O próximo dirigente precisará estar atento às reivindicações dos quase
38 mil alunos e de mais de 6 mil professores e técnico-administrativos
"O prazo para a inscrição das chapas tem início
amanhã. Quatro docentes devem concorrer ao cargo máximo da instituição, três
deles também estiveram no pleito anterior, em 2012. Primeiro debate está
marcado para 11 de agosto"
Terá início amanhã o processo de consulta pública para a gestão
2016/2020 da Reitoria da Universidade de Brasília (UnB). Tudo indica que o
pleito deste ano será mais tranquilo do que o de 2012, quando 10 chapas se
inscreveram para concorrer ao cargo máximo da instituição. Agora, a expectativa
da comunidade acadêmica é de que esse número seja reduzido a menos da metade. O
registro das candidaturas ocorre amanhã, das 8h às 18h, na Casa do Professor.
Os pré-candidatos à disputa deste ano são: a professora do Instituto de
Geociências Márcia Abrahão Moura; o atual reitor da universidade, Ivan Camargo;
e a professora do Departamento de Serviço Social Denise Bomtempo. Espera-se
ainda uma candidatura da Faculdade de Saúde (FS). Os pré-candidatos não podem
se manifestar oficialmente, em respeito ao regulamento da consulta. As
propostas de cada chapa só poderão ser apresentadas após a homologação das
candidaturas (veja o calendário).
Ivan Camargo já havia manifestado a vontade de concorrer à reeleição,
dessa vez com o intuito de trazer uma pauta mais positiva e menos marcada pela
austeridade nos gastos. Principal adversária dele na consulta passada, Márcia
Abrahão ficou com pouco mais de 45% dos votos no segundo turno, enquanto o
vencedor teve a preferência de cerca de 51% dos eleitores. Denise Bomtempo
também foi candidata na consulta passada, e ficou em quarto lugar no primeiro
turno. O candidato da FS em 2012 foi Volnei Garrafa, que terminou o primeiro turno
em terceiro lugar. Este ano, no entanto, é mais provável que a diretora da
faculdade, Maria Fátima de Sousa, se candidate.
Organização
O primeiro debate está marcado para 11 de agosto e ocorrerá no câmpus
Darcy Ribeiro, na Asa Norte. Os demais — Gama, Planaltina e Ceilândia — também
receberão os candidatos. A votação será em 30 e 31 de agosto e seguirá o mesmo
modelo da consulta anterior, com voto paritário entre os três segmentos da
comunidade acadêmica (leia Para saber mais). A Comissão Organizadora da
Consulta (COC) espalhou faixas na unidade da Asa Norte para divulgar as datas
do pleito. A intenção é incentivar a participação de todos, inclusive dos
calouros e dos técnicos convocados no último concurso, que terão direito a
voto.
Antônio José dos Santos, um dos representantes dos
técnicos-administrativos na COC, ressalta que a discussão sobre a paridade na
votação foi mais tranquila este ano. Na última consulta, o debate tinha sido
mais acirrado. “A partir do momento que a discussão da paridade foi superada e
aceita, o trabalho da comissão é fazer o máximo para divulgar a consulta para
que ela seja o mais representativa possível. A ideia é que os alunos compareçam
ao máximo às urnas para que a escolha do reitor reflita bem a vontade da
comunidade acadêmica”, completa Hércules Nunes, representante dos estudantes.
A expectativa da comissão é de que na próxima semana entre no ar uma
página no site da UnB específica para informações sobre a consulta. A COC
também aguarda a entrega, pela administração da universidade, da lista de
alunos, professores e técnicos aptos a votar para fazer a distribuição adequada
entre os locais de votação, que já foram definidos.
Demandas
Um dos fatores que devem pesar na escolha será o atendimento às
reivindicações dos servidores técnicos-administrativos, único segmento em que o
candidato vencedor do último pleito não teve a maioria dos votos. Na gestão
atual, a categoria perdeu a jornada de 30 horas semanais — a resolução que
permitia a redução foi revogada pelo Conselho de Administração da universidade
(CAD).
A volta da flexibilização da jornada é a principal pauta do Sindicato
dos Trabalhadores da Fundação Universidade de Brasília (Sintfub) e precisará
ser avaliada com atenção pelos candidatos e, posteriormente, pelo próximo
dirigente. O número de servidores (3.111) já ultrapassa o de professores
(3.029) e o voto deles poderá ter peso importante no resultado. Na última
consulta, os docentes foram o grupo que mais compareceu às urnas
proporcionalmente — mais de 80% votaram. Os alunos somam quase 38 mil.
O coordenador-geral do Sintfub, Mauro Mendes, afirma que a entidade
prezará pela independência e pela autonomia, e não apoiará nenhum candidato. A
pauta de reivindicação da categoria será apresentada a todos os que concorrem à
reitoria. “Qualquer servidor tem autonomia para escolher essa ou aquela
candidatura, mas a entidade não apoia nenhum candidato”, reforça.
