Os manifestantes que pedem a saída da presidente chegaram a 100 mil em
13 de março –
Já Organizado pela CUT, o protesto pró-Dilma reuniu 50 mil pessoas na quinta.
Com a proximidade da votação do pedido de impeachment da presidente
Dilma Rousseff pelo plenário da Câmara, dentro de no máximo três semanas, o
clima entre os favoráveis e os contrários ao afastamento da petista deve se
acirrar ainda mais. E os dois lados prometem acompanhar e pressionar os
parlamentares, o que torna disputado cada metro quadrado de gramado em frente
ao Congresso Nacional.
Diferentemente
do que ocorreu em 29 de setembro de 1992, quando a Câmara dos Deputados votou a
favor da abertura do processo de impeachment de Fernando Collor — e não
havia dois lados políticos em conflito ideológico no país —, desta vez, há a
polarização do Brasil. Nas duas últimas grandes manifestações realizadas em
Brasília, a soma do público presente superou 150 mil pessoas, segundo a Polícia
Militar: 50 mil no ato em apoio à presidente, na quinta-feira passada, e 100
mil manifestantes no protesto a favor do impeachment, em 13 de março.
É certo
que não dá para cravar o número de pessoas nas ruas durante os dias de votação
do impeachment, mas, seguindo a movimentação nos últimos protestos, o Correio
chegou ao número de 5,27 pessoas por metro quadrado somente no gramado em
frente ao Congresso. Com uma área de 28.453 metros quadrados, a área mais
disputada de Brasília deverá ser dividida ainda com muitos carros de som,
barracas e bandeiras.
Para o
cientista político David Fleischer, “nós teremos dois grandes grupos em frente
ao Congresso e a Polícia Militar encontrará dificuldades para manter esses
movimentos separados. Acho que deve haver um plano B de contingência que conte
com a ajuda do Exército. Mas eu espero que isso não seja necessário.”
Além da
preocupação com o contingente de manifestantes, que provavelmente deve
ultrapassar 150 mil pessoas, a Secretaria de Segurança Pública teme conflitos
entre os dois grupos políticos. De acordo com o chefe do Departamento
Operacional da PM do Distrito Federal, coronel Alexandre Nunes, o efetivo médio
em grandes manifestações é de mil policiais na Esplanada dos Ministérios e
outros mil nos quartéis em casos de emergência. “Por enquanto, estamos
avaliando com o setor de inteligência da PM, mas vamos preparar um planejamento
para evitar que os dois grupos se encontrem ou, se se encontrarem, minimizar os
efeitos de conflitos”, explica o coronel.
Apesar
das discordâncias políticas, representantes de alguns movimentos sociais
pró-Dilma e contra o governo concordaram no que diz respeito à relevância do
momento. Segundo uma das líderes do Endireita Brasil, Patrícia Bueno, “já
começou a programação para fazer comboios em direção à Brasília. Se a votação
se arrastar por mais de um dia, vamos acampar e ficar até o fim.” O grupo
também se programou para trazer um trio elétrico e telões para projetar imagens
da sessão na Câmara.
De acordo
com o secretário-geral da CUT Brasília, Rodrigo Rodrigues, as manifestações de
quinta-feira foram apenas uma “amostra” do que está por vir no dia da votação.
“Nós vamos marchar em paz e, pelo menos do nosso lado, vamos incentivar as
pessoas para que não haja provocações e conflito”, comenta Rodrigo.
Fonte: Mariana Pedroza - Especial para o Correio = Fotos: Ed
Alves/CB/D.A.Press – Minervino Junio/CB/D.A.Press- Correio Braziliense