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#FRAUDE » R$ 100 mi em sonegação

Agentes da Polícia Civil recolheram documentos e computadores em diversos escritórios de contabilidade
        O endereço de algumas empresas incluía até apartamentos fechados
O esquema envolvia distribuidoras de bebidas e escritórios de contabilidade do Distrito Federal. Contadores são suspeitos de criar empresas de fachada para evitar que os clientes pagassem os impostos. As investigações duraram mais de um ano

A Polícia Civil investiga um esquema milionário de sonegação de impostos envolvendo escritórios de contabilidade do Distrito Federal e distribuidoras de bebidas e cereais suspeitas de criarem pelo menos 30 empresas fantasmas para comercializar produtos sem recolhimento de tributos. Os impostos sonegados somam aproximadamente R$ 100 milhões, de acordo com a apuração preliminar da Coordenação de Repressão aos Crimes contra o Consumidor, à Ordem Tributária e a Fraudes (Corf). Na manhã de ontem, a especializada cumpriu, durante a operação intitulada Hi Fi, 20 mandados de condução coercitiva — quando a pessoa é levada para prestar esclarecimentos e depois liberada — e 17 de busca e apreensão em Planaltina, Park Way, Taguatinga, Ceilândia, Vicente Pires e outras cidades.

Segundo o delegado-chefe da Corf, Jeferson Lisboa, a investigação começou no início do ano passado, quando a Secretaria de Fazenda do DF suspeitou da fraude e denunciou o caso para a polícia. “Durante as investigações, o grupo movimentou R$ 650 milhões. Eles deveriam recolher aos cofres públicos cerca de R$ 100 milhões, mas só pagaram R$ 34 mil, dando um prejuízo milionário ao erário”, ressaltou Lisboa.

A maioria das pessoas conduzidas à delegacia é formada por contadores. As buscas ocorreram em escritórios de contabilidade. Foram apreendidos diversos computadores e documentos. Nesta primeira fase, não há mandado de prisão expedido.

Desdobramentos
As investigações apontam que o esquema funcionava da seguinte maneira: contadores abriam empresas de fachada para que seus clientes — empresários do ramo de bebidas e cereais — pagassem valores irrisórios de impostos sobre os produtos comercializados. “Nos endereços das empresas de fachada envolvidas no golpe, encontramos casas, laboratórios, apartamentos vazios e até depósitos, que não correspondiam às distribuidoras de bebidas informadas”, explicou o delegado. “Pelo menos 10 escritórios de contabilidade do DF participavam do esquema. Vamos verificar o envolvimento dos donos das empresas, que serão responsabilizados criminalmente. Eles usaram da esperteza e acreditavam que nunca seriam descobertos.”

Ainda de acordo com Lisboa, empresários com grande movimentação financeira chegavam a abrir três empresas fantasmas. O terceiro maior escritório de contabilidade do Brasil, a Prestacon, que fica em Taguatinga, também é investigado por suspeita de envolvimento. O delegado, no entanto, evitou passar maiores detalhes para não prejudicar o andamento das investigações.

Ao Correio, o proprietário da Prestacon, Dilson de Paula, informou que a empresa não está sendo investigada. “Prestamos serviço para um grupo que é alvo da operação e, por isso, tivemos um computador e um pendrive recolhidos pela polícia.” Dilson confirmou ainda que a empresa estava funcionando normalmente durante todo o dia de ontem.

De acordo com a Polícia Civil, a participação de cada envolvido no suposto esquema será investigada. Os suspeitos podem responder por falsidade ideológica e uso de documento falsos. Se condenados, a pena pode chegar a 10 anos de prisão.

Drinque
O nome da operação é uma referência a um drinque que mistura bebida alcoólica com refrigerante de laranja, já que os suspeitos usavam empresas laranja para sonegar impostos.

Memória - Prejuízo em 2013
Em março de 2013, a Delegacia de Repressão ao Crime Organizado (Deco) prendeu seis pessoas e realizou buscas em 14 endereços do DF, entre eles, Lago Sul, Sudoeste e Asa Sul. A Operação Cronos — o deus da agricultura, na mitologia grega — desmantelou uma quadrilha especializada em sonegação de impostos por meio do setor atacadista de cereais. A fraude começou a ser descoberta a partir de análises da Secretaria de Fazenda do DF. Em seis meses, o grupo causou um prejuízo de mais de R$ 13 milhões, atuando na capital federal e também aplicando golpes interestaduais.


Fonte: Nathalia Cardim – Fotos: Ed Alves/CB/D.A.Press – Divulgação – PCDF – Correio Braziliense

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