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#Festas, paraíso para ladrões de celulares - - - (Cuidados - Confira dicas de segurança)

A nutricionista Bia Diniz teve o celular furtado durante festa realizada há uma semana no estacionamento do Ginásio Nilson Nelson: revolta

Assaltantes aproveitam a distração do público em eventos para surrupiar os telefones. No primeiro semestre, a Secretaria de Segurança Pública registrou 2.895 furtos desses aparelhos, uma média de 16 casos por dia

Foi preciso apenas uma hora para que o sábado à noite da nutricionista Bia Diniz, 23 anos, ficasse com cara de manhã de segunda-feira. Em uma roda de amigos durante uma festa realizada em 9 de julho, ela percebeu que a bolsa havia sido aberta. “Estávamos todos juntos, o meu marido ao meu lado. Mas ninguém viu nada. Quando mexi na bolsa, vi que haviam levado o meu celular. Nunca havia passado por algo assim”, lembra a jovem, que teve um Samsung Galaxy S6 furtado. No site oficial da marca, o aparelho custa R$ 2.699.

Ela não foi a única vítima de ladrões no evento. Durante o evento, no estacionamento do Ginásio Nilson Nelson, uma dupla acabou presa com 32 celulares furtados. Um dos detidos, Matheus Rodrigues de Oliveira, escondia 28 telefones — os equipamentos estavam em uma calça de lycra colocada por baixo da calça jeans. O delito é constante nos mais diversos eventos do Distrito Federal, principalmente pela dificuldade de prevenção. Segundo o capitão Michello Bueno, da assessoria de Comunicação da PM, os bandidos confiam na impunidade. “Eles estão em quase todas as festas. O crime é vantajoso, porque o lucro da venda é grande, e a pena, branda. Aqueles que são presos têm, em média, seis passagens por furtos de celular”, frisa o oficial. Além disso, reforça Michello, com a quantidade de festas no DF, é comum a atuação de vários grupos de bandidos, tornando ainda mais complicadas ações direcionadas.
Na saída da mesma festa, o professor Felipe Melo sofreu a abordagem de um assaltante: "Senti-me totalmente indefeso"

Dados da Secretaria da Segurança Pública e da Paz Social mostram que, entre janeiro e junho, houve o registro de 2.895 furtos de aparelhos celulares em todo o DF — a média é de quase 16 por dia. Nesse período, 120 pessoas foram presas pelo crime. Porém, não é só quem pratica o ato que comete uma transgressão. Os compradores dos telefones também sofrem sanções. De acordo com o artigo 180 do Código Penal, “adquirir ou receber coisa que, por sua natureza ou pela desproporção entre o valor e o preço, ou pela condição de quem a oferece, deve presumir-se obtida por meio criminoso” pode render detenção de 1 mês a 1 ano.

A delegada Cláudia Alcântara, da 3ª Delegacia de Polícia (Cruzeiro), explica que a compra de um celular usado deve ser feita com atenção. “Mesmo que haja nota fiscal, ela pode ser fria”, alerta. Por isso, ela reforça: todas as vítimas devem registrar ocorrência para que o Imei (sequência numérica dos celulares equivalente ao chassi de um automóvel) possa ser arquivado no banco de dados e, caso o telefone seja recuperado, a informação chegue à vítima (leia O que diz a lei). Além disso, essas referências permitem que a Polícia Militar identifique os locais de furtos mais frequentes. “Atualmente, conseguimos recuperar uma média de 70% dos celulares furtados. Na pior das hipóteses, fazer a denúncia vai ajudar com que as polícias possam melhorar a cobertura, evitando que possam acontecer novos casos”, explica a investigadora.
A Polícia Civil recuperou 32 celulares levados por dupla em evento ao lado do Nilson Nelson

Foi isso que a médica-veterinária Marcela Lobo Tokatjian fez assim que percebeu que havia sido furtada no subsolo do Teatro Dulcina, durante uma festa em 17 de junho. “Eu sempre fui muito cuidadosa. Mantinha o celular em um bolso fechado com zíper, dentro da bolsa. A pessoa que levou conseguiu abri-la sem que eu percebesse, e eu fui direto para a delegacia”, lembra. Marcela usava o iPhone 6, que custa a partir de R$ 3.199 no site oficial da marca, para trabalho. Ele tinha 6 mil fotos armazenadas.

