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Postos vão virar salas de aula - Escola de Música de Brasília

A primeira veio do Colorado e chegou ontem à quadra 602 Sul, onde fica a escola. As demais devem chegar nas próximas semanas
Polícia Militar doou 20 unidades comunitárias de segurança que não eram mais usadas à Escola de Música de Brasília. Elas serão transformadas em ambientes para ensinar as modalidades ofertadas pela instituição

Nas próximas semanas, 20 postos comunitários de segurança que não eram mais usados pela Polícia Militar se transformarão em salas de aula da Escola de Música de Brasília (EMB). A proposta partiu de uma ideia da professora de canto erudito Denise Tavares e saiu do papel após parceria entre a Secretaria de Educação do Distrito Federal, a Novacap e a PMDF. O primeiro posto chegou ontem, saindo do Colorado para a sede da escola, na 602 Sul.

“São postos que não estavam mais sendo usados, então, após uma negociação, eles foram doados para a escola e servirão de salas de estudo e aulas teóricas”, conta a professora Denise. A PMDF informou que os postos foram transferidos após uma consulta ao Departamento Operacional da Polícia Militar, para avaliar quais poderiam ser repassados sem causar prejuízo ao trabalho da corporação, e que a população não sofrerá nenhum prejuízo com a transferência (leia Memória). “Os próximos postos serão entregues nas próximas dez semanas, passarão por pequenas reformas e, ainda este ano, deverão começar a ser usados”, explica diretor da EMB, Davson de Souza.

Com 42 anos de história, a escola recebe quase três mil alunos, que têm aulas como canto, contrabaixo, guitarra, trombone e violino gratuitamente. Os cursos vão do nível básico ao técnico, durando até três anos cada, e ocorrem em 92 salas instaladas na propriedade. Segundo alunos e gestores, no entanto, esse número não é suficiente para atender a demanda. “As salas são muito disputadas. Infelizmente, não tem espaço para todos os alunos. Algumas aulas que ocorrem em camarins ou estúdios individuais”, conta Caroline Araújo, 31 anos, estudante de canto erudito.

Apaixonada por Metal, Caroline realizou o sonho de entrar na escola há quatro anos, ainda na modalidade básica do canto erudito. “Quando entrei no curso tinha uma banda de rock, e queria dar a grupo um toque erudita de grandes bandas de Metal, como Nightwish. Na época, nem gostava de ópera. Hoje, já estou no nível técnico do curso e acabei me apaixonando”, relata. Para Caroline ainda é apenas o começo da carreira. “Hoje meu sonho é cantar ópera fora do Brasil e fazer disso a minha profissão”, conta.

Disputa acirrada
A disputa para entrar na escola é grande. No último semestre, foram mais de 10 mil inscritos para 1.798 vagas. Para receber esses alunos, os postos cedidos pela PM receberam nova pintura e organização e, em breve, estarão prontos para ser usados e ajudar a diminuir as disputadas por sala. “A escola está passando por um momento de transformações. Há pouco tempo, tivemos uma intervenção de 120 dias, em que, com o dinheiro que recebemos de um edital, conseguimos trocar lâmpadas, pintar a escola, capinar a área e dar um novo ar ao ambiente”, conta o diretor, Davson de Souza.

A seleção para a EMB inclui sorteio, no caso de candidatos sem conhecimento musical prévio, e entrevistas e provas práticas, a depender da modalidade pleiteada. Sem nenhuma experiência musical, Nahla França, 36 anos, entrou no curso de violoncelo por meio de sorteio. Agora, está no nível técnico. “Entrei crua e o curso me transformou. Estudar música exige muito tempo e dedicação, e isso te ajuda até a enfrentar problemas do mundo exterior, pois você aprende que não deve desistir no primeiro tropeço. Hoje, não vejo mais minha vida sem a música”, afirma.

A Escola de Música de Brasília abre edital para novos alunos semestralmente. São cerca de 100 cursos ministrados pelos 230 profissionais que compõem o quadro da instituição. A escola atende crianças, jovens e adultos com aulas de segunda a sábado, das 7h30 às 22h30.

MEMÓRIA » Abandonados e incendiados
Em junho do ano passado, o Comando da Polícia Militar fechou 60 postos comunitários do Distrito Federal com a justificativa de não estarem ajudando a manter a segurança da população. Os postos foram passados para projetos das secretarias de Transporte e de Educação. As unidades foram construídas durante o governo Arruda. Até hoje, foram inaugurados 138, que custaram entre R$ 100 mil e R$ 150 mil cada. Por falta de efetivo da Polícia Militar, muitos postos acabaram sendo abandonados e 19 deles foram incendiados em atos de vandalismo.



Fonte: Correio Braziliense – Foto: Breno Fortes/CB/D.A.Press - 

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