Marcela e Maria Eduarda
disputaram com 180 meninas
Dupla da cidade goiana passa na seletiva
regional e vai lutar por chance para estudar na sede brasileira da famosa
companhia russa de balé, em Joinville. No ano passado, uma brasiliense
conseguiu realizar a façanha, provando que o sonho é possível
Quando a professora de Marcela Cantuária,
8 anos, pediu que a menina fizesse uma redação explicando o que queria ser
quando crescesse, a estudante não teve dúvida: bailarina. “Ela dizia, no texto,
que ama o balé. E que também queria ser artista, porque adora interpretar”,
conta a mãe, Marília Cantuária, 44. A terceira opção seria empresária, dona de
uma grande marca de roupas, mas tudo indica que ficará só como plano. Em 16 de
abril, Marcela pôde dar início ao sonho de levar a vida nos palcos. Foi a
Goiânia participar de uma competição regional que selecionou 20 meninas para a
seletiva nacional, na sede do balé Bolshoi no Brasil, em Joinville (SC). Lá, em
outubro, 20 bailarinas serão escolhidas para morar e estudar a dança no centro
catarinense.
A estudante Maria Eduarda Meireles, 11
anos, também tem o sonho de dançar. Desde pequena, aos 2 anos, já ensaiava
passos na frente da televisão e pediu para a mãe, Telva Meireles, 39, levá-la
até uma escola de balé. Já são nove anos dedicados às sapatilhas e é possível
ver que a estudante é bailarina pela postura e pela leveza nos movimentos,
mesmo fora dos tablados. As duas pequenas seguiram, com seis estudantes da
escola de dança Fabrícia Meireles, em Luziânia, para participar da seletiva em
Goiânia. Competiram com 180 meninas de várias regiões. E ganharam.
Alongamentos antes da dança:
profissionais analisam detalhes para escolher as vencedoras
Fabrícia Meireles explica que a
competição é, na verdade, uma grande aula. Durante os exercícios, os
professores analisam flexibilidade, ritmo, postura, leveza e até possíveis
lesões entre as meninas. As escolhidas são aquelas que se encaixam nos padrões
que a companhia procura, com talento para seguir a profissão. Maria Eduarda e
Marcela foram as duas melhores na categoria entre 8 e 11 anos. “Foi a primeira
vez que nossa escola participou da seleção. No ano passado, perdemos as datas,
mas ficamos ligadas este ano. Selecionamos oito meninas promissoras entre as
185 alunas, alugamos um ônibus e as levamos com os pais para Goiânia”, lembra.
O próximo passo para a duplinha é a
competição nacional, que ocorre em outubro. Se passarem, se mudam com a família
para Santa Catarina. “Estou muito animada. Quero muito ser bailarina”, conta
Maria Eduarda. A mãe da estudante concorda. “Fazemos qualquer coisa para
realizar sonho de filho. Estamos animados e dispostos a transferir a família
toda para Joinville”, afirma Telva.
Animação também é a palavra da vez para
Marcela, que, em Goiânia, até pediu autógrafo e foto com os bailarinos
profissionais da companhia. “Estou achando tudo muito legal!” A mãe da menina,
Marília, explica que levou Marcela mais para conhecer os artistas e aprender
como funciona um teste. Não acreditava muito que a filha ganharia a competição.
“Fomos na maior inocência e ficamos muito felizes com o resultado.”
De Santa Maria
Os testes para escolher as próximas
gerações de bailarinos do Balé Bolshoi podem ser feitos em qualquer cidade, não
necessariamente um em cada região. Qualquer escola com mais de 100 alunos pode
receber a seletiva, desde que arque com os custos da viagem dos professores que
representam a companhia. No ano passado, a Cidade Ocidental recebeu uma
competição. A bailarina Julia Gerlach, 9 anos, estudava balé em Santa Maria e
conseguiu uma das vagas para participar do balé em Joinville.
Este ano, nenhuma escola de Brasília
receberá as audições. A próxima seletiva, além da que ocorre todo ano em julho,
na Escola do Teatro Bolshoi no Brasil, será em Catalão (GO), em 6 de maio. As
inscrições para participar ficam abertas até 29 de abril e devem ser feitas
pelo site www.escolabolshoi.com.br. São 40 vagas para ir a Joinville — 20 para
meninas e 20 para meninos.
Fonte: Juliana Contaifer – Fotos: Rodrigo Nunes/Esp./CB/D.A.Press – Correio
Braziliense