bebês e, dessa forma, a redução da mortalidade”, avalia a coordenadora da pediatria da Secretaria de Saúde, Carmem Martins. “As internações reduziram. Não temos casos de desnutrição. O que temos, hoje, são doenças sazonais”, ressalta Carmem.

Marcos Junqueira, integrante da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), cita, além da imunização, a importância do investimento em saneamento básico. “Houve avanços nesse sentido, mas ainda estamos longe do ideal, uma vez que ainda existem cidades que utilizam fossa e não têm acesso à água de boa qualidade”, pontua. Para o pediatra e infectologista Bruno Vaz, a melhora da qualidade de vida e o avanço tecnológico também contribuíram para o recuo da mortalidade infantil. “O controle das doenças ficou mais refinado e criterioso. Dessa forma, detectamos patologias mais rapidamente.”

Em setembro, o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome alertou para a queda dos índices. A autarquia federal argumentou que a conquista resulta de um conjunto de estratégias de políticas públicas implementadas nos últimos 12 anos, como os programas Bolsa Família e Saúde da Família.

Um estudo publicado pela revista científica britânica The Lancet, em 2013, destacou as taxas alcançadas pelo Brasil e evidenciou a importância da estratégia dos programas sociais, que, segundo a publicação, têm dado resultado na redução da mortalidade das crianças brasileiras. De acordo com a pesquisa, as políticas públicas contribuíram para a redução em 19% nas mortes de meninos e meninas de até 5 anos. Os números mostram que a queda foi ainda maior quando se considerou a mortalidade por causas específicas, como desnutrição (65%) e diarreia (53%).


Jovens

A redução da mortalidade entre a faixa etária de 15 a 24 anos, na última década na capital federal, também tem relação com a melhoria da qualidade de vida de 2004 a 2014. Segundo o IBGE, o DF está entre as unidades da Federação com queda significativa nos números de mortes violentas, tanto na população feminina (9,8%) quanto na masculina (13,9%). Eles, como de costume, pertencem à parcela de habitantes mais vulnerável — representam 85,7% dos óbitos entre jovens. Aqueles de 15 a 24 anos registram 30,3% dos casos.

Na avaliação do consultor em segurança pública George Felipe Dantas, é impossível determinar as causas das reduções das mortes entre os jovens no DF sem uma pesquisa específica. Mas ele acredita que alguns fatores podem ter contribuído para esse resultado, como a consolidação das regiões administrativas e a maior presença do Estado; o aumento salarial das famílias nos últimos anos; e o fato de a capital ter, historicamente, uma das rendas per capita mais altas do país.

Segundo Dantas, o poder aquisitivo é um fator importante, pois garante mais acesso a segurança, saúde, educação, oportunidades e lazer. “O DF passa por um processo de consolidação das regiões administrativas. E isso pode favorecer a redução da violência entre jovens”, conclui.



Balanço

Confira alguns dados do Levantamento de Estatísticas de Registro Civil do IBGE


Redução da mortalidade em 30 anos (mortes de crianças menores de 1 ano):


Unidade da Federação   - Em 1984  -   Em 2014  -  Variação (%)
» 1º Paraíba -   8.921  -  676 -   -92,4
» 2º Pernambuco  -  19.160 -   1.569  -  -91,8
» 2º Alagoas  -  6.640  -  538 -   -91,8
» 3º Ceará  -  8.192  -  1.245 -   -84,8
» 4º Rio Grande do Norte  -  2.848 -   439 -   -84,5
» 5º Bahia  -  13.577  -  2.440  -  -82
» 14º Distrito Federal  -  1.191  -  519  -  -56,4

Guarda compartilhada
Unidade da Federação            Variação sobre total de divórcios (%)
» Brasil  -  7,52
» Maranhão  -  12,39
» Amazonas  -  10,85
» Paraná  -  10,67
» Distrito Federal -   10,43

Perfil

Em uma década, a sociedade brasiliense se modificou em vários aspectos


» Casamento homoafetivo: em 2014, 129 pessoas do mesmo sexo se casaram. O número representa 0,7% do total de 18.508 matrimônios

» Matrimônio: a idade média dos cônjuges solteiros aumentou nas últimas décadas, ou seja, as pessoas estão casando mais tarde. Em média, 30 anos para os homens; e 27 para as mulheres

» Divórcios: o DF teve 3,74 separações para cada grupo de mil habitantes, o maior índice do país. O grupo etário que mais desmanchou casamentos foi entre 35 e 39 anos, para os homens; e 30 e 34 anos, para as mulheres

» Filhos: a capital federal é a quarta unidade da Federação com o maior percentual de guardas compartilhadas. No total, 10,4% dos filhos de pais separados são criados nesse sistema

» Partos: aumentou em 4% o número de partos realizados na capital federal. Em 2014, 56.659 bebês nasceram no DF

» Mortalidade infantil: em 30 anos, o número de mortes de crianças menores de 1 ano caiu de 19,3% em 1984 para 4,4% em 2014

» Idosos: em 30 anos, o número de mortes de pessoas com 65 anos ou mais saltou de 10,9%, em 1984 para 51,2% em 2014

» Violência: do total de mortes no ano passado, 9,2% aconteceram por motivos violentos, seja por acertos de conta, seja por brigas, seja por acidentes de trânsito. Desse percentual, 85,7% são homens entre 15 e 24 anos. Em uma década (2004-2014), o número de mortes violentas caiu entre homens (13,9%) e mulheres (9,8%)


Fonte: IBGE



Por: Otávio Augusto – Adriana Bernardes – Foto: Breno Fortes CB/D.A.Press

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