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#SAÚDE » Com a missão de melhorar a atenção básica

Como estudou aqui e fez residência médica no Hospital de Sobradinho, ele (Humberto Fonseca) conhece a rede e sabe que a ampliação da atenção primária é prioridade do governo Rodrigo Rollemberg (PSB), governador do DF

Incrementar os índices do setor é um dos objetivos do médico e bacharel em direito Humberto Fonseca, que assume a secretaria também com o desafio de enfrentar a questão das organizações sociais. Na primeira coletiva, ele teve que explicar conta na Suíça
Humberto Fonseca » 39 anos » Casado e pai de três filhos » Formado em medicina na Escola Superior de Ciências da Saúde, com residência médica no Hospital de Sobradinho, e em direito » Ex-procurador do Banco Central » Consultor do Senado, atuava como diretor-geral adjunto de Contratações da Casa

Em meio à explosão dos casos de dengue, de uma crise grave no setor de cardiologia e de questionamentos sobre licitações, o governador Rodrigo Rollemberg anunciou ontem a troca de comando da saúde. A área mais sensível do GDF terá uma nova gestão: o médico Humberto Lucena Pereira da Fonseca vai assumir a pasta, com a meta de melhorar os baixos índices de cobertura da atenção primária e a missão de driblar os obstáculos para a contratação de organizações sociais. Ele será o terceiro titular da pasta em apenas 14 meses. Aos 38 anos, Humberto não tem nenhuma experiência na gestão da saúde, mas fez residência em medicina da família, o que trouxe ao paulista uma vivência dos problemas mais graves da rede. Fábio Gondim alegou “motivos pessoais” para deixar a secretaria.

Fonseca é consultor do Senado e estava como diretor-geral adjunto de Contratações da Casa. Além de médico, ele é bacharel em direito e atuou como procurador do Banco Central. Ontem de manhã, durante o anúncio da nomeação, o governador Rodrigo Rollemberg destacou o fato de Humberto ter se formado na Escola Superior de Ciências da Saúde, vinculada ao GDF. “Como estudou aqui e fez residência médica no Hospital de Sobradinho, ele conhece a rede e sabe que a ampliação da atenção primária é prioridade do governo”, justificou o socialista. O governador disse que o novo secretário dará continuidade a programas desenvolvidos pela gestão anterior, como a regionalização da saúde e a revisão da estrutura administrativa. A secretária adjunta de Saúde, Eliene Ancelmo Berg, continua no cargo.

Durante a entrevista coletiva, Humberto disse que, quando decidiu estudar medicina, já era consultor do Senado Federal, um dos cargos públicos mais cobiçados. “Eu sentia que poderia contribuir com a sociedade. Atender bem as pessoas seria a melhor forma de fazer isso. Participei da criação do programa de residência em cuidados paliativos e fui para o Hospital de Base tocar essa área”, comenta o novo secretário.

Além de detalhar o extenso currículo, Humberto teve também que dar explicações. Há um ano, ainda na diretoria-geral adjunta do Senado, ele foi alvo de denúncias por supostamente manter contas secretas no exterior. Na época, a imprensa investigava o escândalo do Swiss Leaks, que revelou personalidades com dinheiro em contas ocultas na Suíça. Humberto garantiu que nunca foi beneficiário ou titular de contas no exterior, mas reconheceu que o pai, o empresário mineiro Florisnaldo Hermínio, mantém negócios e recursos fora do Brasil. “Devo ter sido cadastrado pelo banco como herdeiro, para facilitar uma possível sucessão. Nunca tive atividade privada: sou concursado do Senado desde 2002”, explicou.

Gestão
O novo secretário sabe que terá dificuldades para obter melhorias na rede pública diante do caos financeiro do governo, mas garantiu que será possível implantar mudanças. “Essas melhorias dependem de um planejamento baseado em informações. É evidente que estamos em um cenário de crise. Com a restrição orçamentária, temos que alocar os recursos disponíveis da melhor forma possível”, explicou Humberto.

Sobre a possível contratação de organizações sociais para a gestão de unidades de saúde — tema que gera duras controvérsias com o Ministério Público, Tribunal de Contas e sindicatos —, ele se mostrou um entusiasta das parcerias. “Sabemos que há experiências ruins, mas elas podem nos ajudar a escolher o melhor caminho. Não tenho nenhuma rejeição a esse modelo e acredito que, com fiscalização, é possível evitar que os erros se repitam”, explicou Humberto. Para ele, a contratação de organizações sociais pode ser uma saída para driblar as dificuldades de contratação de pessoal, que é indispensável à ampliação da atenção primária.