A mesma posição é seguida pelas demais entidades representativas da
comunidade acadêmica, já que tanto os técnicos quanto os professores e os
estudantes têm representantes na COC. A pauta do Diretório Central dos
Estudantes (DCE), que também deve ser apresentada a todas as chapas, inclui o
investimento na infraestrutura da universidade e na construção de novos
prédios. “Vamos nos reunir com todos os candidatos para deixar claro que não
apoiaremos ninguém, mas que queremos trabalhar com todos”, afirma Victor
Aguiar, coordenador-geral do DCE.
Entre as reivindicações da Associação dos Docentes da UnB (AdUnB) estão
a iluminação do câmpus Darcy Ribeiro; o reforço da segurança em toda a
universidade; a revitalização do Centro Olímpico; e a melhoria das condições de
trabalho de professores e técnicos. O presidente da entidade, Virgílio Arraes,
acrescenta ainda que a categoria pede menos burocracia no processo de
progressão e promoção funcional e que seja reiterada, por meio da Associação
Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes),
a melhoria salarial para professores e técnicos, prerrogativa do Ministério da
Educação (MEC) e do Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão.
Para saber mais - Como funciona a consulta
A votação será paritária, ou seja, os votos de cada segmento da
universidade — professores, técnicos e estudantes — representará um terço do
resultado. Como o número de eleitores em cada segmento é diferente, para que a
participação deles tenha o mesmo peso, o comparecimento às urnas tem que ser
equivalente. Os nomes escolhidos para reitor e vice-reitor serão levados para
votação no Conselho Universitário (Consuni), que, por sua vez, encaminhará a
lista tríplice à Presidência da República. A Comissão Organizadora da Consulta
é formada por nove representantes da UnB, três de cada segmento. Dúvidas sobre
a consulta podem ser enviadas para o e-mail cocunb2016@gmail.com.
Calendário - Confira as datas do processo de consulta para reitor da UnB
» Amanhã, das 8h às 18h — Inscrição das chapas pela COC
» Quarta-feira, às 12h — Homologação dos candidatos das
chapas
» Quinta-feira — Entrega dos recursos, deliberação e
retificação da homologação, se necessária
» A partir de sexta-feira até 31 de agosto — Campanha
» Até 20 de agosto — Divulgação da lista de eleitores aptos
a votar e da localização das urnas
» 30 e 31 de agosto — Consulta
» 1º de setembro, a partir das 9h — Apuração dos votos e
divulgação do resultado, no Centro Comunitário
» 2 a 14 de setembro — Campanha e debates entre candidatos
do segundo turno, se necessário
» 13 e 14 de setembro — Segundo turno da consulta, se
necessário
» 15 de setembro, a partir das 9h — Apuração e divulgação do
resultado do segundo turno
» 16 de setembro — Homologação do resultado no Consuni
Debates
» 11 de agosto — Primeiro debate no câmpus Darcy Ribeiro, na
AdUnB
» 16 de agosto — Debate no câmpus do Gama, ainda sem local
definido
» 18 de agosto — Debate no câmpus de Planaltina, ainda sem
local definido
» 23 de agosto — Debate no câmpus de Ceilândia, ainda sem
local definido
» 26 de agosto — Segundo debate no câmpus Darcy Ribeiro,
ainda sem local definido
Quem deve concorrer
As chapas ainda vão se inscrever, mas as apostas sobre os possíveis
candidatos já começaram. Confira o perfil de cada um deles:
Ivan Camargo
O atual reitor da UnB e professor da Faculdade de Tecnologia vai
concorrer à reeleição este ano. No primeiro mandato, equilibrou as contas da
universidade e zerou o número de servidores que não tinham vínculo empregatício
com a Fundação Universidade de Brasília (FUB), substituindo-os por concursados.
A gestão foi marcada pela austeridade nos gastos e ele pretende apresentar uma
pauta mais positiva, que inclua investimentos em áreas que ficaram em segundo
plano.
Denise Bomtempo
É professora do Departamento de Serviço Social e esteve à frente do
Decanato de Assuntos Comunitários de novembro de 2012 a fevereiro deste ano.
Nesse período, foi criada a Diretoria da Diversidade, para demandas
relacionadas a violência, homofobia, lesbofobia, transfobia, assédios e
racismo. A professora também foi decana de Pesquisa e Pós-Graduação na gestão
anterior, de José Geraldo de Souza. Foi candidata na disputa à reitoria em 2012.
Márcia Abrahão
Professora do Instituto de Geociências, foi decana de Ensino de
Graduação da reitoria pró tempore, em 2008, e da gestão de José Geraldo de
Souza até 2011, período em que foi implementado o Programa de Apoio a Planos de
Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni). Em 2012, foi
adversária do atual reitor no segundo turno e suas propostas tiveram como foco
maior integração de professores e técnicos e a redução da evasão.
Fonte: Mariana Niederauer- - Especial para o Correio –
Fotos: Marcelo Ferreira/CB/D.A.Press – Ana Rayssa-Esp/CB/D.A.Press -Breno
Fortes/CB/D.A.Press-José Varella/CB/D.A.Press – Correio Braziliense