Entra e sai governo, e o problema
da revitalização da avenida W3 persiste sem solução à vista. Ao longo dos anos,
alguns concursos públicos para a escolha de um projeto de urbanização dessa
importante via de comércio da cidade foram realizados, os resultados e os
vencedores foram divulgados e conhecidos de todos, mas, até agora, nada de
prático. Ocorre que esses projetos vencedores, com o passar do tempo e do
esquecimento, ficaram, de certa forma, datados, e as soluções apontadas não se
encaixam nas exigências atuais. Burocracias à parte, o problema com a
decadência das avenidas W3 Sul e Norte, à primeira vista, não necessita de
cérebros sofisticados para se chegar a bom termo.
De saída, o que essas vias requerem, com urgência, é limpeza e
uniformização das calçadas. Ao longo de todo o trecho, ambas as avenidas não
dispõem de piso largo, uniforme, limpo e convidativo para as pessoas
perambularem despreocupadas. Calçadas bem desenhadas, com as exigências que um
bom desenho técnico recomenda, representam a pré-condição para a revitalização
da área, atraindo pessoas de todas idades e condições físicas.
No caso da W3 Sul, importante, ainda, é a reconstrução das marquises em
frente às lojas, dentro dos padrões atuais, dando mais segurança e abrigo aos
passantes. Fundamental também nas duas avenidas são a limpeza e a padronização
dos letreiros e propagandas das lojas, acabando com a poluição visual que
enfeia e prejudica os locais.
As paradas de ônibus necessitam ser revitalizadas, seguindo o padrão
Brasília, com conforto e segurança aos usuários do transporte público, dentro
do que propõe o desenho modernista. A ideia de revesti-los com azulejos Athos
Bulcão pode ser pensada.
O problema com a infiltração de comércio nas quadras 700 Sul, que são
residenciais, pode ser tranquilamente resolvido, usando-se, para isso, a lei e
a autoridade do governo para levar esses empreendedores para a área destinada a
esse fim que fica logo ali, atravessando a avenida, nas quadras 500.
Deixar essas importantes ruas de comércio entregues à criatividade e à
inventividade de cada um desses comerciantes, resultou no que se tem agora: uma
avenida que é o retrato do terceiro mundo. Pior, bem no coração da capital. O
prolongado descaso das autoridades com essa região, traz prejuízos para a
população e para os próprios comerciantes que vêm os clientes serem tangidos
para os shoppings e outros pontos de comércio mais seguros e limpos.
Desfiguradas com a proliferação de puxadinhos verticais e horizontais, a
situação é calamitosa nessas avenidas. Sujeira, poluição visual, barreiras
físicas e outras anomalias urbanas impõem providências urgentes, principalmente
agora em momento de profunda crise econômica, quando milhares de
estabelecimentos comerciais fecham as portas.
Revitalizar a avenidas W3 Sul e Norte pode ser a redenção da atividade
econômica não apenas nessas áreas específicas, mas para toda a cidade, trazendo
mais movimento na economia, comércio, mais lazer, mais empregos, e devolvendo
aos brasilienses duas importantes vias, conforme idealizadas por seus
projetistas.
***
A frase que foi pronunciada
“A máquina política triunfa porque é uma minoria unida atuando contra
uma maioria dividida.”
(Will Durant)
Por: Circe Cunha – Coluna “Visto,
lido e ouvido” – Ari Cunha – Correio Braziliense – Foto/Ilustração: Blog -
Google
Os problemas são reais, mas as soluções propostas me parecem ingênuas. Toda essa padronização não é particularmente benéfica, e também não toca nas causas da situação.
ResponderExcluirNão basta decretar que as coisas deveriam ser de outra forma. É preciso considerar se e como torná-las possíveis e sustentáveis.
As W3 não me parecem ter viabilidade econômica real com os desníveis sócio-econômicos a que Brasília está condenada pela combinação do tamanho da população, das pesadas restrições habitacionais no plano-piloto e da economia fortemente dependente do setor público.
Enquanto Brasília se auto-infligir os níveis altíssimos de marginalidade e exclusão social que tem, a depredação e a decadência são certezas.