Obras do centro no Guará. Outras três unidades
devem ser erguidas, no Paranoá, em Santa Maria e em Brazlândia
Começou a ser construído, no Guará, o Centro de
Excelência Profissional Articulado, que deve ficar pronto no início do próximo
ano letivo. Serão ofertados três cursos técnicos, e os estudantes do ensino
médio poderão escolher o percurso formativo que pretendem seguir
O próximo ano letivo no Distrito Federal trará
novidades. Começou a ser construído, no Guará, o Centro de Excelência
Profissional Articulado, previsto para ser entregue até o começo das aulas. A
intenção é permitir que o aluno da rede pública possa escolher diferentes
trajetos formativos. A unidade de ensino será uma escola técnica, com três
tipos de cursos de formação profissional, com flexibilização de currículo,
desde que atendidos os conteúdos determinados na Base Nacional Comum Curricular
— currículo mínimo para todos os alunos da educação básica no país, que começou
a ser discutido no ano passado.
O sistema
será por créditos, assim como no ensino superior. Outra novidade é a
concomitância. O centro será uma base de apoio para as quatro instituições
públicas de ensino do Guará e a da Cidade Estrutural, atendendo até 2 mil
alunos. No novo formato proposto pela Secretaria de Educação do DF (SEDF), os
estudantes poderão, a depender do curso, do currículo escolhido e das condições
da unidade de ensino em que estuda, desenvolver o curso técnico na própria
escola, sempre no contraturno. As horas demandadas a cada atividade flexível
gerarão créditos, que serão somados às atividades-bases.
“Hoje, os
estudantes são diferenciados apenas pelas notas e pela frequência. Nesse
projeto piloto, o aluno terá componentes curriculares diferentes”, afirma o
secretário de Educação, Júlio Gregório. “Ele que montará a própria trilha, de
acordo com o que mais tem afinidade, respeitando a Base Comum. Poderá desenvolver
um trabalho em cima da obra de Guimarães Rosa ou fazer aulas de basquete de
alta performance, por exemplo”, complementa.
O prédio
está sendo erguido entre as quadras 17/19 do Guará 2 e custará R$ 11,6 milhões,
sendo R$ 7,5 milhões verbas do governo federal. Além dos gastos com a
estrutura, o GDF terá de se preparar para o investimento na mão de obra. Isso
porque o ano letivo começou incerto para os alunos, com deficit de pelo menos 1
mil professores, além de problemas na negociação feita com o governo para
encerrar o ciclo de greves de 2015.
O quadro
de docentes do novo centro ainda não está definido. O que se sabe é que será
preciso fazer um concurso para montar essa equipe. Uma das saídas para o
problema seria a utilização de profissionais do mercado, por um período
determinado, o que não faria daquele profissional um servidor efetivo do quadro
da SEDF.
Serão
ofertados cursos de técnico em enfermagem, computação gráfica e finanças
integrado à Educação de Jovens e Adultos (EJA), com duração de três anos.
Haverá também uma mudança no formato da grade. No primeiro e no segundo
semestres, os alunos terão mais conteúdos da educação básica. No terceiro e no
quarto, essas disciplinas praticamente se igualam às flexíveis,
escolhidas pelos alunos por afinidade. Do quinto semestre em diante,
prevalecerão as disciplinas em que o aluno demonstrar mais aptidão. “Esse é o
modelo que queremos para o ensino médio. Hoje, os estudantes passam muito tempo
fazendo matérias que não usarão nunca mais na vida. Dessa forma, ele mudará o
conteúdo, diminuirá as matérias, tudo com orientação, de forma flexível”,
observa o secretário.
Mobilidade
No projeto, estão previstos laboratórios, auditório, praça de
alimentação e ginásio coberto. Apenas uma unidade de ensino do Guará é perto o
suficiente para não gastar sequer 5 minutos andando. Das outras, o tempo médio
é de 17 minutos a 2 horas, no caso da Estrutural. A proposta do centro inclui a
construção de estações de bicicletas compartilhadas, a exemplo das usadas em
alguns pontos da cidade, como o Parque da Cidade e a Torre de TV. Outros três
projetos de contrução de Centros de Excelência Profissional Articulado estão em
fase de licitação para obras, no Paranoá, em Santa Maria e em Brazlândia. Hoje,
há quatro escolas técnicas no DF: em Planaltina, em Ceilândia, em Taguatinga e
no Gama.
A
Associação de Pais e Alunos das Instituições de Ensino do DF (Aspa-DF) aprovou
a construção dos centros e a flexibilização dos percursos formativos no ensino
médio. “É a saída. Teremos milhões de estudantes com um canudo embaixo do braço
e não haverá vaga de emprego para todo mundo. Precisamos de técnicos em todas as
áreas”, pondera Luis Claudio Megiorin, presidente da associação.
Segundo
ele, que também é conselheiro do Conselho de Educação do DF, o modelo
desenvolvido no ensino médio, voltado para o vestibular, é ultrapassado. “O
ensino superior não é para todos em nenhum país do mundo. Na França, por
exemplo, há cerca de 18 currículos. No Brasil, um aluno do ensino médio é
considerado um herói. Estuda física, química, matemática, sendo que nem será a
área dele. Aprende muita coisa e não se aprofunda em nada. Esperamos que as
escolas privadas também entrem nesse modelo de cursos técnicos”, sugere
Megiorin.
Austeridade
O governo está impedido de contratar mais servidores. Em maio deste ano,
pelo segundo quadrimestre consecutivo, os gastos do governo de Brasília com
pessoal ficaram acima do limite prudencial da Lei de Responsabilidade Fiscal
(46,55%). O Executivo comprometeu 47,08% da receita corrente líquida com o
pagamento de servidores na média dos últimos 12 meses. Nos primeiros quatro
meses deste ano, R$ 8,8 bilhões foram destinados à folha de pessoal. A receita
corrente líquida — composta por tributos e transferências da União, além da
despesa total com pessoal dos últimos 12 meses — foi de R$ 18,8 bilhões no
período.
Fonte: Camila Costa – Foto: Tiago
Oliveira –
SEDF/Divulgação – Correio Braziliense