Pesquisa aponta que 56,9% dos brasilienses apoiam a iniciativa do GDF,
que tenta transferir a gestão da saúde pública para as organizações sociais. No
entanto, a medida enfrenta resistência do MPDFT, de servidores, de sindicatos e
até mesmo da base de Rollemberg na Câmara Legislativa
Se a decisão do governador Rodrigo Rollemberg (PSB) de
trazer organizações sociais (OSs) para gerir hospitais no Distrito
Federal esquentou o debate entre políticos e
despertou resistência entre servidores, sindicatos e órgãos de
controle — como o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT)
—, a situação é outra sob a perspectiva da população. É o que
mostra pesquisa inédita feita pelo instituto Paraná a pedido do Metrópoles. Nada menos
que 56,9% dos entrevistados são favoráveis à proposta. Por outro
lado, 37,9% se disseram contrários, e 5,2% não souberam ou não
quiseram opinar.
A pesquisa ouviu, nos dias 6 e 8 de agosto, 1.302 pessoas. A margem de
erro do levantamento é de três pontos percentuais para mais ou para menos. O
grau de confiabilidade é de 95%, isso quer dizer que se o
levantamento fosse feito 100 vezes, em 95 os resultados seriam os
mesmos. Os entrevistados foram selecionados aleatoriamente, de acordo com cotas
de sexo, idade e escolaridade.
Enquanto
o governo tenta abrir as porteiras da saúde pública para a entrada
das OSs, serviços terceirizados sofrem com a falta de recursos para a
manutenção dos contratos. Hospitais particulares não recebem regularmente para manter
os leitos de unidades de terapia intensiva (UTI), reagentes para a terapia de
pacientes que precisam de hemodiálise volta e meia estão em falta, e quem
recebe tratamento em casa sofre mês a mês com a ameaça de suspensão dos
serviços de home care, porque as empresas precisam escolher entre pagar os
funcionários ou manter os aparelhos ligados.
As OSs
têm sido alvo de debate acirrado na capital federal. Dentro do governo, no
entanto, o posicionamento é que não há volta na decisão de implementar o modelo.
O Buriti enviou, à Câmara Legislativa, projeto de lei regularizando a
implementação dessas entidades no DF.
Pressão
na CLDF
Fontes do
GDF garantem que, mesmo se a proposta não vingar no parlamento, o
Executivo vai transferir parte da gestão da saúde pública para as OSs. Os
deputados distritais já anunciaram a contra-ofensiva: querem aprovar uma lei
proibindo qualquer tipo de contratação nesse sentido. As duas matérias
tramitam paralelamente na Câmara Legislativa.
A
resistência política com relação à implementação do modelo das OSs não está
restrita à oposição. Até mesmo deputados da base de Rollemberg têm se
mostrado contrários à proposta. Pesa contra o governo, ainda, a comissão
parlamentar de inquérito (CPI) em curso que investiga irregularidades em contratos
da Secretaria de Saúde.
Gravações
feitas pela presidente do Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos de Saúde
(SindSaúde), Marli Rodrigues, mostra membros e ex-membros do primeiro
escalão do Executivo, entre eles o próprio vice-governador Renato Santana
(PSD), denunciando a existência de um suposto esquema de corrupção na
área.
O MPDFT
também se manifestou contrariamente às OSs. No mês passado, órgãos internos do
Ministério Público enviaram recomendação conjunta ao GDF para que as
organizações sociais não sejam implantadas. A favor do Buriti, contudo, há uma
decisão do Tribunal de Contas da União (TCU), deu parecer favorável, na última
quarta-feira (10), à contratação de OSs.
Instituto Candango
de Solidariedade
O
histórico das organizações sociais no Distrito Federal também pesa
contra o intuito do governo. Talvez o caso mais emblemático seja o
do Instituto Candango de Solidariedade (ICS). Em 1999, o MPDFT
começou a investigar os contratos do GDF com a entidade. A partir de 2002, após
identificar várias irregularidades na terceirização de serviços e de mão de
obra, foram propostas uma série de ações cíveis contra o instituto.
As
investigações descobriram que o ICS era um cabide de empregos para indicações
políticas e também se tratava de um grande escoadouro de recursos públicos. Foi
pelo ICS que, entre 1999 e 2005, o então presidente da Companhia de
Planejamento (Codeplan), Durval Barbosa, contratou diversas empresas de
informática. Nas investigações da Caixa de Pandora, Durval revelou que essas
companhias pagavam propina para distritais e integrantes do alto escalão do
GDF.
Em
outubro de 2006, o MPDFT e a Polícia Federal deflagraram a Operação Candango,
que prendeu 12 pessoas, entre elas, o então presidente do ICS, Lázaro Severo
Rocha, e Ronan Batista de Souza, ex-presidente da entidade e ex-secretário da
gestão Roriz.
Outros
exemplos
A má
experiência do DF não se restringiu ao ICS. Em 2009, a Real Sociedade
Espanhola foi contratada para administrar o então recém-construído Hospital
Regional de Santa Maria (HRSM). A parceria resultou em uma série de rombos nos
cofres públicos e ações judiciais, que envolveram até mesmo a penhora de
um hospital do grupo na Bahia.
Mais
recentemente, apontado como modelo de boa gestão pelo governador Rollemberg, o Hospital
da Criança de Brasília teve um pedido de investigação feito pelo
Ministério Público Federal (MPF). A entidade recebeu R$ 267,2 milhões de
2011 a 2016, dos quais R$ 72,5 milhões saíram dos cofres federais. O MPF já
solicitou as planilhas que detalham esses custos, ocorridos ainda na
gestão de Agnelo Queiroz (PT).
Fonte: Suzano Almeida – Foto:
Marcello Casal Jr/ABR - Metrópoles
A matéria é tão tendenciosa que nem consegui comentar efetuar comentário, a página do “Metrópoles” acho que bloqueou os comentários...
ResponderExcluirVamos falar sério: A pesquisa mostra aos cidadãos comuns as “Organizações Sociais” de forma bem distorcida, sempre enfatizando Hospitais que não se enquadram verdadeiramente nestas condições como sendo os exemplos (SARAH, Hospital da Criança), sem explicar que nestas instituições os atendimentos são seletivos, e as mesmas têm filas gigantescas, ou seja, quem consegue entrar tem muita sorte, mas quem não é selecionado fica na fila e fora das propagandas tendenciosas!
Deveriam esclarecer aos cidadãos comuns o que é realmente esse modelo de gestão que se utiliza covardemente do nome de “Organizações Sociais”, quando deveria ser chamado de “Organizações Criminosas”, que na integra, em quase 100% dos locais onde foi implantado, houve-se, há, muitas corrupções, enriquecimentos ilícitos, conchavos de políticos e empresários, e a saúde pública não obteve reais melhoras... Verdade seja dita: Esse modelo é bem interessante para nossos políticos, que infelizmente não são assim tão bem intencionados... A contaminação pela corrupção assola o país de tal forma, que eles (os políticos) não são bobos, e muito espertos fazem de tudo para dar respaldo a qualquer modelo onde conseguem retirar “proveitos por debaixo dos panos”!
É muita imoralidade, com desfaçatez e promessas de melhorias, enquanto na realidade o povo morre por falta de atendimento adequado!
É um sistema viciado, um círculo de corrupção que só se acabará quando a população entender que sermos pacíficos, não é sermos trouxas!
Continuamos na UTI: O pulso ainda pulsa?
https://www.letras.mus.br/titas/48989/