Experiência é o outro nome para
erros cometidos. É com esse pensamento que os investigadores da Operação
Lava-Jato buscam seguir adiante na apuração do maior caso de corrupção da
história brasileira de todos os tempos. Nesse terreno, as pegadas deixadas por
sapatos de grifes foram impressas por gente muito poderosa. Portanto, é preciso
que esses profissionais da justiça tenham todo o cuidado em seguir firmes no
encalce, sem deformar as pistas e sem chamar a atenção daqueles que ainda
seguem em frente delinquindo e certos da impunidade.
Há uma unanimidade sobre os riscos que correm as investigações vindas de
todos os setores diretamente prejudicados. O reconhecimento da existência de
múltiplas ações para sabotar as investigações é recorrente, principalmente por
parte dos profissionais da lei. Não é por outro motivo que a cada passo
importante dado pelos investigadores, as ações empregadas e os nomes dos
envolvidos são diretamente postos para o conhecimento da imprensa e da
população.
O seminário Grandes casos criminais: experiência italiana e perspectivas
no Brasil demonstra não só a necessidade de colher as experiências do rumoroso
caso ocorrido na Itália, mas, sobretudo, os erros cometidos ao longo daquele
processo e que acabaram por prejudicar a continuidade das investigações. É
preciso não cometer as mesmas falhas. Para o principal nome daquele processo, o
ex-procurador Antônio di Pietro, é importante que os investigadores tenham o
apoio da sociedade. No caso italiano, diz, “a sociedade se mobilizou e se
transformou num vigilante, num policial e num síndico”. Para seu colega
brasileiro, presente no evento, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot,
a Operação Lava-Jato “por si só, não salvará o Brasil”.
Em sua opinião é preciso, no caso brasileiro, também contar com o apoio
e a mobilização social para combater a corrupção e acabar com a impunidade no
país. “Não chegaremos ao fim dessa jornada unicamente pelos caminhos do
Ministério Público ou do Judiciário”, afirmou Janot, para quem é “indispensável
a força incontrastável da cidadania vigilante e ativa”. Para o procurador, o
fim da corrupção equivale, na nossa história, ao fim da escravidão.
Quando um corpo social está maduro, diz, e anseia por mudanças, o poder
secular pode até retardar a sua implementação, mas jamais impedir os
desdobramentos dos fatos. Antônio Di Pietro, por sua vez, ressaltou que seu
colega Sérgio Moro “está fazendo o seu trabalho com o único objetivo de cumprir
o seu dever de juiz e, certamente, não sob influência de ambições políticas”.
Já o presidente da Transparência Internacional, José Ugaz, alertou para o
perigo que corre a Operação Lava-Jato. “Na ausência de novas lideranças, existe
um risco real de que a velha política consiga sabotar os avanços da luta contra
a corrupção, afirmou.
***
A frase que não foi pronunciada
“A máquina política triunfa porque é uma minoria unida atuando contra
uma maioria dividida.”
(Will Durant)
Por: Circe Cunha – Coluna “Visto,
lido e ouvido” – Ari Cunha – Correio Braziliense – Foto/Ilustração: Blog -
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