"A autonomia das forças é estratégica e não
limita nem dificulta, apenas amplia a necessidade do diálogo" (Márcia de Alencar Araújo, nova secretária de
Segurança Pública)
Além de nomear como titular da pasta a ex-subsecretária de Segurança Cidadã do GDF, o governador mudou o principal cargo da PM. Ambos assumiram as funções em defesa da integração das forças e da união no Pacto Pela Vida
Dois meses depois da saída do sociólogo
Arthur Trindade, o governador Rodrigo Rollemberg nomeou ontem Márcia de Alencar
Araújo para a Secretaria de Segurança Pública e da Paz Social. A psicóloga e
bacharela em direito tem 50 anos e é a primeira mulher a assumir, efetivamente,
a pasta no Distrito Federal. Mestra em sociologia e com forte discurso na área
de cidadania e defesa dos direitos humanos, Márcia mantém o mesmo perfil do
antecessor, alvo de críticas e resistência dentro da Polícia Militar. Mas ela
assumiu o posto com discurso de integração e evita o embate. “A autonomia das
forças é estratégica e não limita nem dificulta, apenas amplia a necessidade do
diálogo”, afirmou.
Além de finalmente escolher a titular
da Secretaria de Segurança, Rollemberg anunciou uma troca de comando na Polícia
Militar. O coronel Florisvaldo César, que entrou em conflito com Arthur
Trindade no ano passado, foi demitido do posto. O novo comandante da corporação
é o coronel Marco Antônio Nunes, que tem 26 anos de Polícia Militar e estava no
Subcomando-Geral. O coronel Marcos de Araújo, que chefiava a Academia de Polícia
Militar do Distrito Federal, assume o cargo de subcomandante-geral.
Especialistas avaliam que a mudança no
comando da corporação era essencial para restabelecer as forças dentro da
Secretaria de Segurança Pública. Em outubro, um confronto entre professores
grevistas e integrantes do Batalhão de Operações Especiais da PM levou à queda
de Arthur Trindade (leia Memória). O governador Rodrigo Rollemberg não foi
comunicado da ação e cogitou demitir Florisvaldo César. Mas oficiais da PM não
aceitaram a saída e forçaram a permanência do comandante. Insatisfeito com a
situação, Trindade pediu demissão. “No Distrito Federal, o secretário de
Segurança é rainha da Inglaterra”, declarou, à época.
Durante a entrevista coletiva para
anunciar a reestruturação da área, Rollemberg disse que o objetivo da alteração
é manter o foco no programa Viva Brasília — Nosso Pacto Pela Vida, que levou à
queda de 14% nos índices de homicídio em 2015. “Graças à integração das forças
de segurança com a sociedade conseguimos avançar na redução dos indicadores de
violência”, justificou o governador. “Queremos uma polícia cidadã, que seja
referência para o Brasil”, acrescentou. Para ele, o enfoque deve ser em
políticas de prevenção voltadas à juventude, no fortalecimento dos conselhos comunitários
de segurança e nas relações com os movimentos sociais.
Márcia Alencar evitou falar sobre o
embate do antecessor com a PM e adotou um discurso diplomático. “A Secretaria
de Segurança Pública é um ambiente institucional de concertação, de coordenação
articulada, de integração, não só com as forças de segurança, mas com os órgãos
intersetoriais do governo e com a sociedade civil”, afirmou.
Prevenção
A nova chefe de Segurança Pública é
pernambucana e atuou como secretária executiva de Segurança Cidadã no município
de Jaboatão dos Guararapes (PE). Trabalhou no Ministério da Justiça e atuou no
Programa Nacional de Segurança com Cidadania (Pronasci) como grande defensora
de penas alternativas. Foi consultora da ONU e desenvolveu trabalho nas áreas de
prevenção e justiça criminal em Moçambique. Formada em psicologia e direito,
Márcia tem mestrado em sociologia e especialização em gestão pública.
Ela está no GDF desde o início do
governo, quando assumiu o posto de subsecretária de Segurança Cidadã. “Recebo
esse convite como o reconhecimento de um trabalho que tem como norte a questão
da pactuação com as forças de segurança, com a sociedade civil e com os órgãos
intersetoriais do governo”, disse Márcia Alencar.
Segundo ela, o grande desafio será a
redução dos crimes contra o patrimônio, como roubos e furtos. “Eles representam
mais de 80% do total de ocorrências. Isso mostra como temos um problema social
associado à questão de segurança pública. O desafio é garantir a redução da
desigualdade, entendendo que os problemas da segurança pública não podem ser
tratados de forma isolada dos problemas sociais. Precisamos integrar o estado
policial com o estado social”, explica Márcia. “O compromisso público do
governador é garantir um diálogo permanente com os segmentos, para que a gente
não faça apenas repressão, mas para que possa garantir que se complete em
Brasília o ciclo do bem-estar social.”