Além disso, a veterinária quase caiu em um golpe por causa do crime. O sistema operacional dos aparelhos da Apple contam com a tecnologia “Modo Perdido”. Ela bloqueia o dispositivo com um código, impedindo que outros acessem informações pessoais do dono. Dessa forma, os ladrões são obrigados a vender apenas partes do celular, com lucro bem menor. Com a opção, Marcela usou o número da mãe para receber informações que pudessem mostrar a localização do seu telefone. “Começaram a chegar mensagens que diziam que o meu celular tinha sido encontrado, mas que era preciso entrar em um site e dar a minha senha do iCloud. É um site falso, que rouba as senhas para que eles possam desbloquear os aparelhos”, conta.

Responsabilidade
O professor Felipe Melo, 28 anos, deixava a mesma festa da nutricionista Bia Diniz, no Nilson Nelson, quando sofreu um assalto. “Não fui furtado, o que é pior. Ia para o meu carro, e ele (o bandido) me parou. Senti-me totalmente indefeso e, pior, quando procurei a polícia, eles me disseram que não poderiam fazer nada”, queixa-se. O jovem afirma que, apesar dos vários casos, o número de seguranças dentro do evento era grande, diferentemente da quantidade de policiais no estacionamento do local.

De acordo com a delegada Cláudia Alcântara, sob o ponto de vista da imputabilidade penal, organizadores de eventos não podem ser responsabilizados por roubos e furtos que ocorram durante as festas. “A não ser que seja provado que eles facilitaram a ação dos bandidos”, frisa.

Em nota, a organização do evento informou que “todas as medidas de segurança inerentes a eventos desse porte foram tomadas pela equipe. São elas: comunicar a segurança pública e aguardar autorização da mesma, reunir-se com os órgãos competentes para definir medidas de segurança — inclusive do trânsito ao redor do local —, e cumprir todas as exigências e normas desses órgãos, como contratar um segurança interno para cada 80 pessoas, três brigadistas a cada mil, ambulâncias, saídas de emergência sinalizadas, extintores, iluminação de emergência por gerador, entre outras.”

O capitão Michello Bueno explica que o contingente sempre é baseado na expectativa de público das festas e que, além disso, são deslocados agentes à paisana para circular entre as pessoas. “Caso a segurança do evento perceba algo diferente, ela deve solicitar reforços da PM”, diz.

Mesmo assim, para quem sofre o furto, sobra a revolta. A psicóloga Raíssa Dantas, 26, também furtada em uma festa, não sai mais de casa com celulares caros. Ela ficou sem um iPhone 6S, que custa a partir de R$ 3.999. “Só vou levar um barato, para poder me comunicar depois dos eventos. Senti-me impotente diante da situação. Eu vi muitos policiais no evento, mas essas coisas são difíceis de controlar. Infelizmente, essas pessoas mal-intencionadas agem de forma muito meticulosa”, reclama.

O que diz a lei
Em março, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) mudou as regras para o bloqueio dos aparelhos extraviados: desde então, não há necessidade de o cliente fornecer o Imei para conseguir travar o aparelho. Além disso, o dono do telefone tem a possibilidade de iniciar o processo ainda na delegacia de polícia, no momento do registro da ocorrência. Os lojistas e transportadores também podem solicitar o bloqueio no registro de ocorrência, em caso de roubo de estoque e carga. Os compradores de celulares usados também podem consultar o site www.consultaaparelhoimpedido.com.br para verificar se o número tem alguma restrição.

Cuidados - Confira dicas de segurança

» Na rua, não ande e digite ao mesmo tempo. Isso deixa você mais vulnerável

» Em locais públicos, evite ficar mostrando o aparelho

» Não guarde o telefone no bolso traseiro da calça e fique atento na hora de fechar a bolsa

» Caso sofra um furto, sempre registre ocorrência na delegacia

» Nunca, em hipótese alguma, vá sozinho ao local no qual o aplicativo de rastreio indica onde está o celular. Sempre informe a polícia


Fonte: Rafael Campos – Fotos: Ana Rayssa/Esp-CB-D.A.Press – Correio Braziliense

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