Motoristas do Uber pressionaram
para a aprovação de projeto de lei que prevê a regulamentação do serviço
Motoristas do Uber organizam
manifestação pelas ruas da cidade e na Câmara Legislativa para denunciar
conflitos e agressões. No caso mais grave, permissionários confundem família
com concorrente, perseguem e espancam as vítimas no aeroporto
Cerca de 200 motoristas do aplicativo Uber fizeram
um protesto no início da tarde de ontem para pedir paz, segurança e
regulamentação do serviço na capital do país — atualmente, o Projeto de Lei nº
777/2015 tramita na Câmara Legislativa. O grupo se reuniu no estacionamento do
Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha e seguiu em carreata com buzinaço
até a sede da Casa, no Setor de Indústrias Gráficas (SIG). À tarde,
representantes do Uber participaram de uma audiência pública e, em seguida,
foram recebidos pela presidente da Câmara, Celina Leão, para debater o futuro
do serviço e a segurança de trabalhadores e clientes do aplicativo.
Por volta das 12h, os condutores do Uber usaram 54
carros próprios e formaram a palavra “paz” para iniciar o protesto no
estacionamento do estádio. “O Uber vem sendo atacado no Brasil há muito tempo
devido à qualidade do serviço que prestamos. A ideia da nossa resposta é
mostrar a outra face. Se eles querem bater, nós pedimos a paz e vamos continuar
mostrando a excelência que prezamos”, disse o motorista do Uber Ludgero Gabriel
Valias de Paiva.
Os irmãos Klédson e Klessio
foram perseguidos e atacados na saída do aeroporto: "O que estão fazendo é
crime"
A manifestação ocorreu um dia depois de quatro
veículos serem apedrejados no Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek.
Eles denunciaram que os responsáveis pelos danos foram taxistas. As vítimas
registraram ocorrência na 10ª Delegacia de Polícia (Lago Sul). O condutor do
aplicativo Romero Gontijo disse que a confusão começou no posto de gasolina
vizinho ao terminal, onde os agressores chegaram com pedaços de pau e pedras.
“Eram cerca de 50 taxistas. Quebraram tudo e agrediram a gente. Foi horrível.
Na confusão, sobrou até para passageiros”, relatou.
A empresa de transporte particular considera
inaceitável o uso da violência. Para atender os motoristas que se sentirem
ameaçados ou que sofrerem algum tipo de agressão, o Uber criou um número de
telefone para casos de emergência, além de um endereço de e-mail para os
parceiros.
Em nota, o GDF lamentou o confronto entre as
categorias. Diante do episódio, reforçou a necessidade de aprovação do PL que
tramita na Câmara desde novembro de 2015. Após a identificação dos agressores,
a Secretaria de Mobilidade abrirá processo para cassar as permissões dos
taxistas envolvidos no episódio.
A presidente do Sindicato dos Permissionários de
Táxis e Motoristas Auxiliares do DF (Sinpetáxi), Maria do Bomfim, alegou que um
motorista do Uber provocou um taxista, iniciando a confusão. “O sindicato
lamenta o acontecido e pede, não só à categoria, mas também aos motoristas do
Uber, que tenham calma.”
Ameaça
Também no aeroporto, taxistas perseguiram e
espancaram quatro irmãos após confundi-los com condutores do Uber. Eles haviam
acabado de desembarcar no terminal e seguiam de carro para Ceilândia. As
agressões ocorreram pouco depois da confusão no posto de combustível.
A 10ª DP investiga o caso. O empresário Klessio
Alves, 33 anos, conta que a família foi seguida por taxistas. “Um deles
emparelhou com o nosso carro e, depois, passou em alta velocidade e começou a
xingar. O meu irmão que estava dirigindo tentou frear, mas não conseguiu e
bateu. Em seguida, o motorista pediu desculpa e disse para a gente encostar
para resolver a batida. Quando paramos o carro, fomos espancados”, denunciou
Klessio.
Emocionado, ele lembra com tristeza de escutar um
dos taxistas gritar: “Mata que é do Uber”. “Um deles puxou um punhal para matar
o meu irmão mais velho, e todos nós ficamos muito machucados”, lamenta. O carro
da família também ficou danificado. “É melhor arriscar a vida andando de
bicicleta nas ruas do que andar de táxi. O pessoal do Uber e os passageiros
estão correndo risco de morte. Esta é uma atitude inaceitável. O que estão
fazendo é crime”, afirmou.
Segundo a presidente do Sinpetáxi, os
permissionários envolvidos na agressão serão acompanhados pela entidade.
“Depois que a polícia investigar e a Secretaria de Mobilidade resolver a
questão, os permissionários identificados perderão os direitos do sindicato”,
adiantou.
Fonte: Nathália Cardim – Fotos: Jhonatan
Vieira-Esp./CB/D.A.Press – Correio Braziliense