Memória - Confronto
no Eixão
No fim de outubro, professores fizeram
um protesto em várias partes da cidade, para reclamar da falta do pagamento de
uma parcela do reajuste salarial, concedido no governo Agnelo. Um grupo fechou
a Ponte do Bragueto, bloqueando a saída norte da cidade. No Eixão Sul, alguns
manifestantes também tentaram interromper o trânsito no fim da tarde, horário
de pico. Policiais militares utilizaram spray de pimenta, imobilizaram e
algemaram professores (foto). O vídeo da operação chegou à internet, o que
gerou reações negativas e críticas ao GDF. O então secretário de Segurança
Pública e da Paz Social, Arthur Trindade, reclamou da operação, e o governador
Rodrigo Rollemberg também criticou o comando da PM por não o consultar antes.
Diante do atrito com a cúpula da Polícia Militar, Trindade pediu demissão e, na
saída, reclamou da estrutura da pasta. “Tradicionalmente, o secretário de
Segurança tem sido uma rainha da Inglaterra no DF. Quando se tenta formular uma
política, o secretário começa a incomodar muito e passa a ser boicotado. Essa é
a fonte de todos os problemas”, disse.
Objetivos
O programa Viva Brasília —Nosso Pacto
pela Vida foi oficialmente lançado na capital federal em junho do ano passado,
inspirado em iniciativa semelhante adotada pelo Governo de Pernambuco. De
acordo com o GDF, a iniciativa tem quatro objetivos: a redução dos crimes
contra a vida, a diminuição dos crimes contra o patrimônio, a melhoria dos
serviços de segurança pública e a redução de vulnerabilidades sociais às violências
por meio de programas preventivos.
Capacitação e integração
O coronel Marco
Antônio é bacharel em direito e tem 26 anos de corporação
O novo comandante da PM, coronel Marco
Antônio de Oliveira Nunes, faz parte da corporação há 26 anos. É considerado um
oficial experiente e respeitado pelos colegas. Bacharel em direito, o militar
cursa mestrado em ciência política e tem pós-graduações em direito penal,
direito processual penal, além de ser fundador do Instituto Superior de
Ciências Policiais. Na PMDF, o coronel Nunes ocupou os cargos de chefe da
Assessoria Parlamentar da corporação, foi secretário-geral, chefe do Centro de
Inteligência, chefe do Estado Maior e subcomandante-geral.
Durante o anúncio da nomeação, o novo
comandante defendeu o principal programa de Rodrigo Rollemberg e minimizou o
atrito entre a PM e a Secretaria de Segurança Pública. “A Polícia Militar tem
compromisso com o Pacto Pela Vida, que representa uma segurança cidadã”,
argumentou o oficial. “A integração é um dos pressupostos do programa. Vamos
trabalhar por uma maior integração com os órgãos e, principalmente, com a
sociedade. Queremos que a sociedade conheça a polícia, e a PM vai se aproximar
cada vez mais da população”, afirmou o novo comandante.
O coronel Nunes não quis entrar em
detalhes sobre o episódio do confronto da PM com os professores, mas afirmou
que os integrantes da polícia estão cada vez mais qualificados. “A PM tem
investido muito em capacitação. Temos uma faculdade policial, reconhecida pela
MEC com nota máxima. O enfoque deve ser em capacitação, integração com os
demais órgãos do governo e participação social”, justificou Nunes.
Fonte: Helena Mader – Fotos: Ana
Rayssa/Esp.CB/D.A.Press – Correio Braziliense
Chiquinho ,boa tarde, não entendo como estamos tendo tantos problemas na Segurança pública do Df nos últimos anos, apesar de entrar e sair Secretários e comandantes a situação não muda.Não entendo até hoje não terem mudado estas folgas dos policiais, são dervidores públicos como todos nós, no entanto trabalham 1 dia e folgam outro, por que isto? Trabalham passeando nos carrões da Secretaria de Segurança, no ar condicionado e não vemos um policial na rua , não sabemos nem como é sua farda, pois não os vemos. Passam na Rodovia passeando enquanto no espaço onde estão as residências o crime tá correndo solto. Quanta ineficiência!! Melhor tempo que tivemos na segurança foi qdo os policiais andavam de moto e entravam em qualquer lugar.Sei que a dupla Cosme e Damião também foi muito eficiente e a população sentiu-se mais segura, mas com este sistema de folga destes profissionais é impossível termos uma boa segurança.... gostaria de vê-los trabalhando no Rio ou São Paulo, onde no Centro da cidade, nos pontos turísticos agente esbarra o tempo todo com policiais em uns fusquinhas velhos, principalmente Rio.Se está faltando profissionais acabem logo com estas folgas. Quero ver o Comandante que tem coragem de fazer isto! Muita coisa errada ,as nossas leis penais então, são colchas de retalho com tantas emendas para abrandar a lei. Vamos fazer um movimento para que nossas leis fiquem mais severas como em outros países. Aqui o assassino, ladrão, estuprador debocham das nossas leis, porque sabem que não vão ficar presos. Também não vemos nenhum movimento da polícia , nem da sociedade organizada a favor destas mudanças. Desculpem o meu desabafo, mas as coisas no DF não funcionam , tá tudo péssimo!
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