Com a manifestação organizada pelo
PT e pela Central Única dos Trabalhadores, cerca de 50 mil pessoas, de acordo
com a Polícia Militar, ocuparam a Esplanada dos Ministérios em apoio à
presidente Dilma, contra o impeachment e contra o que chamam de movimento
golpista. Se há uma coisa que funcione bem dentro do Partido dos Trabalhadores
é a sessão de marketing, espécie de DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda
do Estado Novo).
A data (31 de março) foi escolhida com a intenção de estabelecer relação
entre o processo de impeachment, em curso, e o golpe militar ocorrido em 1964.
Trata-se, obviamente, de falsificação grosseira da história, visando confundir
as pessoas mal-informadas. A bem da verdade, a própria manifestação é uma farsa
em si, do começo ao fim — vazia de propósitos democráticos ou republicanos. A
começar pelo processo de arregimentação dos manifestantes, convocados a fazer
figuração e número, em troca de pagamentos, alimentação, transporte, camisetas
e outros itens.
Os figurantes, todos vestidos de vermelho e portando bandeiras dos
organizadores, representam, literalmente, a massa de manobra, usada para dar
falso verniz de apoio popular a um governo que vai sendo desmontado pela ação
da polícia. A tentativa de fundir os efeitos de mera operação policial, que,
par e passo, vai desmanchando uma organização criminosa no poder, a um
movimento dito golpista, semelhante ao ocorrido 52 anos atrás, é, lógico,
criação ficcional do pessoal de propaganda do partido.
Pela insistência com que buscam subverter a realidade crua dos fatos,
melhor seria que essas manifestações fossem agendadas para o 1º de abril, data
reservada para o dia da mentira. Fossem retiradas as benesses e incentivos aos
figurantes profissionais, a manifestação seria drasticamente desidratada ou
simplesmente desapareceria.
O importante é analisar o que está por trás dessas manifestações e que
não aparece nos cartazes exibidos pela massa. Na retaguarda dessas agitações
ensaiadas, há nítida tentativa de mostrar para a opinião pública que o atual
governo, seu partido e suas lideranças, ainda contam com o apoio popular
massivo, e qualquer tentativa de desconsiderar esse fato acirrará conflitos de
toda ordem.
Não é por outra razão que os ditos velados ou não são cada vez mais
ouvidos em todo país. Nessa última manifestação, o presidente da CUT, Vagner
Freitas, voltou a proferir ameaças: “Quero ver qual é o golpista que vai ter
coragem de nos enfrentar.”
Na verdade, o que os dirigentes da CUT e da maioria dos sindicatos temem
de fato é que o advento de um governo sério venha a pôr fim na perniciosa
república sindical, azeitada com o dinheiro fácil dos contribuintes. Se existe
um fato verdadeiro nessas manifestações e que a conecta ao fatídico ano de
1964, é que também naquela ocasião, o hipersindicalismo ameaçava o Estado
democrático e foi usado, naquela ocasião, com um dos motivos para intervenção
saneadora dos militares.
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A frase que não foi pronunciada
“O povo brasileiro não está na Constituição Federal. Ele é
representado.”
(Página solta ao vento)
Sofrimento
» Professores da Escola de Música de Brasília
continuam sofrendo com a indefinição dos rumos. Os profissionais estão tombando
com AVC e problemas de depressão.
Por: Circe Cunha – Coluna “Visto,
lido e ouvido” – Ari Cunha – Coreeio Braziliense – Foto/Ilustração: Blog -
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