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#TRANSPORTE » Tuk-tuk em versão candanga

Por influência de Milton Hilário (de azul), Osório de Oliveira também resolveu investir no veículo

O triciclo chama a atenção nas ruas de Brasília e é utilizado para conduzir passageiros e fazer passeios turísticos. Para proprietários, trata-se de uma alternativa que pode ajudar a fugir da crise

Transporte tradicional na Tailândia e disseminado em países da América Central e da Ásia tem sido destaque nas ruas do Distrito Federal. O estilo é padrão: na cor amarela, o tuk-tuk carrega até três passageiros na cabine traseira, conduzidos por um motociclista. A moto que move o triciclo faz em média 25 km por litro. A finalidade de uso varia: pode ser transporte turístico ou condução de funcionários e clientes de empresas.

Na única concessionária que comercializa o tuk-tuk no DF e Entorno, a média de venda dos três modelos variava de 15 a 25 por mês até janeiro, segundo números divulgados. Mas, até ontem, uma semana antes do fim de fevereiro, as vendas já tinham chegado a 35. A popularidade do produto, em Brasília desde outubro de 2014, aumentou em um momento de crise na economia do país. Osório de Oliveira Cordeiro, desempregado há um ano, disse que não sabia mais como voltar ao mercado de trabalho até que descobriu o tuk-tuk. Ele, que trabalhou como motorista de caminhão por 10 anos e de ônibus por três, investiu cerca de R$ 15 mil e se tornou patrão e funcionário de si mesmo.

Acostumado com a região do ParkWay, decidiu estacionar o veículo ali, próximo a um ponto de ônibus, à espera de clientes. “Pego dois passageiros e deixo na porta de casa, porque a distância da parada é grande. E cobro R$ 4 de cada um”, conta. Em 20 dias de trabalho, rodou mais de 5 mil km, transportando até 40 clientes por dia. O resultado positivo contagiou quem já era do ramo, como o colega Milton Hilário dos Santos. Ele, mototaxista, conheceu Osório há cinco anos em uma parada de ônibus da região. “Vi que o transporte era melhor, atendia também a crianças e idosos, e tem cinto de segurança”, opina Milton. Dia 8 de fevereiro, adquiriu um tuk-tuk. Segundo ele, se antes ganhava R$ 70 por dia, hoje lucra R$ 170.

Para ambos, a moto nesse sentido ficou quase ultrapassada. Milton conta que, agora, ampliou o público de passageiros e as circunstâncias em que é chamado. “Dá para levar quem faz compras”, disse. Além de ter a cabine para acomodar o cliente, na traseira do tuk-tuk, há espaço para carga. Osório conta que já fez corridas do ParkWay ao aeroporto pelo preço de R$ 15 e amarrou a mala no suporte traseiro do veículo.

O primeiro modelo de triciclo como esse — para transporte de passageiros —  em Brasília completou quatro meses de existência. O comprador foi Aylton Tristão, 45, dono do Bar Godofredo. Ele conta que importou o modelo do Peru, em uma visita a Machu Picchu. Viu que os bares utilizavam o veículo para transportar clientes e decidiu fazer o mesmo no estabelecimento da capital. A iniciativa de implantar o transporte gratuito para clientes que ingeriram bebida alcoólica rendeu o Prêmio Sem Excesso, entregue pela Associação Brasileira de Bebidas e com apoio da Abrasel.

O  veículo circula, em velocidade máxima, a 60 km/h. Além disso, segundo a Resolução nº 129 do Código de Trânsito Brasileiro, o uso de capacete é dispensado para condutor e passageiros de triciclo automotor com cabine fechada. Mas a circulação deve ser feita em vias urbanas e deve-se utilizar cinto de segurança. O tuk-tuk obedece a essas determinações. Mas, de acordo com o Detran-DF, esses veículos podem circular se estiverem registrados como triciclo, desde que não sejam utilizados como transporte remunerado. “É configurado transporte irregular qualquer veículo que, sem autorização, cobrar para transportar passageiros”, diz a Secretaria de Estado de Mobilidade do DF. Por isso, quem usa o tuk-tuk como fonte de renda recebe autuação como transporte não regulamentado.

Passeio
O empresário João Carlos Miranda Coelho descobriu o tuk-tuk há três meses, quando passava pela Cidade do Automóvel. Ele e a noiva, Lana Carolina Ribeiro de Alencar, gerenciavam o próprio negócio de alugar veículos. Quando viram o triciclo, ficaram curiosos. “Pensamos: aqui não tem um transporte característico, como as praias que têm o bugue. Então, decidimos utilizá-lo para turismo. O cliente passeia e sente mais a cidade por ser um veículo aberto”,conta.

O lançamento do serviço, no sábado de carnaval, chamou a atenção do proprietário do tuk-tuk. A exposição do veículo no bloco Babydoll de Nylon atraiu olhares curiosos: “Muita gente parava para tirar foto e perguntar sobre o tuk-tuk”, lembrou João Carlos. Segundo ele, houve autorização do Detran-DF para divulgar o serviço no bloco.

Com  585  km rodados, o mototurismo de João já carregou 80 passageiros em um percurso que parte da Torre de TV, desce o Eixo Monumental, passa pela Praça dos Três Poderes e sobe até o Memorial JK. Esse passeio tradicional dura 40 minutos e sai por R$ 25, com direito a água e refrigerante. João também faz serviço de mototáxi à noite.

A ideia de utilizar o transporte alternativo, para o empresário, é uma saída para a crise por ser um investimento relativamente barato e com uma rentabilidade muito boa. O modelo, utilizado com a finalidade turística e de transporte, também começou a ser disseminado em cidades do interior de Goiás. Em dezembro, uma cooperativa de motoristas de Pirenópolis passou a aderir ao serviço. Até o fim do mês, o tuk-tuk da cidade, batizado de “Táxi Tur”, já havia transportado 300 passageiros.


Fonte: Camila Curado - Especial para o Correio – Foto: Ana Rayssa-Esp-Correio/CB/D.A.Press – Correio Braziliense

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