Fábio Gondim, que comandava a saúde desde julho do ano passado, não participou da coletiva. Ele deixou o Palácio do Buriti logo depois da entrevista de Rollemberg e de Lucena, exatamente no momento em que os jornalistas saíam do local. Questionado sobre a troca de gestão, garantiu ter pedido demissão “por questões pessoais”. “A secretaria exige dedicação exclusiva e isso começa a trazer problemas de ordem familiar”, alegou. “Foram 221 dias de muito trabalho, sempre com foco no cidadão. As sementes vão germinar em pouco tempo. Saio de cabeça erguida, com a certeza de que acertamos mais do que erramos”, acrescentou Gondim.

Os desafios - O que Humberto Fonseca terá que resolver no comando da pasta
» Aumentar a cobertura da atenção básica
» Priorizar contratos regulares em detrimento aos emergenciais
» Diminuir o deficit de servidores
» Melhorar o clima organizacional entre os profissionais
» Modernizar equipamentos e estruturas
» Dar celeridade à descentralização da gestão da saúde
» Lidar com a questão das Organizações de Saúde
» Solucionar o baixo orçamento que a pasta tem para este ano
» Saldar as dívidas de 2014/2015 e negociar com fornecedores
» Acabar com a falta de insumos
R$ 6,2 bilhões
Orçamento da pasta para 2015, sendo que dois terços do valor vão para pagamento de pessoal 

Sucesso nas redes sociais
Ao tomar posse no cargo de secretário de Saúde do Distrito Federal, ontem, o médico e advogado Humberto Fonseca provocou uma febre nas redes sociais. Jovem — 38 anos —, com olhos azuis, ele teve a imagem compartilhada em todas as plataformas. De nada adiantaram as tentativas do novo chefe da pasta — que fez questão de destacar que é casado e pai de três filhas — de chamar a atenção para os planos da pasta e revelar as qualidades profissionais. Os elogios em forma de trocadilhos com a profissão se espalharam como vírus pelas redes. “Secregato”, “remédio para a saúde”, “colírio”, “Manda ele vir assumir a pasta do meu coração” foram apenas alguns dos comentários vistos, por exemplo, na página do Correio no Facebook. Seguidos, claro, pela cobrança de eficiência no trabalho.

Prioridade à estrutura
A população espera soluções do clínico-geral Humberto Fonseca. O médico reconheceu que há “limitações”, mas garante que tem coragem para enfrentá-las. “Nosso objetivo é melhorar a saúde e garantir a qualidade de vida da população”, argumentou, durante a posse. Para ele, além de cuidar da atenção básica e analisar a questão das organizações sociais, a urgência é frear o desabastecimento de insumos e modernizar equipamentos e a estrutura hospital da cidade.

A crise no setor da saúde vem de décadas. Desde o início do governo, Rodrigo Rollemberg tenta acertar o passo na área. Dívidas, baixo orçamento e epidemias de doenças infecciosas, entre outros problemas, já tiraram de campo dois secretários de saúde. O proctologista João Batista de Souza deixou o cargo durante surto de Klebsiella pneumoniae carbapenemase (KPC). Ontem, o consultor do Senado Federal Fábio Gondim desocupou o gabinete da pasta — depois de sete meses — alegando “questões pessoais”, em meio ao desarranjo agravado em janeiro, quanto saiu em férias. Assim, o setor segue com desafios.

O Executivo local começou a gestão com dívidas, desbastecimento, endemia de superbactérias, fiscalização do Ministério da Saúde e greve, consequência de uma área em crise. A situação mostrava-se tão ruim que, antes mesmo de assumir o posto, o cardiologista Ivan Castelli debandou. Ontem, Rollemberg fez um mea-culpa. Disse que Gondim estava de saída após um “bom” trabalho, mas em meio a muitos problemas.

Gondim afirmou, em várias ocasiões disse que o trabalho seria notado em dois meses. Na prática, enfrentou os médicos, provocou dessabor entre os gestores de segundo escalão, não cedeu às reivindicações da classe e acabou arcando com as consequências.

  

Fonte: Helena Mader – Otávio Augusto -  Fotos: Breno Fortes/CB/D.A.Press  - Correio Braziliense


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